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15/Mai/2023

Boi: JBS divulga resultados do 1º trimestre/2023

A JBS encerrou o primeiro trimestre de 2023 com prejuízo líquido de R$ 1,5 bilhão ante lucro líquido de R$ 5,142 bilhões, ou R$ 2,29 por ação, verificado em igual período de 2022. A receita líquida foi de R$ 86,683 bilhões, queda de 4,6% em relação aos R$ 90,866 bilhões do primeiro trimestre do ano passado. Já o Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) diminuiu 78,6%, passando de R$ 10,084 bilhões para R$ 2,162 bilhões. A margem ficou em 2,5%. A dívida líquida da companhia somou R$ 83,746 bilhões, 26% superior ao reportado em igual trimestre de 2022, de R$ 66,488 bilhões. Em dólares, a dívida líquida aumentou 17,5%, de US$ 14,033 bilhões para US$ 16,484 bilhões. A alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, ficou em 3,14 vezes em Reais e 3,16 vezes em dólares no primeiro trimestre, contra 1,36 vez e 1,53 vez, respectivamente.

Na comparação com o índice do trimestre anterior, o último de 2022, a alavancagem estava em 2,29 vezes em Reais e em 2,26 vezes em dólares. O resultado financeiro líquido da empresa ficou negativo em R$ 1,55 bilhão, contra um resultado também negativo de R$ 210,073 milhões no primeiro trimestre de 2022. Por unidade de negócio, o Ebitda ajustado da JBS Austrália recuou 104%, seguido pela JBS Beef, que caiu 97,2%, JBS USA Pork, com queda de 81,2%, enquanto o da Seara recuou 76,1% e o da Pilgrim's Pride caiu 56,5%. O Ebitda ajustado da JBS Brasil diminuiu 32,3%. No primeiro trimestre do ano, a Seara teve receita líquida 8,9% maior do que em igual período do ano anterior, para R$ 10,329 bilhões. A companhia atribui o resultado a um aumento de 7% no volume vendido e de 2% no preço médio de venda. As vendas no mercado interno, que responderam por metade da receita da unidade, totalizaram R$ 5,2 bilhões, aumento de 13,5% ante igual período de 2022.

No mercado externo, a receita líquida da Seara foi de US$ 991 milhões, um crescimento de 5,3% em relação ao primeiro trimestre de 2022. No trimestre, a queda do preço foi resultado do excesso de oferta de aves global, impactando os preços em dólares. A JBS Brasil apresentou receita de R$ 12,2 bilhões, queda de 15% ante o primeiro trimestre de 2022. A JBS disse que no mercado doméstico o cenário macroeconômico continua bastante desafiador, pressionando o consumo de carne bovina. A venda na categoria de carne bovina in natura caiu 5% na comparação anual, apesar da queda de 6% dos preços médios, parcialmente compensado pelo aumento de 1% nos volumes. No mercado externo, a receita foi 39% menor na mesma base comparativa. Na América do Norte, a receita líquida no período foi de R$ 27,4 bilhões, 5,6% a menos em relação ao primeiro trimestre, com um Ebitda ajustado de R$ 116 milhões, e margem Ebitda ajustada de 0,4%.

Esses resultados incluem o impacto da apreciação de 0,6% do câmbio médio, que foi de R$ 5,22 no primeiro trimestre de 2022 para R$ 5,19 agora. A oferta de gado se manteve baixa, prejudicando as margens da JBS USA Beef. Segundo a empresa, o resultado do primeiro trimestre de 2023 não representa o potencial da companhia, que já vislumbra melhorias, com a perspectiva é de recuperação nas margens. O segundo trimestre e o terceiro trimestres de 2023 tendem a ser melhores, principalmente na unidade de negócios dos Estados Unidos, somado a melhorias na logística mundial. Isso ajuda, e é importante para atuar na Ásia. É algo favorável, assim como a queda nos preços do milho. As cotações do cereal têm despencado no mercado interno, por causa da safra recorde de inverno do grão referente ao ciclo 2022/2023.

Sobre o desempenho da JBS Austrália no período, cuja receita líquida foi de R$ 7,2 bilhões, queda de 2,3% ante o primeiro trimestre de 2022, a empresa não mudou de opinião em relação à operação e há otimismo. Há gado disponível no pasto e essa oferta deve começar a chegar. O país estava reconstruindo o rebanho, mas ainda não está disponível. Observa-se melhoria gradual no negócio. Em relação ao consumo de carne bovina no Brasil, o ciclo pecuário positivo no País, com a maior disponibilidade de boiadas prontas, já está pressionando a arroba do boi no mercado físico, mas ainda é prematuro dizer se haverá queda nos preços da carne no mercado doméstico. Isso tudo pode levar a carne bovina a ter sua competitividade de preços em comparação com as outras proteínas. A JBS deve voltar a apresentar resultados positivos nos próximos trimestres, principalmente no segundo semestre de 2023. A companhia tem despesas financeiras baixas, com a fixação de custos da dívida em níveis baixos, que foram fixadas antes da subida da taxa de juros (que hoje está em 13,75%).

Em geral, o período de janeiro a março tende a ser o pior trimestre do ano e o resultado financeiro referente a este intervalo. Diversos fatores pesaram e aconteceu uma coisa muito rara, que foi um combinado de todos os segmentos da companhia estarem com a margem menor. Os preços dos grãos, especialmente o milho, cujas cotações têm despencado, vão ajudar a melhorar a rentabilidade da JBS ao longo do ano. Sobre o possível financiamento de fornecedores no período, dada a restrição de crédito no País, a JBS não atuou neste sentido, mas houve redução de fornecedores do quarto trimestre de 2022 para o primeiro trimestre de 2023. Mas, é algo sazonal, que acontece todo ano. Ocorre quando o pecuarista pede para empresa pagar pelos bovinos somente no ano da virada. De janeiro a março de 2023, a dívida líquida cresceu em US$ 1,3 bilhão por causa do consumo do capital de giro de US$ 949 milhões, do uso do Capex de US$ 331 milhões e dos juros provisionados no valor de US$ 258 milhões.

Os resultados da Seara no primeiro trimestre de 2023 foram afetados por dois problemas. Um deles foi o preço das aves no mercado internacional, com a maior oferta global, que contribuiu para achatar os preços de venda, e o outro foi em relação à produtividade e eficiência. Na parte agropecuária de aves, a JBS teve dificuldades de levar a operação com normalidade. Isso impactou tanto na eficiência de produção, quanto no volume produzido. A cadeia está totalmente integrada. Quando a parte agropecuária não funciona como esperado são criadas oscilações na cadeia inteira. A situação das aves está entrando na normalidade. Isso impactou em 3% na margem da Seara. O desempenho dos industrializados da marca, pelo contrário, continua bem.

A Seara inaugurou fábrica de empanadas e está para inaugurar outras fábricas. Há perspectiva de aumento de volume de produção em torno de 20%. O que aconteceu na Seara foi algo pontual. Já a JBS USA enfrenta desafios internos e teve desempenho abaixo do esperado no primeiro trimestre de 2023, tanto na parte industrial, quanto na parte comercial. A empresa performou abaixo do que é capaz. Há mudanças para fazer para melhorar resultados. A perspectiva é de que o negócio seja normalizado. Neste ano e em 2024, a previsão é de recomposição de rebanho bovino. Nos Estados Unidos, observa-se redução no abate de fêmeas. Com isso, a rentabilidade será normalizada. O segundo semestre de 2023 deve ser melhor em relação as margens. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.