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17/Nov/2023

Boi: projeto de rastreabilidade da cadeia pecuária

A organização não governamental (ONG) Imaflora vai apresentar aos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente um sistema que permitirá dar escala e consistência ao monitoramento de pequenos e médios fornecedores de gado de corte no País, sobretudo os fornecedores indiretos, de bezerros e bois magros. A proposta será apresentada antes da 28ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), que começa em 30 de novembro em Dubai, nos Emirados Árabes. O Sistema Nacional de Controle de Origem (Sincoa) consistirá em efetivar a rastreabilidade individual dos bovinos, tendo como base a colocação de brincos nos bovinos, num prazo de cinco anos. Será sugerido um sistema obrigatório, escalonado (ou seja, que seja implementado por fases) e inclusivo. Especialistas em pecuária garantem que a colocação de brincos de identificação nos bovinos ainda é a melhor, mais simples e mais barata tecnologia de rastreabilidade bovina.

Com o brinco, que conta com investimento de apenas R$ 6,00 por bovino, é possível ter uma informação tanto sanitária quanto socioambiental, da gestão da propriedade rural, da qualidade da carcaça, entre inúmeros outros dados. O Sincoa foi idealizado em um grupo de trabalho formado a convite do próprio Ministério da Agricultura, do qual participaram o Imaflora e outros integrantes da cadeia de pecuária de corte bovina. É uma proposta técnica. O trabalho de rastreabilidade bovina será apresentado ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. O próprio ministro declarou que a rastreabilidade bovina deve ser implementada tendo em vista as exigências socioambientais cada vez mais rígidas, sobretudo as da União Europeia, que aprovou o Green Deal, normativa que proibirá, a partir de 2025, que importadores do bloco adquiram produtos provenientes de áreas desmatadas, legal ou ilegalmente.

A rastreabilidade de bovinos provenientes de pequenas e médias propriedades segue sendo um desafio e a colocação de brincos, uma solução barata, deve contribuir para isso. De todo modo, a ideia também é conseguir financiamento para a implementação do programa de "brincagem" dos bovinos, já desde o bezerro. O Sincoa será testado inicialmente no Pará, que já aceitou adotar o sistema a partir de janeiro. Uma câmara técnica no Pará está trabalhando, junto com a Secretaria de Agricultura estadual, nos critérios para um sistema estadual de rastreabilidade. Juntamente com o governo estadual, suas secretarias e associações de criadores será construído o sistema, tanto tecnológico como em relação à governança. No Pará, o Imaflora contará com US$ 2,5 milhões advindos do Fundo Bezos (da Amazon) para implementar o Sincoa.

Outra ONG, a TNC (The Nature Conservance), também obteve recursos para o projeto, da ordem de US$ 5 milhões. Além disso, serão desenvolvidos mecanismos financeiros para estimular a rastreabilidade dos bovinos e criar um fundo que possa ser aportado pela iniciativa privada. A ideia é iniciar os trabalhos com os recursos do Fundo Bezos e seguir adiante, posteriormente, com recursos de terceiros. Há um eixo neste projeto que consiste, por exemplo, em pesquisas sobre possíveis incentivos financeiros para estimular o produtor a identificar individualmente os bovinos, como, por exemplo, a indústria do couro pagar adicionais por matéria-prima de qualidade. Embora o Sincoa vá começar, em fase de testes, no Pará, quando a proposta for levada ao Ministério da Agricultura, será bem recebida. O Brasil precisa atender às exigências da União Europeia e mais do que isso: quer subir a régua e a velocidade de implementação da rastreabilidade, que ela seja obrigatória e para todo o País. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.