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24/Oct/2023

Lácteos: oportunidades do setor brasileiro no Egito

A demanda crescente por produtos lácteos no Egito pode ser uma oportunidade para fornecedores brasileiros do setor. Esse mercado foi aberto ao Brasil em 2019, mas as vendas ainda são pontuais. Um estudo da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) mostra, no entanto, que o consumo de laticínios no país árabe é promissor, assim como as perspectivas de negócios na área. O levantamento, divulgado em abril, é uma parceria da ApexBrasil com o Ministério da Agricultura e Pecuária, o Ministério das Relações Exteriores e a Embaixada do Brasil no Cairo. Ele foi realizado antes de uma derrubada de tarifas para importação de vários alimentos, na última semana, em decreto anunciado pelo governo egípcio. Produtos lácteos de todos os países passaram a ter imposto zero para exportações ao Egito pelo período de seis meses. O Brasil já enfrenta forte concorrência de países que são fornecedores tradicionais do Egito, como os países da União Europeia, Nova Zelândia e Estados Unidos.

Com a publicação do decreto, teoricamente, qualquer país que esteja apto a exportar produtos lácteos ao Egito irá se beneficiar da isenção tarifária. Lembrando que isso se aplica apenas para os determinados produtos lácteos que o decreto definiu, não são todos os produtos lácteos que foram incluídos na decisão. De acordo com o estudo da ApexBrasil, o Egito é um grande consumidor de produtos lácteos e o leite em pó é o principal produto importado pelo país árabe, para atender a indústria láctea. As importações de manteiga também merecem destaque e atendem tanto a indústria quanto o consumidor final. O Egito também importa grande volume de queijos. Em 2022, o Egito importou US$ 690 milhões em produtos lácteos, de acordo com o Trade Map (ferramenta de análise de mercado). O valor foi 11,3% maior que o total de importações destes produtos em 2021, o que revela uma demanda crescente por estes produtos pelos consumidores egípcios. A abertura do mercado egípcio aos produtos lácteos do Brasil ocorreu em outubro de 2019. Em 2022, o País exportou US$ 315 mil em produtos lácteos ao Egito.

Em 2021, exportou US$ 161 mil, o que revela um mercado ainda pouco explorado pelas empresas brasileiras. O creme de leite representa 99% de tudo o que o Brasil tem exportado de produtos lácteos ao Egito nos últimos anos, segundo o Agrostat (plataforma de estatísticas do Ministério da Agricultura e Pecuária). Com relação ao decreto que isentou a cobrança de tarifa para alguns produtos, no que diz respeito aos produtos lácteos, os exportadores brasileiros de creme de leite irão se beneficiar, uma vez que para o código HS 0401 e suas subcategorias, pelo atual calendário de desgravação tarifária (categoria C), ainda incide sobre estes produtos brasileiros uma tarifa de 1,25%, que ficará zerada por conta do decreto pelos próximos seis meses. No caso da manteiga, não haverá benefícios adicionais com a publicação do decreto, já que o produto e suas subcategorias já estão isentos da cobrança de tarifas.

No caso do queijo, o decreto isentou da cobrança de tarifa apenas os produtos sob código HS 040610 (queijos frescos não curados, incluindo o queijo de soro de leite e o requeijão), que o Brasil ainda não exporta ao Egito, mas que, na eventualidade de ocorrer uma exportação brasileira destes produtos ao país, haverá sim benefícios com a isenção da tarifa de importação. Hoje, pelo calendário de desgravação tarifária (categoria C), estes produtos estão submetidos a uma tarifa de 2,5%. O fator determinante para a compra de lácteos no mercado egípcio é o preço, em vista da situação econômica do país. A maioria dos egípcios busca alternativas acessíveis, pois alguns produtos ficaram fora de seu alcance de compra. Os consumidores de alta renda são exceção a esta tendência e buscam alimentos nutritivos e saudáveis, preferindo produtos importados, normalmente mais caros. Os produtos com potencial para venda no Egito são leite em pó, manteiga e queijos.

Mas, as empresas brasileiras irão enfrentar fortes concorrentes no mercado: Nova Zelândia, países da União Europeia e Estados Unidos, que, de longa data, já são fornecedores egípcios e possuem boa reputação. Estes produtos são utilizados como matérias-primas pelas indústrias egípcias de produção de alimentos processados prontos para consumo. Os produtos brasileiros já têm vantagens competitivas graças ao acordo de livre comércio Mercosul-Egito. Entretanto, os países da União Europeia e os Estados Unidos também possuem acordos de livre comércio com o país, o que os torna igualmente competitivos neste mercado em vista da eliminação das tarifas de importação. Há tarifa zero para manteiga e leite em pó do Brasil desde que o acordo Mercosul-Egito entrou em vigor, em 2017. Outros produtos que já se beneficiaram do cronograma de desgravação tarifária, e atualmente já estão isentos da cobrança de tarifas são queijos ralados ou em pó e leite concentrado. As demais categorias de produtos lácteos devem obter o benefício da tarifa zero de acordo com o calendário do acordo Mercosul-Egito, que será concluído em setembro de 2026. Fonte: Agência de Notícias Brasil-Árabe. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.