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22/Nov/2023

Leite: Programa Balde Cheio eleva produção no País

A capacitação técnica continuada e as melhorias aplicadas na produção de leite geraram uma verdadeira “mudança de chave” na gestão da Agropecuária Saint Expedit, em Porto Nacional (TO). As melhorias na rotina da produção não demandam investimentos tão altos, mas o retorno é positivo. A ideia é otimizar o processo com o menor custo possível. A Agropecuária Saint Expedit é atendida pelo programa Balde Cheio, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A fazenda recebe consultoria do programa há três anos. Algumas atividades foram corrigidas nesse período. Vacas que antes eram descartados passaram a receber um manejo mais eficiente e se tornaram produtivos. Com medidas simples, é possível oferecer maior conforto às vacas, o que deixa o rebanho mais produtivo.

O Balde Cheio tem 247 técnicos em 375 municípios de 18 Estados do País. Com a assistência do programa, pecuaristas conseguem até quadruplicar a produção leiteira. Enquanto a média geral brasileira é de 1.180 litros de leite por hectare ao ano, as propriedades integrantes da iniciativa têm produtividade de 4.485 litros por hectare. Um relatório mostrou que cada R$ 1,00 investido reverte R$ 44,41 em benefícios para a sociedade, com base em valores corrigidos em IGP-DI entre 2003 e 2022. No período, o investimento da Embrapa na manutenção do programa foi de R$ 53 milhões, resultando em um ganho de produtividade equivalente a R$ 941 milhões em valores atuais. A taxa de retorno é de 1.148%. Analisa-se tudo que foi gerado gasto, considerando o aumento de produtividade.

Compara-se a produtividade dos produtores assistidos pelo programa Balde Cheio com a produtividade média de cada região de produtores que não são assistidos, descontando os custos de implantação, de uso da tecnologia, de investimentos feitos pela Embrapa. Enquanto a produção de leite média no País é de menos de 100 litros por dia, cerca de 75% das propriedades que participam do programa produzem mais que o dobro. Independentemente da produtividade inicial ou da região, a aplicação de tecnologias adequadas para cada estágio multiplicou por três ou quatro vezes. São cerca de 79,3 mil hectares atendidos pelo programa no País. A maior produtividade nessas fazendas é fruto de várias tecnologias e conceitos utilizados de forma customizada para os pecuaristas, como sanidade animal, bem-estar, gerenciamento, irrigação, manejo intensivo de pastagens, estruturação de rebanhos, eficiência na reprodução e preservação ambiental.

De acordo com a Embrapa, a aplicação da metodologia do Balde Cheio propicia aumento da produtividade e da renda, em função da intensificação e das melhorias nos sistemas de produção com sustentabilidade. O programa foi criado em 1998 para melhorar o desempenho da pecuária leiteira do País, com base na adoção de ferramentas de gerenciamento das propriedades e tecnificação dos processos de acordo com a realidade de cada produtor. A iniciativa capacita profissionais da assistência, extensão rural e pecuaristas em técnicas, práticas e processos agrícolas, zootécnicos, gerenciais e ambientais. É uma rede de formação contínua, na qual as propriedades funcionam como “salas de aula”. O conjunto de práticas preconizado pela iniciativa também contribui para a sustentabilidade ambiental.

Os resultados já podem ser vistos nas nascentes preservadas e nos cursos de água descontaminados. Os efeitos das mudanças climáticas, como a ocorrência de secas, também diminuíram nas propriedades participantes do programa. Em algumas propriedades, houve aumento das áreas de sombra com plantio de árvores. Pecuaristas de Tocantins e do Pará abandonaram o uso da queima anual das pastagens. Com o manejo, as vacas deixaram de pisotear margens de cursos d’água, o que contribuiu para a preservação e redução do assoreamento. Em São Paulo e Rondônia foi possível irrigar os pastos. O conjunto de práticas previsto na metodologia permitiu ainda conter a pressão pela abertura de novas áreas para pastagens.

De acordo com a Embrapa, as parcerias são vitais para o programa. No ano passado, foram 99. São laticínios, cooperativas, associações de produtores, órgãos públicos e privados de extensão rural, ONGs, bancos, prefeituras, agências e entidades do sistema “S” que atuam junto à Embrapa para disseminar as técnicas para a cadeia leiteira nacional. Recentemente, o governo criou um grupo interministerial para elaborar um novo programa para aumentar a competitividade da cadeia leiteira nacional, diante de uma crise de custos e preços agravada pela importação de lácteos, segundo o setor. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.