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21/Aug/2023

Leite: preço ao produtor recua mesmo na entressafra

O preço médio do leite cru captado por laticínios registrou a segunda queda consecutiva em junho, chegando a R$ 2,5568 por litro na “Média Brasil” líquida (Bahia, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul), recuos de 6,02% frente a maio e de 22,38% na comparação com junho/2022, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de junho/2023). Com esse resultado, o preço do leite cru fecha o primeiro semestre com média de R$ 2,7505 por litro, queda acumulada de 1,4%, mas ainda 3,31% superior à do mesmo período do ano passado. Pesquisas apontam redução em torno de 5% no preço do leite captado em julho, mantendo o movimento baixista.

A desvalorização do leite no campo, iniciada em maio, ocorre em conformidade com o movimento de queda observado ao longo de toda a cadeia produtiva, justificada pela combinação do consumo enfraquecido com a diminuição dos custos e o aumento das importações. Apesar do atual período de entressafra nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, em que a produção não é estimulada pelo clima, uma vez que o inverno seco limita a disponibilidade e a qualidade das pastagens, afetando os custos do manejo alimentar do rebanho, os preços não têm seguido a tendência sazonal de alta.

Com a demanda ainda fragilizada, a pressão dos canais de distribuição por preços mais baixos e os valores mais competitivos dos lácteos importados, as cotações dos derivados negociados pelos laticínios registraram queda em junho. Em São Paulo, os preços do leite UHT, do leite em pó (400g) e da muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição caíram 2,4%, 3,8% e 2,74% de junho para julho. As importações de lácteos caíram em julho, mas ainda permanecem em patamares elevados e com preços competitivos frente aos produtos nacionais. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, em julho, as importações caíram 12%, mas ainda superaram os 185,6 milhões de litros em equivalente leite.

Mesmo com o recuo em julho, o volume adquirido aumentou frente ao do mesmo período do ano passo, enquanto o preço caiu 6%. Esse aumento das importações justifica-se pela maior competitividade dos lácteos adquiridos do mercado internacional. A menor oferta de leite cru brasileiro no primeiro semestre elevou as cotações ao longo da cadeia produtiva, distanciando ainda mais os preços dos lácteos nacionais e dos internacionais, os quais também têm apresentado tendência de queda. Assim, o recuo dos preços do leite cru também ocorre em função dessa distância entre as cotações externas e internas.

Além disso, é preciso ressaltar que o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira caiu 1,7% em junho na “Média Brasil”, influenciado sobretudo pela desvalorização do concentrado, dos adubos e dos corretivos. Considerando a relação de troca, foram necessários 21,5 litros de leite para a aquisição de 1 saca de milho de 60 Kg, recuos de 0,5% de junho para julho e de 19,7% na comparação anual, contexto que incentiva investimentos na produção, o que tem feito a oferta de leite se recuperar mesmo na entressafra. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea registrou a terceira alta consecutiva em maio, avançando 3,54% na “Média Brasil”. Esse incremento na captação explica-se sobretudo pela queda nos custos de produção, que incentiva investimentos na atividade e que tem feito a oferta de leite se recuperar mesmo na entressafra. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.