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29/Jun/2023

PR: biodigestores para a destinação dos dejetos

O governo do Paraná deu, na terça-feira (27/06), um importante passo para um plano estratégico de destinação de dejetos da produção de suínos e frangos no Estado. Capitaneadas pelas secretarias estaduais da Indústria, Comércio e Serviços (Seic) e do Planejamento (Sepl), entidades como a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), Copel, Sanepar, Itaipu, Compagás e Invest Paraná se reuniram com representantes do setor produtivo, como Ocepar, e federações da Agricultura e da Indústria, para tratar da instalação de biodigestores, usinas que usam dejetos animais para produção de energia elétrica. Levantamento da Seic aponta que só na região oeste, onde está a maior parte da produção de suínos e frangos do Estado, há capacidade para instalação de 35 biodigestores. Cada biodigestor produziria 2 Megawatts de energia por mês a partir de 2 toneladas de dejetos. A partir de setembro passa a valer o autocontrole sanitário nas unidades abatedoras, o que não vai mais exigir a presença de um fiscal do Ministério da Saúde durante a produção.

Isso vai permitir que os frigoríficos possam atuar em três turnos, aumentando a produção de proteína animal, o que demanda ainda mais atenção à destinação correta dos dejetos. Há dificuldade com licenças ambientais para novos produtores porque hoje os rios da região oeste do Paraná, onde está a maior produção de proteína animal do Estado, já estão saturados. Então, é preciso tratar esses dejetos para gerar energia limpa, alinhando produção à sustentabilidade. A instalação de biodigestores vai permitir expandir ainda mais a produção de proteína animal no Estado, uma vez que haverá destinação correta dos resíduos orgânicos. O Paraná já lidera com folga a produção de frangos no Brasil, com 2,04 bilhões de aves abatidas em 2022, representando 33,5% da produção nacional. O segundo e terceiro colocados, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, representam, respectivamente, 13,4% e 13,1%. Na produção de carne suína, o Paraná é o segundo maior produtor, com 11,5 milhões de cabeças abatidas ano passado, o que representou 20,4% da produção brasileira.

Com a iniciativa efetiva do governo do Estado instalando gasodutos e linhas de transmissão será possível colocar muitos biodigestores para tratar os resíduos, o que vai permitir o crescimento da produção de proteína animal no Paraná. Afinal, mercado não falta, já que o Estado tem o status de livre de febre aftosa sem vacinação. Para avançar, é preciso resolver o problema que hoje trava o desenvolvimento, que são os detritos da criação de proteína animal. Esse é um trabalho que vai além do RenovaPR e do Banco do Agricultor, programas que já viabilizam, com crédito subsidiado, a instalação de biodigestores em propriedades rurais. O tratamento dos dejetos animais com biodigestores passa a ter um planejamento coordenado. Essa é uma discussão estratégica para o Paraná, que lidera a produção de energia limpa no Brasil. E todo o dejeto da avicultura e suinocultura pode virar energia limpa pelo biogás através dos biodigestores.

A expectativa é de que o plano seja estruturado para que entre em curso no segundo semestre. São sete frentes de atuação para a instalação dos biodigestores: Planejamento e Legislação, Licenciamento, Fomento, Incentivos Fiscais, Inovação, Infraestrutura e Capacitação de Mão de Obra. O Paraná já produz alimentos de forma competitiva e sustentável. Agora, vai transformar as propriedades rurais em geradoras de energia limpa, o que vai gerar receita e sustentabilidade. Para a Invest Paraná, agência de negócios do governo do Estado vinculada à Seic, além de resolver o problema ambiental, a produção de energia a partir dos resíduos orgânicos também é uma oportunidade de o Paraná conquistar mais mercados para as carnes suína e de frango. Com essa destinação vai crescer a produção de proteína animal e hoje a tendência de grandes mercados é de se comprar apenas de fornecedores ecologicamente corretos. Por isso, os biodigestores só somam na produção do Paraná, que já é um Estado onde o agronegócio produz com métodos sustentáveis.

Com os biodigestores, há chance de conquistar novos mercados. O mercado europeu, por exemplo. A EnerDinBo, empresa de energia que atua com 40 produtores responsáveis pela criação de cerca de 100 mil suínos, destacou a iniciativa de se juntar esforços do poder público e do setor privado para elaborar um plano de destinação dos detritos para produção de energia sustentável. Há vários atores trabalhando de forma individual nesse sentido. Mas, agora é preciso juntar esforços para elaborar um plano de governo que seja voltado para o desenvolvimento da cadeia pecuária com desenvolvimento sustentável no tratamento desses resíduos, já que o Estado registra saturação do solo e dos recursos hídricos, principalmente na região oeste, que é maior produtora de proteína animal adensada do mundo. Fonte: AEN. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.