12/Jul/2023
No Chile, a inteligência artificial (IA) está sendo usada no setor leiteiro para ajudar no bem-estar animal. Com isso, as vacas produtoras podem gerar leite de maior qualidade. É o caso da Agrícola Ancali, que já tem projeto de utilização. A DeLaval (parceira do Dairy Consortium), empresa de robôs de ordenha e outras soluções, explica como essa tecnologia é usada no campo. As ações estão sendo realizadas em diferentes áreas e estão relacionadas principalmente ao monitoramento das vacas, onde a IA é de vital importância, por meio do uso de sensores, dispositivos, digitalização e ferramentas de computador que fazem parte do cotidiano. Os mais conhecidos são os robôs de ordenha, que fazem esse trabalho no lugar dos humanos. Estão sendo utilizados sistemas robóticos na indústria de lácteos para preparar a alimentação animal, onde os diferentes ingredientes que são dados às vacas são misturados automaticamente (com sistemas de mapeamento nos comedouros). Há alguns que até conseguem aproximar o alimento delas (empurrando-o), pois é comum que as vacas o movam quando estão se alimentando.
Existem também novos robôs na área de limpeza que higienizam o local onde vivem. O ambiente das vacas e a relação entre elas é analisado com outro sistema. Existem as chamadas redes neurais, que analisam a estrutura dos rebanhos e seu comportamento. O programa que está sendo implementado em Ancali, a maior fazenda leiteira robótica do mundo, está relacionado a câmeras de monitoramento, que por meio de IA, como aprendizado de máquina, são capazes de usar algoritmos que identificam padrões. Por exemplo, eles podem reconhecer a interação humano-animal, ou seja, como a pessoa a aborda e se causa medo, estresse ou algum tipo de dor. Não se trata de maus-tratos, mas de movimentos que podem ser bruscos e que a vaca percebe como agressivos. A ideia é não alterá-la. Por meio desse sistema, pode-se avaliar o comportamento da vaca. É algo bastante interessante e novo. Ele fornece muitas informações detalhadas para tomar decisões na hora de analisar o manejo das vacas nas fazendas. No caso da Ancali, há cerca de 90 robôs, o que a torna uma empresa comparável a outras da Europa, Estados Unidos ou Ásia.
Antes, era preciso buscar tecnologia nessas partes do planeta, mas agora técnicos vêm ao Chile para aprender. Pesquisadores e engenheiros de diversas aplicações vêm ver como está funcionando uma fazenda leiteira desse porte, para levar esse conhecimento aos sistemas produtivos dos países desenvolvidos. Em todos os países da região há progressos na implementação de um software de gestão de rebanhos, com os seus diferentes parâmetros de administração. De fato, na gestão animal, o Chile foi o primeiro a adotar este tipo de tecnologia, para posteriormente utilizar sensores em diferentes partes das fazendas leiteiras, como para a identificação dos animais, somados à utilização de acelerômetros, câmaras ou sistemas de radiofrequência. A utilização desta tecnologia pode ser suportada por redes como 4G ou 5G, permitindo ter as plataformas necessárias para poder trazer diferentes tipos de ferramentas e robôs, e poder operar na vanguarda. Os produtores nacionais as incorporam sem obstáculos e isso reflete-se nos indicadores relacionados com a inovação.
O Chile sempre foi reconhecido na região como um lugar muito ansioso por mudanças no setor agropecuário e leiteiro e no manejo animal. A inteligência artificial está sendo usada para prevenir e detectar doenças que podem afetar os animais. E as fazendas leiteiras estão gerando milhares de dados diários (Big Data), que são processados de forma rápida e em tempo real, que atendem a esse propósito. Com esse volume de informações, é possível realizar diagnósticos e antecipar cenários a curto e médio prazo. A IA está sendo utilizada fortemente para detectar o que acontece na lactação de uma vaca e estimar o que pode acontecer no período de transição (60 dias antes de ela ter outro parto). Já é possível prever o risco de surgir uma doença, como mastite ou qualquer outra. Os sistemas algorítmicos estão sendo vez mais refinados, para diferentes sistemas de produção, como vacas que estão confinadas ou livremente no pasto.
Os sistemas estão cada vez mais robustos, graças aos dados que estão sendo coletados pelo grande número de sensores colocados nas fazendas leiteiras, instalados em diferentes partes do corpo das vacas, em câmeras de monitoramento, que detectam como o rebanho se movimenta, que tipo de comportamento possui, ou sensores montados em bases móveis, como drones. Com base em todos esses dados capturados, estão sendo construídos algoritmos que permitem a tomada de decisões no futuro. A análise genética também pode determinar se uma vaca pode ser propensa a certas doenças ou se ela teria que se preocupar com os pés, úbere e outras áreas no futuro. Os marcadores genéticos são cruzados com informações dos sensores que estão capturando dados e um banco de dados robusto é construído ao qual a IA é então aplicada para previsão e prescrição. Em relação à produção, é possível prever quanto leite uma vaca produzirá. Por exemplo, é possível definir que a filha de um touro X com a mãe Y terá potencial para produzir 12.000 litros de leite por lactação. E há sensores que medem a produção diária de leite. Quase metade das fazendas leiteiras chilenas têm sistemas de registro individual. Fonte: Diário Lechero. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.