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14/Jul/2023

Boi: endividamento da JBS está chamando atenção

Os investidores reagiram positivamente ao anúncio da JBS sobre a dupla listagem de ações, impulsionando as ações ordinárias (ON) da empresa ao topo do Ibovespa durante o pregão do dia 12 de julho. No encerramento, os papéis fecharam com um aumento de 9,05%, atingindo o valor de R$ 18,80. Os analistas avaliaram essa estratégia como favorável a longo prazo, mas destacaram a necessidade de se observar o impacto do pagamento de mais de R$ 2 bilhões em dividendos sobre a alavancagem da empresa. Para a Moody’s Investor’s Service, considerando que a JBS financie o pagamento extra de dividendos usando dívida, a expectativa para o índice de alavancagem (dívida líquida sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, o Ebitda), em base pró-forma em 2023, tenderia a níveis um pouco acima de 5 vezes. No fechamento do primeiro trimestre, a dívida líquida da empresa estava em R$ 83,7 bilhões, com uma alavancagem em Reais de 3,14 vezes.

O endividamento já era considerado elevado. Ele refletia, entre outros elementos, o enfraquecido fluxo de caixa das operações, em comparação com 2021 e 2022, devido aos fundamentos do mercado no segmento de carne bovina dos Estados Unidos. A Moody’s, sobre o impacto de curto prazo, a dívida incremental para um pagamento de dividendos é uma estratégia financeira agressiva do ponto de vista de crédito. A RB Investimentos lembrou que o mercado já vinha questionando a JBS por seu alto patamar de dívidas, acrescido por pagamentos de juros. A empresa tem uma despesa financeira considerável, poderia ter deixado o acionista ganhar de outra forma, pelo capital mais valorizado da ação, por exemplo. Por outro lado, a dupla listagem pode trazer condições melhores de captação de recursos em outros países, o que seria benéfico para melhorar o endividamento nos próximos anos. A longo prazo, pode ser um fator positivo. O Itaú BBA ressalta que a proposta de dupla listagem no Brasil e Estados Unidos faz parte de uma discussão antiga, que veio à tona sete anos após a primeira tentativa e está mais perto do que nunca de se tornar realidade.

Entre os principais benefícios da estratégia estaria o fechamento de uma lacuna entre os investimentos em ações da JBS e nas de seus concorrentes listados globalmente, como a Tyson Foods. A JBS também espera reduzir seu custo de capital, que atualmente está 1,5% acima da Tyson Foods e representa despesas financeiras adicionais de US$ 170 milhões por ano. Segundo o BTG Pactual, como a J&F (controladora da JBS com 49% das ações) não terá direito de votar na assembleia que deve aprovar o negócio, o BNDES, que detém 41% do free float (ações em livre circulação), terá forte influência no resultado final. O banco foi contrário à listagem no exterior no passado. A nova proposta não muda as estruturas corporativas ou operacionais, nem implica direitos diferentes para diferentes acionistas. Mas, significa que os acionistas controladores podem estar mais propensos a aceitar a diluição do interesse econômico sem abrir mão do direito de voto. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.