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14/Dec/2023

Boi: abates são os maiores dos últimos nove anos

Trimestre após trimestre, vem aumentando o número de bovinos abatidos, que supera sistematicamente os registros de 2022 e ajuda a explicar a dinâmica de preços nos últimos meses. O abate de 2023 é o maior dos últimos nove anos, desde 2014, e a participação de fêmeas (vacas adultas e novilhas) chama a atenção: 42,3% do total, praticamente a mesma proporção registrada em 2019, de 42,7%. Segundo dados do Instituto Brasileiro e Geografia e Estatística (IBGE), de janeiro a setembro de 2023, foram abatidos no Brasil 24,64 milhões de bovinos, 11,4% a mais que no mesmo período de 2022 e 19,7% superior ao volume na parcial de 2021.

Em números absolutos, foram 10,41 milhões de fêmeas (vaca ou novilha), 23,4% a mais que no mesmo período de 2022, quando a participação das fêmeas estava em 38%. A análise desagregada da categoria fêmeas mostra que, de janeiro a setembro, o abate de vacas adultas aumentou 20,3% frente ao mesmo período de 2022 e o de novilhas, expressivos 31,2%. Neste ano, já foram abatidas 3,133 milhões de novilhas, o que representa 12,7% do total de bovinos. A título de comparação, nos nove primeiros meses de 2019, foram 2,939 milhões, participando com 12,03% do total.

As novilhas são “premiadas” em termos de preços pela qualidade e maciez da carne, chegando a receber o mesmo que é pago pelo boi gordo. Além desse atrativo, ao se verem pressionados pela falta de chuvas (pastagens insuficientes) e por custos elevados de produção, muitos pecuaristas optam por comercializar bovinos mais jovens. O fato de a percentagem de novilhas nos abates totais ultrapassar os dois dígitos pelo segundo ano consecutivo pode sinalizar, além de uma mudança estrutural na cadeia em termos de oferta, um maior uso de tecnologias no aperfeiçoamento da produção, assim como na redução do ciclo produtivo.

A falta de chuvas e as altas temperaturas principalmente na Regiões Centro-Oeste e Norte estão impactando na produção de forragens que, nesta época do ano, é de extrema importância para a reprodução bovina. Além disso, houve redução na venda de sêmen de corte. O Index Asbia/Cepea mostra retração de 8,6% de janeiro a setembro no comparativo com o mesmo período de 2022. Com aumento no abate de fêmeas e condições desfavoráveis à reprodução, o setor poderá sentir “falta” de bezerros no biênio 2025/2026. Por um lado, isso representa oportunidade para pecuaristas de cria, mas, por outro, traz preocupação aos de recria e engorda e para a economia, dado que a redução de oferta de carne tende a impactar a inflação. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.