01/Jun/2023

Os preços do bezerro (de 8 a 12 meses), do boi gordo para abate e da carne bovina negociada no mercado atacadista recuaram com certa força ao longo de maio. Esse movimento verificado em toda a cadeia pecuária nacional está atrelado sobretudo à maior oferta de bovinos neste final de safra. A maior disponibilidade de gado em 2023, especialmente de fêmeas, por sua vez, é resultado de investimentos realizados pelo setor pecuário nos últimos anos e do período de desmame. Vale lembrar que dados oficiais de abate mostraram crescimento no número de vacas abatidas ao longo de 2022. E essa tendência vem sendo verificada também em 2023, com frigoríficos relatando maior participação de fêmeas nas escalas.

Segundo relatos de agentes, em alguns casos, as fêmeas chegam a representar 50% do abate. E isso se deve justamente à desvalorização dos bovinos de reposição, que vem sendo verificada, de modo geral, desde 2021, e que desestimulou pecuaristas a segurarem as fêmeas e a produzirem mais bovinos. O bezerro nelore de 8 a 12 meses, negociado em Mato Grosso do Sul (representado pelo Indicador ESALQ/BM&F), está cotado a R$ 2.220,45 por cabeça, com significativa baixa de 10% no acumulado de maio. Esse atual patamar de negociação, na casa dos R$ 2.200,00 por cabeça, não era registrado desde o início de outubro de 2020, em termos nominais.

A média mensal do Indicador do bezerro está em R$ 2.282,97 por cabeça, sendo 6% inferior à de abril/2023 e 12,49% abaixo da de maio/2022, em temos reais (os valores médios mensais foram deflacionados pelo IGP-DI). Trata-se, também, da menor média mensal desde novembro de 2019. Quando analisada a variação dos preços médios do bezerro de janeiro a maio de anos anteriores, notam-se altas de 2013 a 2015, quedas de 2016 a 2018, e, novamente, elevações entre 2019 e 2021, e desvalorizações em 2022 e em 2023, caracterizando um ciclo produtivo atual de maior produção. E a desvalorização do bezerro ao longo dos últimos dois anos coloca certa pressão sobre os preços do boi gordo.

Assim, mesmo diante das exportações de carne bovina em patamares elevados, a maior oferta de bois no campo resulta em queda nos preços da arroba. O preço médio do boi gordo em São Paulo fechou o mês de maio a R$ 241,75 por arroba, forte retração de 11% no acumulado de maio e o menor patamar nominal desde o início de setembro de 2020. A média mensal está em R$ 264,81 por arroba, com baixas de 7,35% frente à do mês de abril e de 15,3% na comparação anual. A média de maio é a menor, em termos reais, desde outubro de 2019, quando o valor deflacionado foi de R$ 251,44 por arroba.

Diante da pressão sobre os preços no campo, os valores da carne negociada no atacado de São Paulo também passaram a recuar com certa intensidade. Assim, depois de permanecer em relativa estabilidade por meses (de agosto de 2022 até o final da semana passada), a carcaça casada do boi é negociada nas casas dos R$ 18,00 por Kg e R$ 19,00 por Kg. A carne teve média de R$ 17,38 por Kg no fechamento de maio, com queda de 7% no mês passado. Trata-se do menor valor diário nominal desde o final de dezembro de 2020. A média de maio do preço da carcaça casada foi de R$ 18,17 por Kg, recuos de 5% frente à média de abril e de 10% em relação à de maio/2022, em termos reais. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.