27/Nov/2023
A Danone está lançando um programa voltado ao bem-estar animal que será replicado entre os pecuaristas que fornecem leite à companhia, um total de 275, todos com fazendas em Minas Gerais. A iniciativa, intitulada "Fazenda Tudo de Bem", envolve o desenvolvimento e a capacitação dos produtores em bem-estar animal; a padronização do autocontrole de práticas de bem-estar animal nas fazendas parceiras e o fomento do programa de melhoramento genético com foco em bem-estar animal. A ideia é iniciar com um projeto piloto em 20% das fazendas leiteiras parceiras da Danone. Assim, das 275 propriedades que vendem a matéria-prima com exclusividade à companhia, 45 devem participar do projeto-piloto a partir de 2024. Conforme as respostas obtidas nessas propriedades será ampliado para as outras fazendas.
A experiência servirá também para fornecer, mais à frente, know how para outras agroindústrias e cadeias leiteiras interessadas em adotar práticas de bem-estar animal na pecuária leiteira. Inicialmente, a Danone vai investir R$ 3 milhões no "Fazenda Tudo de Bem". A empresa tem o compromisso de garantir o bem-estar animal desde a fase de bezerro até o fim da vida do bovino. Isso inclui desde proporcionar conforto, sombreamento, limpeza e manejo adequado de dejetos, até o acesso à água e contribuir para que pecuaristas adotem o sistema "compost barn". Essa tecnologia, em expansão no País, mantém as vacas leiteiras confinadas em galpões sombreados e refrigerados, com cama à base de serragem e espaço adequado por vaca. O compost barn melhora o bem-estar animal, reduz a incidência de doenças, o estresse, a mastite, e, por consequência, aumenta a produção por vaca, além de intensificar a produção.
A equipe da empresa tem contribuído para que criadores adotem esse sistema e já reduziu o custo médio de instalação de R$ 8 mil a R$ 12 mil por vaca para R$ 3 mil a R$ 6 mil por vaca. É um investimento de retorno muito rápido. A "Fazenda Tudo de Bem" está inserida na meta global da Danone de, até 2025, ter 30% dos principais ingredientes adquiridos diretamente das fazendas já em transição para práticas regenerativas, dentro das quais o bem-estar animal é um pilar central. Há também o objetivo de reduzir 30% das emissões da Danone até 2030. O programa foi desenvolvido em parceria com a BE.Animal, a F&S Consulting e a Embrapa Gado de Leite. Globalmente, a Danone conta com a parceria da Compassion in World Farming (CIWF).
Em relação aos projetos de agricultura regenerativa, nos quais a Danone já investiu R$ 2 milhões desde 2019, a empresa traçou uma mudança de rumos, saindo da base de tratar apenas da integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) para uma agricultura regenerativa no sentido mais amplo, no programa intitulado "Jornada Flora". Percebeu-se que havia uma dificuldade em adotar o sistema ILPF em todas as propriedades parceiras, cujos modelos variavam bastante. Apenas 15% dos fornecedores são adeptos da ILPF. Assim, surgiu o programa mais amplo, de agricultura regenerativa, que contempla todas as práticas regenerativas, e não só ILPF, como gestão de dejetos, energia solar, preservação ambiental, etc. No início do Jornada Flora, em 2019, a Danone contava com pouco menos de 100 hectares e, atualmente, o programa já se estende por mais de mil hectares. Entre 2022 e 2023, foi possível reduzir em 11% a pegada de carbono.
Em relação à produtividade leiteira das fazendas, o aumento foi de 22,3 para 23,5 litros por vaca/dia, para uma média nacional de produção de 7 litros/vaca/dia. Foi possível alcançar um nível de produtividade de países da Europa, referência em pecuária leiteira. O volume captado por dia cresceu 14% desde 2019, para os atuais 550 mil litros por dia. A qualidade do leite captado também melhorou bastante, e a CCS (contagem de células somáticas, que indica presença de mastite nas vacas) e CBT (contagem bacteriana total) estão bem abaixo dos níveis máximos permitidos. Parte dos recursos de R$ 2 milhões do projeto de agricultura regenerativa vem da adesão da Danone ao Programa Mais Leite Saudável, que permite aos laticínios utilizar créditos de PIS-Confins para levar assistência técnica à cadeia de fornecedores. Sob este aspecto, é garantida inicialmente assistência técnica gratuita aos produtores, e, à medida que eles vão aumentando a rentabilidade, pagam valores que aumentam gradativamente. Os R$ 3 milhões agora empregados no "Fazenda Tudo de Bem" são provenientes de recursos próprios. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.