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11/Mai/2023

Boi: Minerva divulga resultado do 1º trimestre/2023

A Minerva Foods registrou lucro líquido de R$ 114 milhões no primeiro trimestre de 2023. O valor representa estabilidade (-0,52%) ante o lucro de R$ 114,6 milhões reportado em igual período de 2022. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em R$ 531,9 milhões, queda de 17,7% sobre os R$ 646 milhões verificados no mesmo intervalo do ano anterior. A margem Ebitda foi de 8,3%, ante 8,9% no primeiro trimestre de 2022. A receita líquida obtida entre janeiro e março somou R$ 6,381 bilhões, 11,7% a menos sobre os R$ 7,229 bilhões obtidos nos três meses do ano anterior, segundo a empresa. As exportações continuam correspondendo a mais da metade da receita obtida pela Minerva, cerca de 63% do acumulado, ou R$ 4,260 bilhões, enquanto o mercado interno foi responsável por quase 40% do total, ou R$ 2,549 bilhões. O resultado destaca a assertividade da estratégia de diversificação geográfica. Fundamental durante o período das suspensões temporárias da carne bovina brasileira para a China, nos proporcionando um footprint, flexibilidade operacional e comercial.

A empresa atende à demanda dos chineses, por meio das operações na Argentina e no Uruguai. O índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) ficou em 2,6 vezes, superior a um ano antes, quando o índice era de 2,5 vezes. Segundo a companhia, a mudança ocorreu após o desembolso de R$ 245,2 milhões para a aquisição da Australian Lamb Company (ALC). A Minerva também informa que o volume de vendas subiu 0,6% no primeiro trimestre deste ano, passando de 275,7 mil toneladas para 277,4 mil toneladas. O resultado foi beneficiado, em parte, pelas vendas da ALC que vieram full no período, acrescentando cerca de R$ 500 milhões nas vendas da empresa. Ajudou a compensar outras operações. Em contrapartida, no primeiro trimestre de 2023, os abates diminuíram 4,3%, para 836,3 mil cabeças. A Minerva mostrou desempenho positivo em um trimestre desafiador e, como estratégia, segue integrando as operações.

A empresa está alavancando o bovino dentro dos canais de ovinos e de ovinos dentro dos canais de bovinos. Tudo isso para que os clientes tenham mais disponibilidade e para estar mais próxima do consumidor final. A companhia afirma, ainda, que efetuou o pagamento de dividendos complementares no montante de R$ 208,6 milhões, ou cerca de R$ 0,36 por ação. No exercício fiscal de 2022, a distribuição de proventos da Minerva totalizou R$ 336,7 milhões ou R$ 0,58 por ação. Apesar da suspensão dos embarques de carne bovina para a China, a Minerva Foods apresentou resultados positivos no primeiro trimestre de 2023, o que fortalece a diversificação geográfica da companhia. A empresa está cada vez menos dependente de um destino só. As vendas no período melhoraram a outros destinos, como em países das Américas e do Sudeste Asiático. A estratégia de arbitragem permite à empresa tomar decisões comerciais e operacionais de maneira mais eficiente, capturar maior rentabilidade e minimizar o risco.

O Brasil representa menos de 50% do faturamento da companhia e, cada vez mais, a Minerva investe para arbitrar em outras origens. Sobre fusões e aquisições, a empresa atua sempre para avançar na cadeia e se aproximar dos clientes. Não é uma situação conjuntural que vai mudar estratégia da companhia. A estratégia de longo prazo não mudou. Houve duas situações no 1º trimestre de 2023: o banimento da China e a situação creditaria do Brasil. Quanto ao Brasil, o consumo de carne bovina não tem muita perspectiva de melhora, como já vinha sendo observado desde o ano passado. A inflação em alta e o aumento no desemprego são alguns fatores negativos. Se olhar no histórico, quando a massa salarial recua, não há força no consumo. A possibilidade de queda nos preços do boi gordo no mercado físico, por conta do ciclo pecuário positivo, deve limitar o avanço dos preços da proteína vermelha no mercado interno. Por isso, a rentabilidade, em grande parte, deverá vir das exportações.

A empresa melhorou suas margens por conta do financiamento da cadeia ao longo do primeiro trimestre. Foi possível ter boa margem bruta por habilidade na compra de boiadas. A situação econômica da Argentina é observada de perto pela Minerva Foods, que continua vendo volatilidade no país. A empresa deixa todos os passivos em moeda local e ativos em moedas fortes. Todo o caixa da companhia é transformado em boi no país, que está dolarizado. É uma forma de se preservar. De toda forma, o mercado doméstico continua demandando bem, mas é necessária uma transformação na economia argentina. Cada vez mais, o câmbio vai se alinhar e diminuir seu spread com o câmbio oficial. Os preços da carne bovina no mercado internacional devem apresentar melhora, e é algo que já está acontecendo. O mercado fica preocupado quando vê queda nos volumes embarcados, mas há delay, de até dois meses, nesses dados.

O levantamento semanal da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), é uma boa bússola para se ter em relação a demanda internacional pela proteína brasileira, mas as estatísticas estão um pouco defasadas no que está acontecendo na realidade. A previsão da Minerva é de crescimento da demanda chinesa. A perspectiva é de que a China tenha estoques limitados em virtude da oferta global restrita de outros players e pelo avanço no consumo doméstico, principalmente entre as classes média e média alta. Essa oferta restrita de outros países está beneficiando a América do Sul em novos mercados, como o México por exemplo. A demanda do mercado mexicano está alinhada com a demanda do Chile, e talvez ainda melhor do que Chile. A redução da oferta dos Estados Unidos abre oportunidades para a Minerva. México, Japão, Coreia do Sul, Taiwan, mas, principalmente, dentro do mercado norte-americano, há otimismo. A sustentabilidade virou “barreira” para acessar determinados mercados e, por isso, é importante que a empresa esteja inserida nas pautas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.