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11/Mai/2023

Carnes: cenário mais favorável ao setor neste ano

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), uma queda dos preços do milho no Brasil para os menores níveis em quase três anos deverá dar um alívio para as indústrias de carnes de aves e suínos em 2023. A indústria ainda com uma recuperação no consumo brasileiro no segundo semestre e exportações recordes do setor de frango neste ano. O milho, principal matéria-prima da ração que juntamente com a soja responde por cerca de 70% do custo de produção do frango, acumula redução de aproximadamente um terço nos preços nas principais regiões do Brasil, à medida em que se espera colher uma nova safra recorde neste ano. Isso deve aliviar empresas de alimentos como a BRF, que registrou prejuízos consecutivos em 2022, muito por conta da disparada nos custos das matérias-primas para ração.

Com este cenário, a indústria brasileira de carnes deve manter seus preços sob controle e está confortável para esperar a entrada da maior safra do cereal do Brasil a partir em junho, enquanto os agricultores podem ser obrigados a vender, já que lidam com um déficit de capacidade de armazenagem de grãos agravado neste ano por uma histórica colheita de soja. A indústria está sem pressa de comprar milho. A produção e a exportação de carnes devem aumentar este ano. Os compradores de grãos estão recuperando um pouco do que se perdeu no passado. Os preços do milho estão próximos de romper a barreira dos R$ 60,00 por saca de 60 Kg (Campinas - SP), segundo indicador do Cepea/Esalq, registrando recuo de mais de 28% no acumulado de 2023, enquanto em 2022 as agroindústrias viram picos de mais de R$ 100,00 por saca de 60 Kg em março, após o início da guerra na Ucrânia.

Nos piores momentos da oferta, a indústria de carnes chegou a pagar prêmios sobre o milho contratado para exportação para reter o grão no mercado brasileiro. Além de ser o maior exportador de carne de frango, o Brasil também é um dos líderes na exportação global do cereal. O setor agora vê preços do milho abaixo de R$ 60,00 por saca de 60 Kg na Região Centro-Oeste, principal produtor nacional, mas também não acredita em reduções mais acentuadas. O milho não deve retroceder muito, o que é bom para toda a cadeia, pois mantém o produtor com apetite de plantar, e para indústria conseguir equilíbrio no custo. De acordo com consultorias privadas, com a confirmação de uma safra recorde perto de 130 milhões de toneladas, o Brasil ainda poderá exportar volumes também históricos em 2023, superiores a 45 milhões de toneladas.

Também colaborou com a situação atual do mercado o fato de empresas de carnes terem feito mais estoques de milho. Em função de especulações do passado, as empresas tiveram uma compra um pouco mais adiantada. Esta adequação do custo repõe o equilíbrio no setor, permitindo que exista uma estabilidade de preços de carne de aves e suínos no produtor, que ainda não conseguiu repassar para o varejo todo o aumento de despesas do passado, que incluiu maiores gastos com embalagens e energia. Quando tem redução no custo de produção, o setor consegue manter preços estáveis para atender a população precisa. Se a indústria de carnes vê melhor conjuntura na parte dos custos, do lado da demanda também há expectativa de uma recuperação do consumo interno no segundo semestre, enquanto as exportações de carne de frango têm projeções de recordes. O cenário favorece a indústria de carnes e os produtores de milho. A situação é mais positiva em 2023.

No caso de aves, suínos e ovos, há dois vieses positivos: recuperação do mercado interno no segundo semestre e mais exportações. As exportações brasileiras, no caso das aves, estão sendo impulsionadas por casos de gripe aviária que limitam a produção e exportação de países produtores, enquanto o Brasil não tem registro da doença, além de uma demanda forte de países como a China. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam que a exportação brasileira de carne de frango vai crescer 8% em 2023, enquanto o segundo exportador global, os Estados Unidos, avançarão apenas 0,9%, e o terceiro maior exportador (União Europeia) terá recuo de 2,6%. Na carne suína, um recente surto de peste suína africana (PSA) na China deverá voltar ser uma oportunidade para o Brasil. A doença tem gerado um abate de matrizes antecipado, que pode resultar em uma queda na produção chinesa de até 10%. Isso é mais do que toda a produção brasileira. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.