ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

09/Jul/2021

Oliveiras: produção de azeite crescendo no Brasil

Seis anos atrás, uma degustação do Paladar (suplemento de gastronomia do Estadão) com azeites de oliva nacionais reuniu, pela primeira vez, nove marcas de pequenos produtores, com produção ainda incipiente, mas já comercialmente viáveis. Ali estavam pioneiros desse nicho no País, como Oliq, Borriello e Prosperato. Hoje, são mais de uma centena de marcas, com o apelo premium: volumes pequenos, alta qualidade e garrafinhas que custam quatro vezes o valor do azeite industrializado importado. Esse cenário tem atraído novos empreendedores, fazendo crescer ano a ano o número de oliveiras plantadas no País, com foco no Rio Grande do Sul e na Serra da Mantiqueira. Se em 2017 o País tinha 4 mil hectares plantados, hoje já são 7 mil. A cada ano tem crescimento de 20% de área plantada. Ainda é pouco: na Argentina, um produtor apenas tem um olival de 10 mil hectares. Mas, não há nenhum impedimento para o Brasil se tornar um grande produtor.

Segundo o Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), estudo da Embrapa projeta que só o Rio Grande do Sul pode chegar a 1 milhão de hectares plantados. Quem está apostando alto no setor é a marca Lagar H, lançada em junho deste ano por meio de e-commerce próprio e que possui 98 hectares plantados em Cachoeira do Sul (RS). Para comercializar seu produto, o negócio começou sete anos atrás, tempo médio de uma oliveira alcançar maturidade de produção. O plantio iniciou em 2014 na fazenda. A oliveira pede um investimento maior por um prazo ainda maior. É um legado para as futuras gerações. O negócio recebeu nesses últimos anos um investimento total de R$ 10 milhões, inclusive na construção do lagar (local onde é feita a extração do azeite), que ficará pronto em 2022. Hoje, a marca tem 56 hectares em produção e colheu 120 toneladas de azeitona nesta safra. A projeção do negócio é chegar a 300 toneladas, número alto perto de outros muitos negócios do setor no País.

Neste ano, de quase 10 mil litros, a empresa destinou 4 mil litros ao azeite Lagar H, que é premium. Vários produtores do País ganham ano a ano premiações internacionais. É o caso de marcas como as já citadas (Lagar H, Oliq, Borriello e Prosperato), além de Casa Mantiva, Sabiá, Verde Louro, Casa Albornoz, Batalha e outros. A Casa Mantiva produziu 2,4 mil litros de azeite neste ano, em Consolação (MG), na região da Mantiqueira. Pretende estabilizar sua produção nos próximos anos em 4 mil litros. Segundo dados da Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira (Assoolive), a produção na região sofre quebras a cada dois anos: em 2019, foram 40 mil litros, que caíram para 27,5 mil em 2020 e depois cresceram para 50 mil litros neste ano. Na Região Sul, em 2021 foram 202 mil litros; em 2020, 45 mil litros; e em 2019, 180 mil litros. Há uma teoria que fala em bienalidade na produção das oliveiras. E isso é observado tanto na Região Sul quanto na Mantiqueira.

Atualmente, o Brasil importa por ano 104 milhões de litros de azeite, volume que cresceu 18% no último ano. Produzir 240 mil litros por ano no País não é nada perto do volume importado. Mas, o que se observa é que o aumento da importação demonstra claramente o aumento do consumo. O brasileiro está consumindo mais azeite, isso é fato. Há possibilidade de o Brasil se tornar um player internacional no setor, visto que um país pequeno como o Uruguai já produz cinco vezes o que o Brasil produz: 1 milhão de litros por ano. Quando a produção alcançar 1 milhão de litros, será um grande impulso. Ainda assim será 1% do consumo do Brasil. É um consumo premium, que geralmente gira em torno de 1%, 2% do volume do produto convencional. Há mercado para isso, assim como se desenvolveu o mercado de queijos, cervejas e outros alimentos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.