12/Jun/2023
A cotação do boi gordo encerrou o mês passado no menor nível em mais de dois anos e meio. A maior oferta de bovinos no mercado doméstico derrubou as cotações no campo, reduziu preços nos frigoríficos e provocou um recuo, porém em menor proporção, no custo da carne ao consumidor. A retração na cadeia de bovinos gradativamente abre a perspectiva para que o bife volte ao prato do brasileiro. A renda apertada, porém, continua sendo o principal obstáculo à retomada do consumo. Ele já foi de cerca de 33 quilos per capita no passado e recuou para 26 quilos em 2022. Em São Paulo, o boi gordo fechou maio cotado a R$ 243,25 por arroba à vista. A mínima anterior havia sido registrada em setembro de 2020 (R$ 240,45 por arroba). O resultado de maio é uma marca muito distante do pico de R$ 352,05 por arroba, atingido em 22 de março do ano passado. Neste ano, o boi gordo já caiu mais de 15% até o final de maio, em termos nominais. Se for descontada a inflação, o valor médio mensal recuou 6,17% no ano até maio. Em 12 meses, a retração foi de 15,3%.
No entanto, o consumidor tem sentido um recuo bem menor no preço da carne no açougue e no supermercado comparado ao que houve no campo. Segundo dados da prévia da inflação oficial do País, o IPCA-15, apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as carnes bovinas no varejo ficaram, em média, 3,47% mais baratas no ano até maio. É um movimento oposto ao da inflação geral no mesmo período, que subiu 3,12%. Em 12 meses até maio, a história se repete. A inflação geral subiu 4,07%, e o preço da carne bovina no varejo teve deflação de 4,89%. A volta da picanha ao churrasco do brasileiro foi uma das promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O recuo nos preços do corte, de 3,94% no ano até maio, não tem a interferência do presidente. Segundo o Cepea/USP, a atual queda de preços tem origem quatro anos atrás. Em 2019, a China ampliou fortemente as compras do produto e os preços subiram. Com isso, os pecuaristas passaram a investir cada vez mais e ampliar o rebanho.
Houve muito investimento em genética, nutrição, manejo, redução na idade de abate, inclusive produzindo bovinos mais pesados. Esse aumento na oferta de boi gordo aparece no crescimento do volume de abates, observa a Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA). No primeiro trimestre deste ano, o número de bovinos abatidos aumentou 4,7% em relação ao mesmo período de 2022, segundo o IBGE. Isso mostra a maior oferta de bovinos disponíveis no mercado. Paralelamente, as exportações de carne brasileira para a China, o principal comprador, ficaram suspensas cerca de um mês, entre fevereiro e março deste ano, por causa de um caso atípico de “vaca louca”. Isso turbinou ainda mais a oferta do produto. Quando a China voltou às compras, houve uma certa recuperação de preços. No entanto, esse movimento não se sustentou. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.