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30/Aug/2023

M&A: Minerva Foods adquire 16 plantas da Marfrig

A Minerva Foods informou, na segunda-feira (28/08), a compra de plantas de abate e desossa de bovinos e ovinos da Marfrig localizadas na América do Sul pelo valor de R$ 7,5 bilhões. As 16 unidades adquiridas se referem a 11 plantas de bovinos no Brasil, uma unidade industrial na Argentina e outras três no Uruguai, além de uma planta de cordeiros no Chile e um Centro de Distribuição no Brasil. Pelos ativos adquiridos, a Minerva deverá desembolsar R$ 7,5 bilhões, dos quais R$ 1,5 bilhão já pagos à Marfrig no momento da celebração do contrato. As parcelas remanescentes deverão ser pagas na data de fechamento da transação, financiadas pelo banco JP Morgan. A Minerva Foods destaca que a operação contribuirá para sua estratégia de diversificação de proteínas e atuação em mercados de nicho e de alto valor agregado. As unidades de abate da Marfrig vendidas à Minerva são as de Alegrete e Bagé e São Gabriel, no Rio Grande do Sul, Bataguassu (MS), Chupinguaia (RO), Mineiros (GO), Pontes e Lacerda e Tangará da Serra, em Mato Grosso, além de outras três plantas inativas no Brasil.

Na Argentina, a Minerva compra a unidade de abate de bovinos de Villa Mercedes; no Chile, a unidade de abate de ovinos da Patagônia; e no Uruguai, as unidades de abate de bovinos de Colônia, Salto e San José. Com a aquisição dos ativos da Marfrig, ainda sujeita à aprovação de autoridades concorrenciais, a Minerva passa a ter um total de 40 plantas de abate e desossa de bovinos na América do Sul, sendo 21 unidades no Brasil, 5 no Paraguai, 6 na Argentina, 6 no Uruguai e 2 na Colômbia. No segmento de cordeiros, a companhia passa a ter 5 plantas, das quais 4 na Austrália e 1 no Chile, ampliando seu acesso a mercados premium. A aquisição dos ativos da Marfrig também elevará de forma expressiva a capacidade de abate e desossa da Minerva. No caso de bovinos, o volume passará das atuais 29.540 cabeças/dia para 42.439 cabeças/dia, incremento aproximado de 44%. Quanto a cordeiros, a capacidade total de abate e desossa chegará a 25.716 cabeças/dia.

Somada a receita líquida das plantas adquiridas com a receita líquida atual da Minerva, a expectativa é de uma receita total superior a R$ 50 bilhões. O movimento está em linha com a estratégia de diversificação geográfica e complementa a operação da Minerva na América do Sul, que é um dos mercados mais competitivos do mundo. Isso colocará a companhia em outro patamar, dará acesso a novos clientes internacionais, maximizará as oportunidades comerciais e sinergias operacionais, reduzindo riscos e ampliando a nossa capacidade de competir no mercado internacional de proteína animal. Com o negócio, a Minerva Foods passa a ser o segundo maior produtor de carne bovina na região e fortalece a posição da companhia no mercado interno. Do lado da Marfrig, maior produtora global de hambúrgueres do mundo, a operação reforça o foco da empresa em produtos de alto valor agregado e marcas.

A companhia, que controla a National Beef, quarta maior produtora de carne bovina dos Estados Unidos, e a BRF, manterá sob sua gestão complexos industriais da região que integram abate e produção de itens de alto valor agregado. A Marfrig passa a ter uma receita consolidada anual de cerca de R$ 130 bilhões. A Marfrig afirmou que, cada vez mais, se consolida como uma companhia global, com diversificação geográfica, produtos de alto valor agregado e marcas líderes em seus segmentos. A expectativa é de oportunidades de crescimento, com margens mais altas e mais resilientes. A Marfrig deu início a seu processo de foco em produtos de alto valor agregado e de marca em 2018, quando passou a controlar a National Beef, que abastece o mercado norte-americano e exporta mercados globais exigentes. De 2018 a 2022, a participação dos produtos industrializados e de marca na receita líquida da operação América do Sul saiu de cerca de 5% para quase 20%. Em 2019, a empresa adquiriu a Quickfood, na Argentina.

