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24/Jul/2023

Argentina está enfrentando desafios no setor lácteo

O setor leiteiro da Argentina está passando por um momento difícil após a seca. Durante o Congresso de Laticínios organizado pelo Movimento Crea, que contou com a participação de 800 participantes entre produtores, empresários e profissionais do setor, procurou-se mostrar o estado atual da atividade e os caminhos para o futuro da indústria leiteira argentina. A García Hnos Agroindustrial destacou que o setor lácteo está passando por um momento complexo. O país vem de uma seca muito forte que impactou de diversas formas, mas, sobretudo, na preparação das reservas, na possibilidade de produzir alimentos. Hoje, está sendo possível sair desse momento complexo porque dá para fazer uma reserva, ainda que de segunda linha. Foi um inverno ameno, foi possível plantar gramíneas e alfafas, que estão sendo consumidas. Por outro lado, o preço dos grãos, que é um dos principais custos da fazenda, caiu há três ou quatro meses, principalmente o preço do milho, e o leite continuou subindo.

Hoje, com 1 litro de leite é possível comprar 2 quilos de milho, é uma situação de alimentação mais favorável. O benchmark da empresa, mais conhecida pela marca Tregar, apontou que o laticínio continua saindo da crise e o setor industrial vem se ajustando, acompanhando a inflação com altas. O leite está a um valor médio de 100 pesos (US$ 0,37) por litro, mas começam a faltar respostas porque a exportação está estagnada e o leite em pó está a um valor de US$ 3.200,00 a US$ 3.300,00 por tonelada. Ainda assim, no mundo, não é um valor tão ruim se for analisado, mas na Argentina é pelo diferencial cambial e porque há retenções de 9% no leite para exportação. Nesse sentido, a exportação não está ativa, não porque não possa ser feita, mas porque os números não fecham. Cerca de 20 pesos (US$ 0,075) por litro de leite são perdidos na exportação. O cenário também é complexo no mercado interno, porque há mais leite e não há válvula de exportação.

O mercado está ficando saturado e começam a surgir sinais importantes de que há excedente de leite no mercado. O futuro preocupa se não houver uma saída que poderia ser temporária com uma correção do câmbio exportável e retirada de retenções, o que permite vender para o exterior e assim descomprimir o mercado interno. O mercado interno está experimentando pequenas quedas no consumo devido à situação macroeconômica da Argentina. O setor está próximo de uma crise, porque há o pico de produção nos meses de agosto e setembro e, se não houver produção exportável, será muito preocupante porque não será possível colocar o leite e isso pode causar sérios problemas. Paralelamente à situação do comércio exterior, o consumo no mercado interno cai mês a mês, principalmente o tipo de produtos mais consumidos. Se tem commoditizado e praticamente 70% ou 75% dos produtos consumidos são produtos com pouco valor agregado como leite fluido, queijo cremoso para pizza e queijo em barra.

Caiu muito o consumo de sobremesas, iogurtes, queijo ralado, com maior valor agregado e que deixam mais rentabilidade e permitem que a cadeia de laticínios funcione melhor. O setor lácteo tem uma resiliência extraordinária que lhe permitiu ultrapassar a seca e segue apostando em mudanças importantes como a robótica e a inteligência artificial. Claramente, a produção de leite está se concentrando aos poucos em unidades de produção maiores e o Congresso do Crea mostrou isso. Os grupos de produtores que fazem parte do Crea são produtores líderes e não são a média dos produtores do país. Eles se diferenciam pela gestão da atividade. Sem dúvida, são produtores de ponta, que administram muito bem. No congresso, além de discutir o futuro, eles tentaram ver o setor leiteiro por outro ângulo, principalmente como o produtor pode fazer emocionalmente para superar crises e ser mais eficiente por unidade de produto tecnológico.

Foi dada muita atenção ao fator humano e à formação de pessoas, que é fundamental nos processos de capacitação de pessoal e na incorporação de tecnologia no laticínio. Mas, também para ajudar o produtor no planejamento e gestão. Nesse sentido, o crescimento da atividade tem ocorrido basicamente pela incorporação de insumos, mas o caminho da eficiência por unidade de insumo ainda precisa ser melhor percorrido. Não se trabalhou tanto na eficiência por unidade de insumo. Eficiência seria produzir mais com o mesmo recurso. Nisso, o agrônomo tem que contribuir e colaborar muito. Além disso, existe um espaço para os profissionais que têm que ver o que é sustentabilidade, a medição da pegada de carbono. O setor lácteo com a pecuária está sendo atacado por uma parcela da população que o rotula como poluidor devido às emissões de carbono. Há uma boa parte do que terá de ser feito no futuro em questões como com afluentes e fertilização e medição de pegadas de carbono em geral. Fonte: Edairynews. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.