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29/Mar/2021

Cacau: setor quer expandir a produção nacional

Com produção anual estimada em 250 mil toneladas, o Brasil é hoje o 7º maior produtor de cacau do mundo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O governo e o setor estão em busca de expandir esses números. Segundo o Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), a meta é ampliar os produtos em 60 mil toneladas em quatro anos. Dados da Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) apontam que o país tem capacidade instalada de processar aproximadamente 275 mil toneladas de cacau. A exportação anual chega a cerca de 50 mil toneladas de derivados para diversos países, como Argentina e Estados Unidos. No ano passado, o volume total de cacau nacional foi de 174.283 toneladas, enquanto a moagem ultrapassou 219 mil toneladas. Várias iniciativas vêm sendo implementadas no País no sentido de fomentar o setor.

Especialmente o CocoaAction Brasil, uma coalizão que reúne representantes de todos os elos da cadeia, pública e privada, desenvolvendo projetos que contribuam na melhoria técnica da produtividade e no fortalecimento do sistema produtivo do cacau. Pará e Bahia são os estados que lideram o ranking de produção da amêndoa, com 128,9 mil toneladas por ano e 113 mil toneladas por ano respectivamente. Os dois Estados têm investido em novas práticas para aumentar a produtividade e a qualidade do cacau brasileiro. Na Bahia, por exemplo, se destaca o sistema de produção do cacau Cabruca, onde o fruto é cultivado debaixo das árvores da Mata Atlântica. Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (FAEB), é importante enfatizar que é um sistema de produção agrossilvipastoril. É uma esquematização muito conservacionista, eficaz e sustentável, quando bem manejado, é bastante produtivo. O plantio também é importante fonte de renda para a agricultura familiar.

Dos mais de 70 mil produtores, a maioria (70%) está em pequenas propriedades. Outra medida para garantir e melhorar a produção nacional é a prevenção de pragas. A Ceplac mantém o serviço de alerta fitossanitário para as principais pragas do cacaueiro (podridão parda, vassoura-de-bruxa, ácaro da gema e mal do facão). A comissão orienta os produtores sobre quais cuidados devem ser tomados para que uma praga não se instale em uma região e passe a ser endêmica, com riscos de afetar a produção em maior ou menor grau, dependendo das condições climáticas e de manejo. O trabalho é desenvolvido junto com as superintendências federais de Agricultura e os órgãos estaduais de defesa, principalmente na implantação do plano para impedir a entrada da monilíase no país. A praga já ocorre em vários países da América Central e do Sul, incluindo os que fazem fronteira com a Região Norte do Brasil. Uma das linhas de ação da Ceplac é a busca de materiais genéticos resistentes às principais pagas, bem como no controle integrado (manejo).

Foram desenvolvidos clones de alta produtividade e precocidade com níveis de resistência à vassoura-de-bruxa e atualmente trabalhamos de forma preventiva em relação à monilíase, que ainda não existe no Brasil. O trabalho conjunto para dar maior qualidade ao cacau do Brasil conquistou reconhecimento internacional. Em 2019, o País foi oficialmente certificado pela Organização Internacional do Cacau (ICCO) como exportador de 100% de cacau fino e de aroma. O cacau fino e de aroma é identificado por apresentar sabores diferenciados, desde frutados, florais, amadeirado, entre outros. A definição leva em consideração as características genéticas (origem), local (terroir) e o tratamento das amêndoas pós-colheita. O comércio mundial de cacau e chocolate fino atende a um mercado de nicho e representa menos de 5% do total comercializado entre os países. Contudo, o produto tem preço elevado no mercado, podendo custar até três vezes mais do que o cacau comum ou a granel, conhecido como “bulk”.

O cacau é a matéria-prima de um dos alimentos mais apreciados no mundo, o chocolate. Rico em carboidrato, o chocolate é uma importante fonte de energia, além de ter vitaminas do complexo B e minerais, tais como o magnésio e potássio. O Brasil é o 5º maior consumidor de chocolate no mundo. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), em 2019, o País produziu 759 mil toneladas de chocolate (incluindo em pó). Estima-se que até 2023 a produção ultrapasse a marca de 303 mil toneladas. O Brasil exportou 28,8 mil toneladas de chocolates, em 2020, e cerca de 49,9 mil toneladas de derivados do cacau no mesmo ano. O País busca conquistar mais espaço no mercado de chocolate com alto teor de cacau. A demanda pelo produto é impulsionada pelos países europeus, que consomem cerca de 8 a 10 Kg per capita por ano de chocolate com alto teor de cacau, enquanto os brasileiros consomem cerca de 2,6 Kg por pessoa ao ano. É uma parcela da população que gosta do sabor do cacau no chocolate, cerca de 70% a 72% de cacau no produto.

A qualidade do cacau tem sido estimulada por meio de concursos com a participação de produtores, a exemplo do Concurso Nacional de Qualidade de Cacau Especial do Brasil e do Prêmio Internacional do Cacau em Paris. A Ceplac coordena e participa diretamente das comissões de coordenação e execução, incluindo o processo seletivo. Já o Prêmio Internacional do Cacau reconhece as melhores amêndoas por área geográfica: América do Sul, América Central e Caribe; África Ocidental, Ásia e Oceania. O objetivo é premiar a excelência do cacau de origem, proporcionando o reconhecimento global para os produtores e regiões que cultivam frutos de alta qualidade, facilitando a articulação entre os produtores das amêndoas e os fabricantes de chocolates especiais e finos. Fonte: Ministério da Agricultura. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.