12/Apr/2024
Uma avaliação econômica realizada pela Embrapa Arroz e Feijão sobre o uso de produtos biológicos em coinoculação, substituindo fertilizantes nitrogenados na produção de feijão nos estados de Goiás e de Minas Gerais, apontou taxas de retorno sobre o investimento que variaram entre 190% e 214% para lavouras comerciais; e de 113% para agricultura familiar. O estudo mostrou também que o custo total de produção quando do uso de fertilizante nitrogenado foi superior em 5% para lavouras comerciais e em 8,5% para a agricultura familiar em comparação aos tratamentos realizados com coinoculação. A pesquisa foi conduzida em sistema de cultivo irrigado por pivô central nos municípios de Cristalina, Itaberaí e Santo Antônio de Goiás; e em Paracatu e Unaí, no estado de Minas Gerais. Na cidade de Goianésia (GO), foi conduzido o experimento em área de agricultura familiar com irrigação por aspersão. O estudo abrangeu três safras e a cultivar usada para o trabalho foi o feijão carioca Pérola. A coinoculação é a adição de mais de um microrganismo benéfico às plantas, com o objetivo de maximizar sua contribuição.
No caso da pesquisa, para a inoculação, foram utilizados dois produtos comerciais, um contendo rizóbios (Rhizobium tropici), microrganismos responsáveis pela fixação biológica de nitrogênio (FBN); e outro com Azospirillum brasilense, bactéria conhecida por sua ação promotora de crescimento de plantas. O retorno financeiro sobre o investimento em coinoculação em substituição aos fertilizantes nitrogenados foi positivo, especialmente, em um dos tratamentos realizados. O melhor desempenho foi obtido no tratamento de sementes com rizóbio e três doses de Azospirillum pulverizadas nas plantas. Isso resultou em taxas de retorno de 190% em Goiás e 214% em Minas Gerais, para lavouras comerciais; e de 113% em Goiás para agricultura familiar, o que torna rentável economicamente a coinoculação. A análise foi realizada com base em preços e índices de mercado em função da produção de grãos dos diferentes tratamentos. O rizóbio foi usado na forma de inoculante turfoso (pó contendo a bactéria) preparado em solução para o tratamento de sementes, sendo aplicadas duas doses por hectare.
No caso do Azospirillum, utilizou-se o equivalente a uma e duas doses de produto por hectare aplicadas na semente; e duas e três doses por hectare via pulverização foliar na fase vegetativa da lavoura. A fim de comparar com a adubação nitrogenada, foi adotado fertilizante nitrogenado na forma de ureia (80 quilos por hectare), distribuídos 20 quilos por hectare na semeadura e 60 quilos por hectare aos 25 dias após a emergência das plantas. O custo total de produção foi também estimado pela pesquisa. Nesse caso, foram envolvidos custos operacionais com o manejo da lavoura, relacionados à dessecação da área, adubação do solo, defensivos, energia elétrica, mecanização, colheita e atividades pós-colheita como secagem, limpeza e armazenamento. Foram adicionados componentes como seguro da lavoura e assistência técnica. Os cálculos foram realizados de forma semelhante para ambos os sistemas de agricultura (comercial e familiar). A diferença foi que, para a agricultura familiar, levou-se em conta custos com irrigação por aspersão e não por pivô central.
A Embrapa Arroz e Feijão, enfatizou o fato de o custo total de produção, ao usar fertilizante nitrogenado, ser superior em 5% para lavouras comerciais e em 8,5% para a agricultura familiar, comparado aos tratamentos realizados com coinoculação. Destaque para a importância desse tipo de avaliação para o produtor rural: os adubos nitrogenados representam um percentual expressivo dos custos de produção, pois são produtos importados, cotados em dólar. Estima-se que o custo com esse insumo alcance cerca de 14% do custo operacional total de produção. Embora existam relatos de substituição parcial ou total da adubação nitrogenada, há pouca informação disponível sobre a vantagem econômica do uso de coinoculação em substituição a fertilizantes nitrogenados. Por isso, pesquisas como essa são importantes para os agricultores e para melhorar a eficiência das lavouras. O resultado alcançado evidencia que a coinoculação é uma opção lucrativa para todos os produtores de feijão, sejam pequenos, médios ou grandes. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.