07/Dec/2023

Com a chegada do final de ano, o setor pecuário nacional já fica à espera de um típico aquecimento nas vendas de carne no atacado. Em 2023, além deste fator, que tradicionalmente ajuda na dinâmica de precificação da cadeia pecuária, variáveis como clima, exportação e final da safra de confinamento vêm reforçando o movimento de sustentação dos preços do boi gordo. Na região Central e no Norte do Brasil, a falta de chuva e ondas de calor prejudicaram as pastagens e ocasionaram estresse térmico dos bovinos. Como resultado, a engorda foi afetada, o que, por sua vez, diminuiu a oferta de bois prontos para o abate em algumas regiões do País. Ressalta-se que a combinação de calor e pouca chuva eleva a incidência de pragas nos pastos, como a cigarrinha, adoecendo as pastagens.

Por outro lado, a recente volta de um maior volume de precipitação tende a amenizar esse impacto em parte das regiões, mas as temperaturas elevadas continuam prejudicando a produtividade do pasto e, consequentemente, dos bovinos, sobretudo na Região Norte do País. Nesta região, as chuvas ainda são insuficientes para recuperar as pastagens. Diante disso, as negociações de bovinos de reposição ocorrem em ritmo lento, tendo em vista que os pecuaristas estão à espera de cotações mais elevadas. Na Região Nordeste, algumas localidades registram seca extrema, o que resulta, inclusive, em mortalidade de bovinos e em dificuldade de negócios de reposição. A seca, no curto prazo, deverá trazer um cenário de equilíbrio no mercado pecuário; nos médio e longo prazos, pode reduzir a produtividade do rebanho e, consequentemente, a produção de carne.

Além do clima, as vendas externas aquecidas também reforçam o movimento de alta nos preços domésticos. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, em novembro, os embarques de carne bovina foram recordes para o mês. Foram 187,98 mil toneladas de proteína in natura exportadas pelo Brasil, com alta de 0,97% frente à quantidade de outubro/2023 e expressivos 25% acima da escoada em novembro/2022. No acumulado de 2023, os embarques de carne in natura totalizam 1,79 milhão de toneladas, 9,92% a menos que em todo o ano passado. Isso significa que, faltando um mês para finalizar o ano, o setor exportador nacional ainda pode se aproximar e/ou superar o recorde histórico atingido em 2022, o que, por sua vez, pode ajudar a valorizar o mercado pecuário neste final de 2023.

Por fim, o atual volume de bovinos de confinamento está menor. O movimento de oferta de bois de cocho foi intenso de outubro a novembro, com tendência de queda em dezembro, dificultando a composição de escalas da indústria em alguns momentos do mês. Neste início de dezembro, como reflexo dos movimentos citados acima, há certa diminuição na oferta de boi gordo em diversas regiões. Com escalas mais curtas frente ao mês anterior, agentes de frigoríficos, antecipando possíveis altas, pagam valores maiores pelo boi gordo para adquirir novos lotes. O preço médio do boi gordo em São Paulo é de R$ 246,35 por arroba, com avanço de 2,77% no acumulado da parcial de dezembro. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.