16/Aug/2023

Segundo levantamento de intenção de confinamento divulgado pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), os pecuaristas de Mato Grosso devem confinar menos bovinos neste ano em relação a 2022. Embora a pesquisa não abarque o número total de unidades confinadoras do Estado, já que nem todas responderam ao levantamento, os números indicam a retração. Entre os 104 participantes da pesquisa referente ao mês de julho, de um total de 153 na amostra, 78,85% disseram já ter decidido confinar este ano, o que deve garantir um rebanho mínimo de 618.390 bovinos para abate ao longo deste segundo semestre. Embora em relação ao levantamento de maio tenha havido um aumento de 22,41% na intenção de confinamento, em relação a julho de 2022 houve retração de 4,47% e, ante o consolidado do ano passado, a queda é de 12,2%.

O baixo preço do boi gordo ainda é o principal fator de preocupação na tomada de decisão, motivo apontado por 76,92% dos participantes. De fato, o indicador Imea do boi gordo caiu 25,92% entre julho de 2022 e julho deste ano, de R$ 286,65 por arroba para R$ 212,35 por arroba, ou R$ 74,30 a menos por arroba vendida. Essa forte desvalorização afetou diretamente a lucratividade do produtor. O número de pecuaristas que apontaram preocupação com o preço dos insumos necessários para confinar bovinos caiu para 10,58%, recuo de 3,71% em relação ao levantamento de maio. Esse movimento foi reflexo da forte desvalorização nos preços do milho, principal insumo utilizado na alimentação de bovinos confinados. Para se ter ideia, o preço do milho disponível para compra ficou na média de R$ 32,97 por saca de 60 Kg em julho de 2023, recuo de 44,24% ante julho de 2022.

Essa queda no preço do milho fez com que o custo da diária para confinamento no estado de Mato Grosso também cedesse, de R$ 15,72 por cabeça/dia no levantamento anterior para R$ 14,75 por cabeça/dia no levantamento atual. Entretanto, apesar de ser o menor valor dos últimos dois anos, ainda está acima do observado em 2020, quando o custo médio da diária confinada em Mato Grosso estava em R$ 9,27 por cabeça/dia (valor levantado em outubro de 2020). Sob este aspecto, a maior retração nos preços do cereal favoreceu o poder de compra do pecuarista, em que a relação de troca entre boi gordo e milho ficou em 6,44 sacas por arroba em julho de 2023. O valor da diária confinada no Estado pode cair mais, tendo em vista que alguns confinadores ainda possuem "milho caro" estocado. Sendo assim, a tendência é de valores mais baixos para os próximos meses. Outro fator a favorecer o confinador é a queda nos preços do gado de reposição.

Se em julho de 2022 o pecuarista precisava desembolsar R$ 3.781,62 para a compra de um boi magro de 12 arrobas, em julho de 2023 o valor passou para R$ 2.807,86 por cabeça. Assim, o barateamento do gado de reposição pode contribuir para a perspectiva de aumento de bovinos confinados, uma vez que apresenta um peso relevante no custo de produção. A maior parte dos bovinos confinados deve ter sua entrega concentrada entre os meses de julho e novembro, com 71,08% do total indo para o gancho nesse período. Em setembro, 14,65% devem ser abatidos, e, em novembro, 14,61%. Enquanto no primeiro levantamento a maioria dos pecuaristas (13,79%) utilizou contratos futuros na B3 para travar o preço da arroba e garantir rentabilidade, neste segundo levantamento a preferência dos criadores foi por contratos a termos firmados diretamente com os frigoríficos (12,66%). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.