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07/Dec/2023

Proteína animal: perspectivas para mercado global

Segundo o Rabobank, após quatro anos de crescimento em nível mundial, em 2024 a produção de proteína animal deve se expandir a um ritmo moderado ou mesmo diminuir em algumas espécies. A mudança ocorre no momento em que produtores e processadores convivem com margens mais estreitas devido a mudanças estruturais nas condições de mercado. Os custos de produção mais elevados e a oferta mais restrita de insumos irão aumentar os preços da proteína animal e restringir o consumo global em 2024. Alguns fatores de custo e a inflação devem cair, mas ainda permanecerão em níveis mais elevados do que antes da pandemia. Há, também, indícios de que os consumidores começam a habituar-se a preços mais elevados. Em alguns mercados, há consumidores dispostos a pagar mais pela qualidade do produto. Algumas mudanças já ocorridas no mercado podem se tornar permanentes.

Mudanças demográficas farão com que o mercado de trabalho se contraia e aumentem os custos de produção, enquanto a tendência de redução no crescimento populacional desacelerará o consumo. Por outro lado, aumentará a pressão por investimentos na modernização dos sistemas de produção, seja para atender as necessidades de mercados emergentes, para cumprir requisitos regulamentares oficiais ou responder às mudanças nas preferências dos consumidores em torno da sustentabilidade. Dois outros grandes desafios estão representados pelas mudanças climáticas e pela disseminação de doenças animais. É uma prova da resiliência e flexibilidade das empresas ao longo da cadeia de suprimento de proteína animal que elas continuem a aumentar a produção e a atender às expectativas dos clientes, em meio a condições de mercado tão desafiadoras.

Apesar da crise do custo de vida exercer pressão sobre as finanças dos consumidores, continua a haver procura de proteína animal e as empresas têm conseguido superar desafios, desde os custos elevados até à incerteza regulamentar e às doenças, para se capitalizarem. Para poderem manter o sucesso dos últimos anos, é fundamental que as empresas se adaptem às mudanças estruturais do mercado. Em vez de simplesmente enfrentar a tempestade, as empresas de proteína animal precisam fazer um balanço dos seus pontos fortes e preparar-se para fazer a transição das suas cadeias de abastecimento para operarem num ambiente com custos elevados e margens apertadas. As empresas devem redobrar a aposta na melhoria da sua produtividade, rever os seus portfólios, reforçar as parcerias na cadeia de abastecimento, aumentar o investimento no desenvolvimento de novos produtos e ajustar as suas estratégias de preços para enfrentar os desafios do próximo ano.

O Rabobank prevê um crescimento marginal da produção anual nos principais mercados da América do Norte, Brasil, Europa, Oceania, China e Sudeste Asiático de 0,6 milhões de toneladas (0,5%) para um total de 247 milhões de toneladas no próximo ano. Isto contra um crescimento de 2,1 milhões de toneladas, ou 1%, em 2023. As aves e a aquicultura serão os únicos dois grupos que verão a produção crescer em 2024, embora a expansão seja mais lenta do que em 2023. A carne bovina continuará com o mesmo declínio visto em 2023, acompanhando as mudanças nos ciclos do gado na América do Norte, enquanto a produção de carne suína sofrerá leve contração. Após um ano de expansão em 2023, os frutos do mar naturais retornarão ao seu padrão de longo prazo, voltando a ter uma produção declinante. A produção de salmão parece ser uma das histórias de sucesso de 2024. Após dois anos de contração e estagnação da produção, a oferta irá expandir-se entre 4% e 5% e a sua competitividade relativa em termos de preços frente a outras proteínas irá impulsionar a procura.

Por fim, os produtos alternativos à carne produzidos à base de vegetais continuarão a sofrer diminuição junto a clientes e investidores. Acredita-se que o foodservice seja o comprador-chave dos players da categoria em 2024. Em nível regional, o Brasil e o Sudeste Asiático apresentarão os maiores índices de crescimento na produção da carne de frango e demais carnes. No Brasil, a produção crescerá em todas as espécies, liderada por suínos e frango, embora desacelere em relação aos níveis de 2023. Por sua vez, a China e os países da Oceania, como a Austrália e a Nova Zelândia, registarão um crescimento marginal. Na China, o frango estará melhor colocado, enquanto as carnes suína e bovina estarão sob pressão. A Europa e a América do Norte verão uma contração geral da produção.

Nem todas as mudanças estruturais do mercado são prejudiciais, muitas representam novas oportunidades para as empresas melhorarem os seus processos e produtos. As empresas que conseguirem demonstrar agilidade na adaptação ao novo ambiente e capitalizarem a disposição do consumidor em pagar por determinadas preferências serão capazes de tirar vantagem do mercado mais restrito e sair vitoriosas. Produzido há quase uma década, o relatório Global Animal Protein Outlook do Rabobank é a única publicação de previsão global do setor, avaliando as perspectivas para uma série de categorias de proteínas, incluindo carne, aves e aquicultura. Fonte: AviSite. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.