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16/Aug/2023

BRF divulga os resultados do 2º trimestre de 2023

A BRF registrou prejuízo líquido de R$ 1,337 bilhão no segundo trimestre de 2023, ampliando o prejuízo líquido contabilizado em igual período do ano passado, de R$ 451 milhões. No primeiro trimestre deste ano, a companhia registrou prejuízo líquido de R$ 1,024 bilhão. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado atingiu R$ 1,006 bilhão no período de abril a junho, 32,7% abaixo do montante de R$ 1,496 bilhão apurado no segundo trimestre de 2022, porém 65,8% superior aos R$ 607 milhões registrados no primeiro trimestre de 2023. A margem Ebitda ajustado foi de 8,2%, abaixo da margem Ebitda ajustado de 11,6% do intervalo correspondente do ano passado, mas avanço de 3,6% em comparação aos 4,6% do primeiro trimestre de 2023. A receita líquida chegou a R$ 12,205 bilhões no segundo trimestre deste ano, 5,7% inferior à de um ano atrás e 7,4% menor do que a do primeiro trimestre de 2023.

De acordo com a empresa, o prejuízo líquido no último trimestre é explicado, principalmente, pelo resultado operacional bastante afetado pelo preço das proteínas, especialmente de frango, que segue em níveis mais baixos em diversas localidades, comprometendo a rentabilidade do portfólio in natura globalmente; pelo impacto da dívida designada como "hedge accounting"; e por despesas financeiras líquidas de R$ 1,099 bilhão. A companhia informa que adicionou no trimestre 4,5 mil novos clientes e ampliou a presença de promotores nas principais lojas de varejo, o que contribuiu para a expansão do espaço em gôndola e para a maior aderência de preços sugeridos. No mercado internacional, conquistou 15 habilitações para exportações para Ásia (China, Japão e Singapura), África do Sul e Argentina. A melhora dos indicadores operacionais, o bom desempenho da categoria de processados no Brasil e o aumento gradativo dos preços em dólar contribuíram para a recuperação das margens (entre o primeiro e o segundo trimestres de 2023).

Dentro do seu plano de eficiência BRF+, a empresa evoluiu em todas as frentes com uma captura de R$ 540 milhões no segundo trimestre e um total de R$ 1,2 bilhão desde a sua implementação, em setembro de 2022. A BRF também informa que concluiu em julho a oferta pública de ações que injetou R$ 5,4 bilhões na empresa, fortalecendo sua estrutura de capital, reduzindo dívidas e a alavancagem. A operação contemplou um novo aporte da Marfrig e a entrada da Salic (The Saudi Agricultural and Livestock Investment Company) e representou o maior follow-on realizado na América Latina neste ano. A BRF segue focada em reduzir a dívida líquida e trazer a alavancagem para níveis adequados. Incorporando os recursos provenientes do aumento de capital em julho, a alavancagem pró-forma da BRF é de 2,42 vezes o Ebitda (relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado nos últimos 12 meses). Sem tais recursos, a alavancagem em reais no segundo trimestre foi de 3,5 vezes, ante 2 vezes em igual intervalo do ano passado.

A queda dos preços dos grãos no Brasil surtiu pouco efeito, até o momento, nos custos de produção da BRF. A redução de custos no segundo trimestre de 2023, tanto na comparação com o primeiro trimestre como ante o segundo trimestre do ano passado, tem maior relação com o programa de eficiência fabril e agropecuária da empresa, o BRF+, e menos com o cenário de queda dos preços dos grãos no Brasil e no mundo. No segundo trimestre, o custo dos produtos vendidos (CPV) por quilo caiu 3,3% em relação ao intervalo correspondente de 2022 e 3,4% ante o primeiro trimestre deste ano. Em valor, o CVP recuou 5% e 0,9%, respectivamente. Dos R$ 540 milhões "capturados" com os ganhos do programa, R$ 211 milhões foram obtidos com melhoras em eficiência agropecuária (indicadores de eclosão, mortalidade, conversão alimentar), R$ 189 milhões na área industrial, R$ 25 milhões com logística e R$ 155 milhões pela diminuição da ociosidade e de perdas.

Os ganhos acumulados a partir do quarto trimestre de 2022 somam até agora R$ 1,2 bilhão. 70% desse valor já foi reconhecido no P&L (Demonstrativo de Resultado do Exercício ou DRE). O programa BRF+ é 100% passível de ser entregue neste ano e a ideia é continuar avançando nos indicadores no próximo ano. Dados os prazos estendidos de pagamento negociados com produtores de grãos, o efeito da queda nos preços dos grãos só começará a ser percebido no quarto trimestre deste ano. Isso deve acontecer com menos intensidade no quarto trimestre de 2023 e mais a partir do primeiro trimestre de 2024. Os preços da carne de frango no Brasil e no mercado internacional se recuperaram ao longo do segundo trimestre de 2023 e estão agora estabilizados. No fim do ano, a oferta cresceu, mas no último mês o alojamento esteve mais controlado no Brasil, com diminuição de alojamento nos próximos meses.

No panorama mundial, a Europa entra num cenário de contenção de alojamentos, o mesmo nos Estados Unidos. A companhia atua em um segmento no qual a demanda costuma superar a oferta e que, por isso, é esperado que o balanço entre oferta e de manda volte a ficar equilibrado. No caso da BRF, há ajuste entre a oferta e demanda. A busca de habilitação para exportação de novas plantas (foram 15 no segundo trimestre para China, Japão, Singapura, África do Sul e Argentina) vem ajudando a empresa a contornar o cenário de preços mais baixos. O mercado Halal, que representa hoje 31% das exportações brasileiras e superou pela primeira vez o mercado asiático, explica parte da recuperação dos resultados da empresa em exportação.

No segundo trimestre, o lucro bruto da BRF com o segmento internacional, de R$ 667 milhões, caiu 49,2% ante igual período do ano passado, mas aumentou 84,9% em relação ao primeiro trimestre deste ano. A margem Ebitda (margem relacionada ao lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustada também melhorou desde o início do ano, de uma margem negativa em 1,7% no primeiro trimestre para 4% no segundo trimestre, ainda que tenha recuado em relação à do segundo trimestre do ano passado, de 15,7%. Os produtos processados vêm conquistando maior rentabilidade, enquanto os preços de carne de frango in natura estão fragilizados na comparação anual, em razão da sobreoferta de frango. Para processados o panorama é positivo e a BRF espera contar com recuperação dos preços da carne in natura. Isso deve acontecer, mas ainda não se sabe dimensionar quando e com que intensidade. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.