15/Set/2020
Estudo avalia o impacto do atual contexto econômico sobre a cadeia de frutas e hortaliças. Para isso, os pesquisadores esmiuçaram como três importantes variáveis econômicas: dólar, juros e PIB/renda, influenciaram os custos de produção de algumas culturas, as exportações, a renda do consumidor e o acesso ao crédito. O dólar elevou os preços de importantes insumos da atividade, como fertilizantes. O resultado disso, no entanto, foi distinto entre as culturas analisadas. A valorização da batata no primeiro semestre, por exemplo, amenizou os impactos do aumento de custo, ao passo que baixas nos preços do tomate prejudicaram a renda do produtor. As exportações brasileiras de frutas e de suco de laranja registraram bom desempenho nos primeiros sete meses de 2020. No caso de frutas e suco, além do câmbio elevado, o apelo saudável e a oferta brasileira favoreceram os embarques no primeiro semestre.
A exceção foi o mamão, que registrou diminuição nas vendas externas, por conta da restrição dos voos internacionais de passageiros e do maior custo do frete. Outro produto que foi prejudicado no início da quarentena foi a maçã (via marítima), em decorrência do lockdown na Índia e em Bangladesh, principais compradores da fruta brasileira no período. Vale lembrar que o bom desempenho no mercado externo é benéfico até para quem não exporta, já que reduz a disponibilidade doméstica de frutas nacionais de alto valor agregado. A queda da renda do consumidor reduz a procura por alimentos não essenciais. Dessa forma, os impactos de uma menor renda sobre cada um dos Hortifrútis são diferentes. Os hortifrutícolas foram divididos em três grupos (com alto, médio e baixo impactos), tendo-se como critério o quanto o consumo de cada fruta ou hortaliça é influenciado pela variação da renda. Produtos essenciais, com poucos substitutos diretos e de baixo peso no orçamento, tendem a ter menos impacto com a queda da renda. Encaixam-se neste grupo a cebola e a batata.
Por outro lado, frutas mais caras, como a uva, melão, manga e mamão, que pesam mais sobre o orçamento familiar e com vários substitutos próximos, tendem a ter redução quase que proporcional à queda da renda. Um reflexo intermediário é observado para as frutas consideradas mais comuns ao consumidor, como banana, laranja, maçã e melancia, além de tomate, cenoura e alface. A ideia inversa também é verdadeira: um aumento da renda eleva a procura por frutas de alto valor. A maior parte dos produtores declarou não ter registrado problemas significativos em termos de captação de crédito. Do total, 62% responderam que mantiveram a mesma proporção entre capital próprio e de terceiros em 2020, isto é, sem reflexos significativos da pandemia sobre o acesso ao crédito. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.