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05/Jul/2023

Cacau: cotações atingem maior nível em 4 décadas

Os futuros de cacau estão no maior nível em quase quatro décadas, o que deve se refletir nos já altos preços de chocolate. Na Bolsa de Londres, o cacau acumula ganho de mais de 36% em 2023, tornando a commodity um dos melhores investimentos do primeiro semestre. Esse desempenho vem sendo impulsionado por forte demanda, oferta global mais escassa e previsão de clima desfavorável na África Ocidental, a principal região produtora. De acordo com a empresa de pesquisa de mercado Circana, o preço unitário de barras de chocolate nos Estados Unidos subiu mais de 20% desde 2021. No passado, grandes fabricantes de chocolate reagiam aos altos preços de cacau diminuindo o tamanho das barras, substituindo manteiga de cacau por óleo de palma ou outros ingredientes, e, em muitos casos, elevando os preços.

Segundo a Tony's Chocolonely, empresa de chocolate especializada em produtos que atendem a certos padrões éticos e ambientais, isso vai pressionar fabricantes de chocolate em termos de lucratividade. A alta dos preços está afetando o comércio de cacau, com compradores cancelando pedidos e evitando comprar com muita antecedência, de acordo com a Quanton Commodities. Os compradores estão “nervosos”. A maioria dos grandes consumidores de cacau fecha contratos com meses ou mais de um ano de antecedência para garantir preços mais baixos. Com essa situação de preços, a Quanton Commodities está conservadora nas compras. A demanda global por cacau na temporada que termina em 30 de setembro deve superar a oferta em 142 mil toneladas, o equivalente a 161 mil toneladas de barras de chocolate. Os estoques da commodity ao fim do ciclo devem somar 1,6 milhão de toneladas, queda de 8% na comparação anual, segundo a Organização Internacional do Cacau (ICCO).

Traders e analistas destacaram também que temores em relação ao El Niño, que costuma reduzir a produção na África Ocidental, vêm dando suporte aos preços. A guerra na Ucrânia também tornou os fertilizantes mais caros, levando produtores a reduzir seu uso. Além disso, há relatos de problemas de qualidade na África Ocidental, com amêndoas menores do que o desejável. Na safra deste ano, eram necessárias, em média, 120 amêndoas para completar 100 gramas, enquanto a preferência de exportadores é de 80 a 100 amêndoas por 100 gramas, de acordo com a Organização Internacional do Cacau (ICCO). Entre outubro do ano passado e 4 de junho deste ano, os embarques de cacau na Costa do Marfim totalizaram 2,1 milhões de toneladas, queda de 4,8% ante igual período do ciclo anterior. Enquanto isso, a moagem de cacau, que é vista como um indicador da demanda por chocolate, alcançou volumes recordes na Ásia e na Europa no ano passado.

Há preocupação também quanto à legislação antidesmatamento que entrou em vigor na União Europeia na semana passada. Com a lei, companhias terão 18 meses para se preparar e comprovar a origem do cacau e de outras seis commodities importadas para o bloco. A União Europeia, que importa mais da metade do cacau produzido no mundo, está na prática proibindo a importação de cacau que foi produzido em terras que foram desmatadas depois de 31 de dezembro de 2020. No passado, altos preços de cacau levaram produtores na Costa do Marfim e em Gana, que juntos são responsáveis por mais de 60% da oferta mundial, a desmatar florestas para plantar mais pés de cacau. O problema é que as companhias ainda precisam encontrar meios de provar que estão cumprindo as novas regras, segundo a Iniciativa de Cacau Costa do Marfim-Gana. Nenhuma empresa hoje pode afirmar com certeza que 100% de seu cacau se enquadra nas regras. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.