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11/Oct/2023

Região Sul: impactos do El Niño na produção leiteira

Diferentemente do ano de 2022, em que o fenômeno climático em ação era o La Nina, em 2023 é o El Nino que está em plena atividade. Caracterizado por um aquecimento acima do normal na região equatorial do Oceano Pacífico, os impactos do fenômeno são distintos no território brasileiro. Na Região Sul, espera-se um volume de chuvas acima do normal e um aumento da temperatura média em decorrência do El Niño. As condições oceânicas observadas e a tendência no Oceano Pacífico Equatorial, mostram valores de anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) maiores que 0,5°C desde junho de 2023, indicando condições de El Niño. Nas últimas semanas houve uma intensificação da condição, indicando uma presença do fenômeno em níveis mais elevados.

O modelo de previsão de El Niño-Oscilação Sul (ENOS), do APEC Climate Center (APCC), centro de pesquisa sediado na Coreia do Sul, identificou uma probabilidade de 90% ou mais, de que as condições de El Niño se estenderão durante os meses de primavera e início do verão 2023/2024. Além disso, o modelo também indica alta probabilidade de que o fenômeno se intensifique, chegando à categoria de classificação forte nos próximos meses, com chance até mesmo de categoria muito forte para o fim de novembro e decorrer de dezembro. O excesso de chuva nos próximos meses pode intensificar o excedente hídrico, causando o encharcamento do solo e, consequentemente, prejudicando a colheita da safra de inverno e o início do plantio das culturas de grãos. A Transpondo Consultoria Agropecuária destacou que o El Niño geralmente proporciona anos bons quando se olha o setor agro como um todo.

O fenômeno geralmente traz consigo anos bons para a Região Sul quando se fala em produtividade. A Região Sul vem três anos de seca, estiagens fortes que trouxeram grandes prejuízos. Mas, a situação não é uniforme na região. Há localidades com muitas chuvas e temperaturas acima da média, como era esperado. Por outro lado, alguns locais estão quentes e sem tantas precipitações. E ainda existe regiões que a temperatura está abaixo do esperado, como a metade sul do Rio Grande do Sul. Quanto ao milho, existe uma janela de plantio diferente entre as regiões devido as condições climáticas. Nas regiões mais quentes, o plantio é feito em julho, como o exemplo da bacia leiteira de Santa Rosa, no noroeste do Rio Grande do Sul, enquanto nas regiões com temperaturas mais amenas, o plantio é realizado em agosto. Algumas regiões foram atingidas por intempéries que prejudicaram a lavoura. Embora não seja raro, esta safra do milho sofreu até com geadas esse ano.

Então, não dá para dizer que as temperaturas estão mais elevadas do que o normal em decorrência do El Niño. O problema climático certamente afetará o desempenho da lavoura como um todo. O aumento das precipitações causa alguns tipos de problemas, e o excesso de barro nas instalações e nos locais em que as vacas transitam, tem gerado problemas para alguns produtores. O barro é um desafio no momento. E é importante lembrar que outubro, em média histórica de 30 anos, é o mês que mais chove. E as previsões indicam que o mês será de mais chuvas do que a média apresenta, trazendo uma perspectiva desafiadora. Embora os desafios aparentem ser grandes, a expectativa é de um resultado positivo das chuvas que estão por vir. Os efeitos positivos da chuva vão trazer resultados mais favoráveis do que desfavoráveis para o produtor de leite. As culturas de inverno apresentam vantagens nessas condições.

Devido aos dias mais nublados e precipitações mais intensas que aumentam a umidade e reduzem o calor, o ciclo se prolongou, possibilitando a disponibilidade desse tipo de alimento para o rebanho leiteiro. A Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Estado do Rio Grande do Sul lembrou que, além das chuvas, os dois meses finais do ano apontam temperaturas elevadas, acendendo o alerta de atenção para problemas de estresse térmico. O prognóstico indica que, além das chuvas e o barro, as temperaturas mais elevadas são um problema a mais para o fim do ano, quando falamos em produção leiteira. O cuidado que o produtor precisa ter com isso é relevante. Deve-se tentar minimizar ao máximo o estresse térmico dos animais. O conforto térmico tem impactos altíssimos sobre a produção e a produtividade dos rebanhos. Alguns outros tipos de manejos preventivos e orientações técnicas ajudam a contornar os impactos que o fenômeno climático pode causar:

- No manejo de plantas forrageiras, promover a manutenção da cobertura de solo e de boa disponibilidade de forragem, através de cargas animais adequada;

- Escalonar os períodos de plantio/semeadura das forragens cultivadas para o período de primavera/verão utilizando mudas/sementes de alto vigor, para reduzir as perdas ou atrasados de implantação que podem ocorrer devido a umidade elevada no início da primavera.

- Reduzir a carga animal na pastagem após a ocorrência de grande volume de chuva, de forma a evitar danos à pastagem pelo excesso de pisoteio;

- Indica-se fazer silagem/feno de cultivos e pastagens de inverno/primavera, visando garantir maior disponibilidade de alimento no verão para as categorias de rebanhos mais exigentes;

- Em virtude do prognóstico de chuvas acima da média climatológica, atentar para as instalações e o entorno para evitar formação de muito barro o que pode ocasionar problemas de casco.

Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.