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14/Dec/2023

Biodigestores podem gerar economia a pecuaristas

A disseminação do uso de biodigestores no setor agropecuário pode gerar uma economia de R$ 1,45 bilhão por ano aos produtores rurais brasileiros. A estimativa, feita pela unidade de Agroenergia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), leva em consideração a instalação dos equipamentos e a produção de biogás a partir de resíduos orgânicos em metade das pequenas e médias propriedades do país, cerca de 504 mil imóveis, onde há criação de 10 a 100 cabeças de gado. A economia para os pequenos e médios pecuaristas viria da substituição do uso do gás liquefeito de petróleo (GLP) pelo biogás gerado na própria fazenda. Os produtores ainda podem ter ganhos com o digestato, um subproduto valioso gerado no processo de biodigestão que pode ser utilizado como matéria-prima para biofertilizantes.

Além disso, a tecnologia ajudaria a evitar a emissão de 595 mil toneladas de CO2 equivalente por ano na atmosfera. O custo estimado para a instalação dos biodigestores é de R$ 10 mil por propriedade. A Embrapa tem uma técnica experimental para construção dos equipamentos e procura parceiros para codesenvolver a tecnologia. Para chegar aos dados, foi realizado um estudo na propriedade de Benedito Bento Gonçalves da Cruz, onde ele cria 60 vacas leiteiras. Após três meses, a produção de biogás foi estabilizada, a família do produtor adotou o biogás na cozinha e deixou de utilizar o GLP. Os pesquisadores estimaram que seriam necessários 30 quilos de dejetos dos animais por dia para produzir dois metros cúbicos de biogás. Essa produção diária resultaria no acumulado de 60 metros cúbicos por mês. Nas contas da Embrapa, esse volume equivale aos 26 quilos de GLP presentes em dois botijões.

Nesse cenário, cada uma das 504 mil propriedades economizaria R$ 2,88 mil por ano com a substituição de dois botijões de GLP por biogás. A rotina do produtor não mudou muito durante a experiência. Ele apenas adaptou o modo de lavar o curral, trabalho que já realizava todos os dias. Agora, os dejetos dos animais são coletados sem o uso de sabão ou outros produtos químicos, para preservar as bactérias que vão fazer a digestão do material e gerar o biogás. Além de economizar no botijão de gás, ele ainda produz adubo (digestato) para as plantas. O produto pode ser utilizado, por exemplo, na agricultura orgânica. Porém, ele não é recomendado para uso direto em hortaliças. A Embrapa Agroenergia ainda vai instalar mais dois biodigestores experimentais na propriedade até outubro de 2024. Até lá, pretende-se ter o protótipo validado. Assim, a Embrapa está aberta a parcerias com a iniciativa privada interessada em codesenvolver o biodigestor.

Para instalar o biodigestor, a Embrapa faz adaptações em peças convencionais, como caixas d´água e algumas conexões. Elas poderiam ser substituídas por estruturas já fabricadas para essa finalidade, o que facilitaria o trabalho e reduziria problemas operacionais. Os pesquisadores utilizaram a RenovaCalc, ferramenta desenvolvida pela Embrapa Meio Ambiente que calcula a intensidade de carbono equivalente emitida por biocombustíveis. A emissão do biogás é um pouco menor que a do GLP. São 83,11 gramas de CO2 equivalente para cada mega joule contra 86,7 gramas pelo combustível fóssil. O impacto mais relevante, portanto, viria de uma adoção em massa da tecnologia. Destaca-se a necessidade de políticas públicas para incentivar a adoção dos biodigestores por pequenos produtores do País. Além do subsídio à aquisição do equipamento, seria fundamental que essas políticas envolvessem a assistência técnica intensiva no início da produção do biogás. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.