Em 2020, adquiriu a Campo del Tesoro, também na Argentina, focado na produção de hambúrgueres. No ano passado, a Marfrig inaugurou uma fábrica de hambúrgueres em Bataguassu (MS). Também em 2022, a Marfrig adquiriu o controle acionário da BRF. A Marfrig mantém o equivalente a 60% das receitas totais obtidas pela Operação América do Sul em 2022, com margens de dois dígitos, e continua a exportar para mais de 140 países. A companhia mantém todos os seus complexos industriais na região: Pampeano (RS), maior exportador de derivados de carne bovina enlatada para a Europa, e as unidades de abate e de processamento de produtos de alto valor agregado e de marca de Várzea Grande (MT), e de Promissão (SP). A empresa informou que também continua com sua nova fábrica de hambúrgueres de Bataguassu (MS), além do complexo industrial de San Jorge, na Argentina. No Uruguai, permanecem sob o controle da Marfrig o complexo industrial de Tacuarembó, de produção de carne orgânica, e a unidade de processados de Fray Bentos. No Chile, a companhia mantém seus complexos de armazenagem, distribuição e trading.

Segundo a Minerva Foods, as 16 plantas adquiridas da Marfrig representam quase a totalidade das unidades da Marfrig. A exceção são operações de processamento da Marfrig e algumas plantas que davam suporte para ativos de processamento da empresa. A planta adquirida no Chile já acessa mercados premium e será bastante complementar ao portfólio de valor agregado de ovinos da companhia, até então concentrado na Austrália. Quando concluída compra, três quartos da operação de cordeiro estará na Austrália e um quarto no Chile. A transação deve permitir à empresa elevar seu market share de 20% para entre 30% e 35%. Para o banco Goldman Sachs, há mérito estratégico na proposta de aquisição de alguns ativos da Marfrig pela Minerva, pois consolidaria esta última como um dos maiores produtores de carne bovina do mundo (4,4% de participação global), reforçando sua estratégia de diversificação. No entanto, a magnitude do M&A surpreende.

A transação proposta consolida a Minerva como o principal produtor de carne bovina da América Latina, aumentando potencialmente o seu valor estratégico para os investidores centrados na segurança alimentar. Parte da tese de investimento da Minerva é apoiada por seu pagamento de dividendos (payout), e a expectativa é de uma reação negativa das ações à notícia. Com a proposta de aquisição, a capacidade de abate da Minerva aumenta em 42%, incluindo Breeders & Packers Uruguay (BPU), através da incorporação de algumas unidades no Brasil (78% do total adquirido), Uruguai (16%) e Argentina (6%) e a sua capacidade de abate de ovinos aumentaria 33,8%. A Minerva concordou em pagar R$ 7,5 bilhões pelos ativos da Marfrig: R$ 1,5 bilhão na assinatura e R$ 6,0 bilhões no fechamento. Para referência, o valor de mercado da Marfrig é de R$ 4,4 bilhões. De acordo com os registros da Minerva, os ativos adquiridos geraram R$ 18 bilhões em vendas e R$ 1,5 bilhão em Ebitda nos últimos 12 meses, equivalente a 53,9% do Ebitda autônomo e implicando em um valuation de 5,0 vezes o Ebtida dos últimos 12 meses. As ações da Minerva são negociadas a 5,1 vezes o Ebitda.

A Marfrig informou que os ativos que está vendendo renderam R$ 15,6 bilhões em vendas e R$ 748 milhões em Ebitda em 2022. O preço de compra proposto moveria a alavancagem da Minerva para 3,3 vezes o Ebitda, antes do máximo de 2,5 vezes para um pagamento de 50%, o que poderia significar nenhum dividendo extra no quarto trimestre (e provavelmente um pagamento de 25% em 2024 ante nossa previsão de 50%). Os principais riscos negativos para a visão de investimento incluem: novos embargos de exportação, proibições e/ou interrupções sanitárias; desaceleração potencial na demanda da China; outras atividades de M&A (após as aquisições de ALC e BPU); volatilidade cambial; volatilidade política e macro em curso na Argentina; e aumento da concorrência para as exportações de carne bovina. O Goldman Sachs tem recomendação de compra para as ações da Minerva, com preço-alvo de 12 meses de R$ 15,80 (45% maior que o preço atual), não considerando a transação pendente em seu modelo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.