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10/Aug/2023

Boi: preços do bezerro já acumulam forte retração

Os preços do bezerro estão em movimento de queda desde meados de 2021. A pressão sobre os valores vem sobretudo da maior oferta, resultado de avanços no uso de tecnologias para produção (como genética e inseminação, especialmente de 2020 a 2022) e, consequente, do aumento da produtividade. Neste caso, os produtores, estimulados pelos elevados patamares de negociação da arroba bovina e pela aquecida demanda internacional pela carne brasileira, elevaram os investimentos no setor. Além disso, foi verificada uma maior retenção de matrizes entre 2020 e 2021 (vacas adultas e novilhas), justamente no intuito de se recuperar a produção. Tomando-se como base a série histórica deflacionada do Indicador do bezerro ESALQ/BM&F (nelore, de 8 a 12 meses, Mato Grosso do Sul), iniciada em 2001, observam-se quatro grandes períodos de pico e de vale dos preços dos bovinos de reposição.

E o momento atual é o que vem apresentando a queda mais intensa no preço em um menor período de tempo. O primeiro período de pico no preço do bezerro foi registrado em março de 2002, quando o Indicador atingiu R$ 1.812,40 por cabeça. Posteriormente, houve uma forte queda no valor de negociação, que chegou a 38,1% até o mês de janeiro de 2006, quando foi registrada a menor média real de preço, considerando-se toda a série histórica do Cepea. Esse primeiro período de pico e vale teve, portanto, três anos e 10 meses. O segundo período foi observado entre julho de 2008 e agosto de 2012 (quatro anos e um mês), quando o Indicador do bezerro atingiu R$ 2.090,80 por cabeça e caiu para R$ 1.551,28, ou seja, baixa de 25,8%. De maio de 2015 a setembro de 2018, a série de dados mostra retração de 34,9% no preço do bezerro. Em um período de três anos e quatro meses, o bezerro saiu de R$ 2.785,69 por cabeça e caiu para R$ 1.814,86 por cabeça.

Neste período atual, podendo ser caracterizado pelo quarto momento de pico e vale (este ressalta-se, ainda não definido), o bezerro apresenta expressiva desvalorização, de 35,6%, que vai de abril/2021, quando, inclusive, foi registrado o maior preço da série histórica (R$ 3.330,03 por cabeça), ao atual R$ 2.147,85 por cabeça, que é a média da parcial deste mês de agosto. Além da maior oferta, esse atual cenário de desvalorização do bezerro se deve também ao consumo ainda tímido do mercado doméstico e aos preços externos da carne mais pressionados. Um fator sazonal, como a chegada do período de desmama, quando há maior volume de bezerros disponíveis, principalmente entre os meses de abril e junho, também reforça o movimento de queda no preço. Nesse cenário, em determinadas regiões do País, há dificuldade de repassar lotes completos de bezerros a preços maiores, seja em leilões, seja em vendas diretas entre pecuaristas.

Parte dos agentes de mercado acredita que os valores do bovino de reposição sigam enfraquecidos até o encerramento do próximo ano, fundamentados nos fortes investimentos do setor, principalmente no mercado de genética e inseminação de matrizes. Em 2022, foram inseminadas 23,5% do rebanho de matrizes de corte, contra 26% em 2021, de acordo com o Index Asbia/Cepea. Mesmo com essa queda, o percentual de inseminação está elevado e evidencia que ainda haverá volume maior de bovinos no próximo ano. O que pode frear o atual ritmo de queda nos preços do bezerro é uma possível reaquecida nas exportações brasileiras de carne (vale lembrar que o volume escoado em julho pelo Brasil foi o menor para o mês em quatro anos), assim como uma melhora no consumo interno ao longo de 2023 e em 2024. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.