24/Aug/2023

O consumo brasileiro de carne bovina, muito atrelado à renda, está fragilizado desde o início de 2022, devido principalmente à alta da inflação. Em 2023, a demanda enfraquecida pela proteína se somou ao crescimento na oferta de bois disponíveis para o abate. Em São Paulo, no atacado, os preços da carcaça casada do boi (junção do traseiro, dianteiro e da ponta da agulha) vêm registrando fortes quedas. Na parcial de agosto, o valor médio da carcaça casada bovina está em R$ 16,50 por Kg, sendo 7,9% inferior ao valor de janeiro/2023 e expressivos 11% abaixo do de agosto de 2022, em termos reais (as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI). Trata-se, também, da menor média mensal desde setembro de 2019, quando a carcaça casada foi negociada a R$ 15,93 por Kg, em termos reais. E o traseiro, que concentra os cortes de maior valor agregado, é o que vem pressionando as cotações da carcaça casada ao longo de 2023.

Desde o início deste ano, o valor médio do traseiro já recuou 12,4%, em termos reais, com a média atual a R$ 18,53 por Kg. O dianteiro bovino, que representa os cortes de menor valor agregado, também se desvalorizou, mas de forma menos intensa, apenas 1%, negociado à média de R$ 14,29 por Kg em agosto. A ponta da agulha, por sua vez, registra média de R$ 15,57 por Kg em agosto, sendo 4,7% inferior à do início deste ano. Os altos patamares da carne no mercado doméstico assustaram o consumidor nos últimos meses. No entanto, agentes do setor estão confiantes de que a demanda possa se reaquecer neste segundo semestre, fundamentados nos atuais menores patamares da carne e na reação da renda. Assim como verificado para o mercado interno, os preços de exportação da carne bovina também estão em queda neste ano, sobretudo nos últimos dois meses. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em julho (último dado disponível), o valor médio da carne exportada pelo Brasil foi de R$ 22,18 por Kg, com queda nominal de 8,54% frente à média de janeiro/2023 e de expressivos 35% sobre a de julho do ano passado.

A desvalorização da carne embarcada pelo Brasil está atrelada à pressão exercida por demandantes externos, sobretudo por parte da China, a problemas econômicos ao redor do mundo e à valorização do Real frente ao dólar. Com isso, a diferença entre o valor da carne no mercado interno e o da exportada esteve na casa dos R$ 5,00 por Kg em julho/2023, uma das menores dos últimos anos. Como base, a diferença média dos últimos quatro anos é de R$ 7,54 por Kg. A maior diferença verificada nesse período foi de R$ 14,41 por Kg, em julho do ano passado. segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações brasileiras de carne bovina in natura somaram, até a terceira semana de agosto, pouco mais de 124 mil toneladas. A média diária de embarques está em 8,903 mil toneladas embarcadas, que, caso seja mantida até o encerramento de agosto, pode levar as vendas mensais para mais de 200 mil toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.