ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

15/Dec/2023

Boi: avanço nos confinamentos e na produtividade

De acordo com dados da expedição Confina Brasil 2023, promovida pela Scot Consultoria, a quantidade de bovinos engordados sob sistemas intensivos (confinamento e semiconfinamento) aumentou 15,32% este ano em comparação com 2022, para 2,39 milhões de cabeças. Os dados dizem respeito a 180 propriedades pesquisadas, in loco ou por meio de questionários, em 14 Estados de todas as regiões do País, entre os dias 5 de junho e 20 de outubro. O rebanho amostrado na quarta edição do Confina Brasil representa 41,1% do total de animais engordados no cocho, conforme estimativa da própria Scot, de 5,7 milhões de cabeças. Além disso, das 180 fazendas, 44 trabalham com semiconfinamento (engorda no cocho e a pasto), somando 40,38 mil bovinos. Já a engorda exclusiva no cocho contava com 136 propriedades e 2,349 milhões de cabeças.

O crescimento no número de bovinos confinados diz respeito a propriedades específicas, que aproveitaram a oportunidade do período de aquisição de gado de reposição a preços mais baixos, além da queda no preço dos insumos. Os números apontam evolução não só em volume de bovinos confinados, mas também no ganho de qualidade. A idade média de entrada na engorda, por exemplo, caiu 8,1%, para 19,4 meses, e a idade de abate se manteve na média de 23,8 meses. Outro indicador que aponta avanços é o aumento do ganho diário de peso da amostra, que ficou em 1,6 quilo por cabeça/dia, incremento de 0,1 quilo por cabeça/dia. Em 2022, o ganho era de 1,5 quilo/cabeça/dia. Os resultados demonstram ainda uma evolução do padrão do gado, como resposta à exigência do mercado quanto à entrega de bovinos mais jovens ao frigorífico, principalmente se tratando de plantas de abate habilitadas para a exportação.

Por Estados, a expedição apontou que os maiores avanços na quantidade de bovinos confinados ocorreram em Tocantins (alta anualizada de 57,4%, para 145,19 mil bovinos) e na Bahia (incremento de 31%, para 125,68 mil bovinos). Na outra ponta, o Rio Grande do Sul foi o Estado com a maior queda no número de cabeças confinadas (-15,7%, para 4,3 mil cabeças). O recuo no Rio Grande do Sul ocorreu por fatores como oscilação de preços do boi, alta dos preços dos insumos e desafios climáticos enfrentados no Estado. Ainda em relação aos Estados, Goiás foi o que contou com o maior número de bovinos confinados em 2023, com 31,7% da amostra, ou 705,55 mil cabeças. Na sequência vêm São Paulo, com 498,42 mil cabeças (22,3% da amostra), Minas Gerais, com 246,30 mil (11%) e Mato Grosso, com 213,15 mil cabeças (9,5%).

Das 180 propriedades pecuárias levantadas, 26,1%, ou 47 delas, são boitéis, ou seja, grandes estruturas montadas para engordar bovinos próprios e de terceiros. São Paulo é o Estado com maior porcentual de boitéis (42,9%), seguido pela Bahia, com 40% e Goiás, com 38,5%. O Confina Brasil 2023 também indicou pesos médios mais baixos de entrada dos bovinos na engorda. Neste ano, ficou em 374 quilos, recuo de 1,8% frente ao peso de entrada médio relatado em 2022. Também houve queda no peso médio de saída em comparação com 2022, de 577 para 564,9 quilos. A idade média prevista para a saída do confinamento foi de 23,8 meses. Devido a exigências do maior importador, a China, o gado jovem foi ganhando espaço no mercado, sendo mais comum o abate de bovinos até dois anos. A China exige que a carne que importa seja proveniente de bovinos com até 30 meses de idade ou 4 dentes.

Na média dos confinamentos pesquisados, a os bovinos passaram em média 108 dias no cocho, resultado similar ao de 2022. O levantamento mostrou, além disso, que 54,7% dos entrevistados citaram as oscilações de preços de mercado como principal dificuldade para o seu negócio, o que está diretamente relacionado com o fato de 2023 ter sido um ano de descarte de fêmeas, um processo que havia se iniciado em 2022 e agora foi intensificado, o que provocou queda nos preços da arroba pagos ao produtor, justamente no momento de decisão de confinamento, no início do segundo semestre. Das 180 propriedades pesquisadas, 46,7% ou 84 delas, realizam algum tipo de integração, seja lavoura-pecuária (ILP), pecuária-floresta (IPF) ou lavoura-pecuária-floresta (ILPF), sendo que em Minas Gerais, 80% das propriedades trabalham com algum tipo de sistema integrado, registrando a maior participação entre os Estados pesquisados, seguido por Tocantins (75%) e Paraná (66,7%).

Isso demonstra que cada vez mais tem se buscado produzir de maneira eficiente e sustentável. Em relação à venda dos bovinos, 39,4%, ou 71 dos 180 confinamentos, pretendiam negociar os lotes com uma única indústria frigorífica. Os resultados para fechar com duas, três ou mais empresas foram, respectivamente, de 22,2%, 18,3% e 17,2%. Em Mato Grosso do Sul, todas as propriedades visitadas negociam com pelo menos mais de dois frigoríficos. Em Santa Catarina, Rondônia, Paraná, Goiás e Minas Gerais, mais de 50% dos confinamentos vendem para apenas uma empresa. Sobre as expectativas para 2024, 42,8% dos confinadores entrevistados acreditam em um acréscimo no volume de bovinos confinados, contra 38,3% que creem em estabilidade e 15,0% que acreditam na diminuição da quantidade de cabeças confinadas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.