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08/Jan/2024

Boi: oferta mais ajustada e consumo firme em 2024

Se o ano de 2023 foi de altos e baixos na cadeia produtiva de bovinos de corte, 2024 tende a ser mais estável. A expectativa é de preços firmes da arroba, oferta de animais ainda grande, porém mais ajustada à demanda, consumo interno de carne em recuperação, melhores margens para produtores e frigoríficos e exportações em bom ritmo. Para o consumidor, a carne bovina ficou mais atrativa nos últimos meses de 2023. Em 2024 ano, o produto tende a seguir mais acessível, principalmente se a economia crescer e os juros continuarem caindo. A esperada virada de ciclo da pecuária - quando a arroba do boi gordo entra novamente em uma fase de alta pela oferta restrita - deve ocorrer somente em 2025, pois a disponibilidade de boiadas e de carne ainda não recuará de forma expressiva. 2024 promete ser um ano menos turbulento e de transição. Os fundamentos do mercado de gado de corte no ano que vem não vão repetir 2023 - leia-se excesso de oferta de carne bovina por causa de abates recordes de vacas e bloqueio das exportações à China após o caso atípico de vaca louca identificado no Brasil no primeiro trimestre.

A produção de carne bovina seguirá em altos patamares, mas não nos níveis extremos de 2023.O acentuado abate de fêmeas, o principal fator na produção excessiva de carne, deve perder ritmo, já que os preços dos bezerros começam pontualmente a se recuperar. Tal situação motiva o criador a reter as vacas em vez de mandá-las para o frigorífico. A oferta interna de boiadas em 2024 deve seguir estável em relação a 2023. O diferencial é quanto à matança de vacas. O pecuarista talvez não tenha tanto ímpeto em descartar vacas como fez em 2023, em função da perspectiva de arroba mais firme. O principal fator que incentiva a retenção de fêmeas é o preço do bezerro, que veio em baixa em 2023. Com o abate recorde de vacas, porém, as cotações do animal de reposição estão começando a subir, embora de forma episódica. Não acontece da noite para o dia de o preço do bezerro avançar para um patamar que desestimule o descarte de fêmeas. A cotação dessa categoria precisa se recuperar mais.

Já temos visto altas pontuais em São Paulo desde setembro de 2023, mas são avanços erráticos. No "berçário" do Brasil, o Estado de Mato Grosso do Sul, a cotação do bezerro ainda está andando de lado e, em Mato Grosso, as valorizações são tímidas. Estamos vendo os preços do bezerro subindo de forma bem gradual. 2024 será, enfim, de transição, com oferta ainda grande de boiadas, porém mais ajustada. O que não quer dizer ganhos expressivos para o criador. Os abates ainda estarão em altos patamares. Observamos uma produção praticamente estável de carne bovina para 2024, com 11,38 milhões de toneladas em 2023, ou 2% mais ante os 11,16 milhões de toneladas de 2022 - 8% acima de 2021. Ainda é um alto patamar de produção. Um fator que pode contribuir para enxugar a oferta em 2024 é o consumo interno, que só patinou em 2023 e deve, finalmente, engatar, com redução da taxa de desemprego, aumento real do salário-mínimo e a proteína vermelha a preços mais competitivos. Há também um cenário de juros mais baixos, que beneficia a recuperação econômica e, consequentemente, o consumo.

Assim, caso a economia de fato reaja em 2024, podemos ver um aumento no consumo doméstico de carne bovina. Quanto às exportações, 2023 foi o segundo melhor ano para o Brasil em termos de embarques externos de carne bovina - mesmo com o vácuo de cem dias nas exportações para a China no primeiro trimestre. O preço da carne, que caiu em média 25% de 2022 para 2023, deve seguir estável em 2024, nos níveis de 2023. Teremos um ano com um bom desempenho em volume, mas com preços dentro da normalidade. Aqueles ágios na carne exportada, que ocorreram em 2022, deixaram de existir. A China entendeu como funciona o mercado brasileiro e sabe, agora, fazer pressão sobre os preços no momento adequado. Um ponto de atenção sobre a China é se o gigante asiático conseguirá atravessar seus desafios sem mais desvalorização cambial. Caso isso ocorra, tende a aumentar a pressão chinesa para rebaixar mais os preços em dólares da carne adquirida do Brasil.

Mesmo assim, em termos de volume, ainda há um cenário positivo, com exportação crescente para lá. Um dos motivos pelos quais os chineses devem continuar adquirindo carne bovina brasileira em grandes volumes é a classe média fabulosa deles. Eles têm uma classe média que está se alimentando melhor, não é mais uma questão de comer para sobreviver, é ter um cardápio variado. Também favorece as exportações brasileiras de carne em 2024 o fato de que os Estados Unidos estão num ciclo de alta na bovinocultura de corte. A carne norte-americana ainda estará mais cara em 2024, ao contrário da proteína do Brasil. Então a China não terá muita alternativa de mercado. Quanto às margens dos frigoríficos, para 2023 estima-se que se situe em 22,3%, ante 12,9% em 2022. Para 2024, com a expectativa do preço da arroba do boi gordo trabalhando em patamares próximos ao verificado neste fim de ano, a margem da indústria deverá cair um pouco, oscilando entre 15% e 19%. Ainda assim, uma margem ótima. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.