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21/Nov/2019

Laranja: a importância dos contratos para o setor

A cadeia produtora de suco de laranja é uma das mais peculiares e com o maior número de riscos de todo o agronegócio. Se a colheita não for feita em poucos dias, a fruta madura e pronta para ser processada cai e a perda é total. Só isso já mostra a fragilidade e os desafios logísticos dessa indústria e de seus produtores. Para mitigar riscos, a principal saída são os contratos de fornecimento, que dão a mínima garantia de que os citricultores terão suas frutas colhidas pelas produtoras da bebida. Entre 2013 e 2014, o Brasil, cujo parque citrícola comercial é o maior do mundo, enfrentou safras grandes e estoques elevados. Com a demanda menor, as processadoras locais colheram as próprias frutas e também as contratadas antecipadamente. Imagens de pomares cheios de frutas no chão foram comuns à época e motivou um aumento dos acordos de maior prazo.

A opção por contratos longos era comum na Flórida, Estado norte-americano segundo maior fornecedor global de laranja e suco. Mas, em setembro de 2017, o furacão Irma inundou por semanas pomares dessa região dos Estados Unidos. A situação inédita criou um sentimento de alarmismo entre produtores e a indústria local. A avaliação era que a recuperação da produção demoraria cinco anos. Para completar, a safra de laranja pós-Irma foi a menor da história, em apenas 40 milhões de caixas de 40,8 Kg. Sem garantia de fornecimento, gigantes como Coca-Cola e Pepsi, trocaram os contratos com a indústria local por outros com fornecedores no Brasil e no México. Os acordos tiveram prazo de três a cinco anos, ou seja, expiram entre 2020 e 2022. Algumas indústrias da Flórida foram fechadas e produtores norte-americanos, sem garantia de oferta, também não se protegeram com contratos de fornecimento da fruta.

O inesperado aconteceu. O impacto do Irma foi menor do que o previsto e nas duas últimas safras a oferta de laranja local subiu para 70 milhões de caixas de 40,8 Kg. Como entre 10% e 15% dessa oferta de laranja não tem contrato, as imagens de 2013 e 2014 nos pomares brasileiros podem se repetir na Flórida, o que seria inédito naquela região. Mas, os acordos feitos em 2017 têm prazo e é natural que, com a oferta retomada, a indústria da Flórida se recupere, retome o fornecimento garantido de suco de laranja às engarrafadoras e firme novos acordos com os produtores locais da fruta. Ao citricultor brasileiro, os sinais são claros: precaução e contratos podem garantir que, no futuro, as frutas sejam colhidas maduras nas árvores e processadas e não recolhidas, podres, do chão. Fonte: Gustavo Porto. Agência Estado.