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21/Nov/2023

Brasil: mudanças na geografia da produção leiteira

A recente divulgação dos dados atualizados da Pesquisa Pecuária Municipal pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) trouxe os dados sobre a produção leiteira no Brasil. Importantes mudanças espaciais foram observadas. Entre 2021 e 2022, a produção diminuiu no centro-oeste de Minas Gerais, nos estados de Goiás e de Rondônia. Nestas regiões a crise na produção se mostrou particularmente mais sensível, podendo estar relacionada à maior distância dos mercados consumidores, que é o caso de Rondônia. Também a competição com outras atividades em expansão, como a produção de grãos, parece explicar o declínio observado em Minas Gerais e Goiás.

A queda da produção também foi observada em muitos municípios na Região Sul e se relaciona, entre outros fatores, à questão meteorológica: o Rio Grande do Sul sofreu forte estiagem no ano de 2022. Vale destacar que tanto no Rio Grande do Sul quanto em outras regiões do País, a diminuição do número de produtores também tem impactado negativamente a produção. Finalmente, vale ressaltar que o final de 2021 e início de 2022 foi bastante complicado em termos de rentabilidade na pecuária de leite, o que também contribuiu para este resultado de declínio na oferta nacional.

Por outro lado, o aumento de produção foi observado em algumas regiões do Sul e Sudeste brasileiro. A região de Castro (PR) foi destaque. O crescimento da produção foi ainda mais pronunciado na Região Nordeste, que tem registrado aumentos sucessivos na produção de leite. Nesta região tanto as condições de tempo favoráveis em 2022, como a regularidade das chuvas, quanto as mudanças tecnológicas observadas recentemente explicam este desempenho. Ao se destacar os municípios com densidade de produção leiteira acima de 30 litros/dia por Km², identifica-se as áreas de maior concentração no ano de 2022:

- Região Sul: destaque para o oeste do Paraná e de Santa Catarina, bem como o norte e noroeste do Rio Grande do Sul. Esta área adensada tem se expandido recentemente para leste, em direção a Guarapuava (PR) e Castro (PR). Esta última localidade, inclusive, é o polo de maior produtividade de leite no País, com índices já próximos aos observados na Europa.

- Minas Gerais: com abrangência nas regiões do Mucuri, Rio Doce, Zona da Mata, Vertentes, Sul, Centro-Oeste, Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro e seu entorno, nas áreas fronteiriças do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. O estado de Goiás é um importante prolongamento desta grande bacia, ainda que atualmente a produção tenha se deslocado do sul em direção ao entorno de Goiânia.

- Região Nordeste: maior expansão na produção no sertão e agreste de Sergipe, Alagoas e Pernambuco. O centro-sul do Ceará também tem se destacado como importante região de expansão da produção leiteira.

- Região Norte: a produção leiteira ainda se adensa no chamado Bico do Papagaio (Tocantins-Maranhão-Pará) e no estado de Rondônia. Mas, a região tem perdido importância na produção nacional dada a sua distância dos principais mercados consumidores e a menor concentração espacial da produção, com aumento no custo de captação nas indústrias.

Analisando a última década, entre 2012 e 2022, a produção leiteira cresceu de 88,2 milhões para 94,8 milhões de litros/dia. Este dado inclui tanto o leite inspecionado quanto aquele que não passa pelos laticínios devidamente credenciados junto aos sistemas de inspeção públicos. Apesar do crescimento observado na comparação de dez anos, no último ano, a produção brasileira recuou quase 1,5 milhão de litros/dia. A produtividade nacional cresceu entre 2012 e 2021, alcançando 2.214 litros/vaca/ano. No entanto, as estimativas para 2022 mostram um leve recuo. Tanto os dados atualizados de produção quanto produtividade ilustram a uma situação desafiadora em termos de uso de tecnologia e desafios para incremento de produção na pecuária de leite 2022.

A produção da Região Centro-Oeste tem registrado contínuas quedas da produção de leite: 13,1 milhões/litros/dia em 2012, 10,9 milhões em 2021 e apenas 10,4 milhões em 2022. A produção das Regiões Norte e Sudeste também caíram em 2022 e atingiram patamar levemente acima do observado há 10 anos. A produção na Região Sul também caiu em 2022, mas se encontra em volume bem superior ao registrado há dez anos. O grande destaque de crescimento tem sido a Região Nordeste: 9,6 milhões de litros/dia em 2012, 14,8 milhões em 2021 e 15,7 milhões em 2022. Foi a única região na qual a produção aumentou no ano passado.

Vale destacar também que, pela primeira vez, a Região Sul passou a ser a maior produtora de leite do País. Em 2022, a Região Sul produziu 32,0 milhões de litros/dia e a Região Sudeste, 31,8 milhões. Os dados apresentados ilustram a distribuição espacial da produção leiteira no Brasil atualizada para o ano de 2022. A crise enfrentada na cadeia de lácteos afetou tanto a produção quanto a produtividade das vacas, em um momento de forte volatilidade de preços e maior risco na produção leiteira. A Região Nordeste se destacou com o aumento de produção e a Região Sul passou a ser a principal região produtora brasileira. Isso mostra que, mesmo com as adversidades, mudanças espaciais estão acontecendo na produção leiteira do País. Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.