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27/Nov/2019

Laranja: IAC tem novo manejo contra o greening

O greening é a mais grave doença da citricultura. Até agora a ciência não encontrou uma solução contra os danos causados por colônias de bactérias que interrompem a circulação da seiva das árvores, e levam à sua morte. Até o momento conseguiu-se apenas saber que ela é transmitida por um vetor, o psilídeo, pequeno inseto que habita os brotos das laranjas - é que é de difícil controle. Os pesquisadores já sabiam dessas dificuldades desde quando se puseram a combater outro pequeno inseto que voa pelos pomares - a cigarrinha, vinda dos pastos. Com a cigarrinha, chegaram à origem de outra doença da laranja, o CVC. Aprenderam que a doença (a xylella, também uma bactéria) é transmitida pela mandíbula da mesma. A cada picada, a saliva contida nas mandíbulas transmite a doença bacteriana.

No entanto, o CVC e outras doenças bacterianas que afetam os pomares - como o cancro cítrico e o amarelinho -, são consideradas problemas menores perto do greening. Depois de dizimar os pomares do centro do Estado de São Paulo, o greening já está instalado nos pomares da Flórida (EUA) e a cadeia do suco de laranja se mostra sem perspectivas de sobrevivência. O custo do manejo do greening varia entre 5% a 10% do custo total de produção, o que representa em média R$ 845,00 por hectare de laranjas. Quando o greening se instala em 60% da planta a produção da laranjeira já sofreu uma queda de produtividade de 68%. Pesquisadores do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), liderados pela Dra. Alessandra Alves de Souza, começaram a procurar outro caminho. Entre erros e poucos acertos, a pesquisadora Alessandra procurou uma solução humana.

Observou que as pessoas, principalmente as crianças, ao ficarem com seus narizes entupidos, sofrem queda de resistência contra o ataque de bactérias e registram aumento de estresse. Ou seja, ficam mais doentes. Solução? Desobstruir os narizes. A pesquisadora concluiu que as laranjeiras precisavam ter desobstruídas os floemas, os pequenos vasos que circulam pelas laranjeiras, principalmente nas folhas - pois é por ali que as plantas respiram. A solução veio de um aminoácido, o NAC (abreviatura de acetilcisteína). Nos humanos, a acetilcisteína é indicado para as crianças, utilizado como expectorante quando o neném (e adultos também) tem dificuldade para expectorar, causada pela bronquite, a enfisema pulmonar, ou pneumonia (resultando na inflamação nos pulmões e brônquios). Nas laranjeiras o greening causa o mesmo problema, redundando na morte da planta.

A molécula do NAC trouxe outros benefícios para os vasos entupidos por greening. Limpou as bactérias e rejuvenesceu os floemas, graças à eliminação dos radicais livres. A laranjeira se desestressou e passou a ter uma cor mais viva, e cobertura vegetal mais limpa. Com a passagem de água e nutrientes, a vida voltou aos laranjais. Isso não significa, ainda, a solução para doença, mas sim uma forma de manejo dos pomares, permitindo a convivência de plantas fortes contra as obstruções das colônias, os chamados "biofilmes", pelotas de colônias grudentas que tomam conta dos pequenos vasos das folhas. A luta contra o greening trouxe outra superação para as costumeiras dificuldades que afetam as pesquisas no Brasil - a falta de verbas. Através de leis libertadoras e inovadoras, o Governo do estado permitiu a criação de startups incubadas dentro do centro de pesquisa Sylvio Moreira, em Cordeirópolis, voltado integralmente para as pesquisas da citricultura.

Uma das pesquisadoras do IAC, a Dra. Simone Cristina Picchi criou uma empresa, a Ciacamp, que se associou à fabricante de fertilizantes de São Carlos, a AmazonAgrosciences, e daí para a formulação de um adubo líquido foi um passo. Surgiu o "GranBlack", que já está em utilização por 40 citricultores. O GranBlack não é, portanto, um remédio, um antibiótico, e sim um rejuvenescedor da planta. É importante esse esclarecimento, pois outra batalha acontece em torno do produto do IAC: empresas concorrentes denunciam à Anvisa (e ao Ministério da Agricultura) que o GrandBlack seria um agrotóxico e necessitaria de registro mais severo. Os pesquisadores do IAC replicam que o produto é um rejuvenescedor (suplemento) vegetal, que repõe os minerais para a planta. Mas, na dúvida, mais testes são pedidos pelo MAPA. Fonte: NA. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.