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24/Abr/2023

Resultado do 26º Ranking dos Maiores Laticínios

O 26º Ranking dos Maiores Laticínios do Brasil trouxe os resultados referentes ao ano de 2022. Uma iniciativa e realização da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), a pesquisa recebeu o apoio da Confederação da Agricultura (CNA), Embrapa Gado de Leite, G100, Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e Viva Lácteos, com o patrocínio exclusivo da ABS Brasil. A versão 2022 completa 26 anos de levantamentos ininterruptos com a maioria das empresas participando desde o ano de 1997. No levantamento de 2022, participaram do ranking catorze empresas de laticínios e cooperativas, duas pela primeira vez, sendo que do total, sete são cooperativas e sete são empresas privadas. O volume total de recepção do leite foi de 8,4 bilhões de litros, registrando uma queda anual de 2,4% e representando 35% de toda a captação de 2022 (total Brasil), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), avançando em 4% frente a representatividade de toda a captação de 2021.

Algumas empresas que integrariam o ranking foram convidadas a participar, mas não responderam à pesquisa da Abraleite, como Cemil, Italac, Lactalis, Vigor (Lala) e Tirol. Ao contrário do que ocorreu em 2021, em 2022 a variação anual negativa no volume captado pelas maiores empresas do mercado foi inferior a variação da captação total do País segundo o IBGE (que foi de -5,0% em relação ao volume de 2021). Pelo terceiro ano consecutivo, o Laticínios Bela Vista seguiu como a mais bem colocada no ranking, com uma captação de cerca de 1,57 bilhões de litros de leite em 2022, seguida novamente pela Unium, Intercooperação de Lácteos das Cooperativas Frisia, Castrolanda e Capal, que captaram aproximadamente 1,3 bilhões de litros de leite. Na variação anual em relação a 2021, o Laticínios Bela Vista teve um recuo de 11% no total captado, enquanto a Unium apresentou uma variação anual positiva, mas sutil (de 0,1%).

Porém, após dois anos consecutivos mantendo o TOP 3 no ranking, em 2022 esse cenário se alterou por conta do terceiro colocado, que passou a ser a Alvoar Lácteos, que não existia em 2021, e que em 2022 representa a união dos Laticínios Betânia e Embaré, enquanto em 2021 participava da pesquisa somente a Embaré. Dessa forma, a Nestlé, que passou por uma queda anual na captação de 11,4%, passou a ser a 4° empresa do ranking. Outro ponto importante em relação ao ranking é a origem do leite captado. Em 2022, enquanto a representatividade do leite captado diretamente de produtores aumentou de 75% para 79%, a participação do leite de terceiros no ranking diminuiu de 25% para 21%, sendo que vale destacar que, com a criação da Alvoar Lácteos, o número de produtores subiu significativamente, sendo esse o principal fator atrelado a essa mudança, já que a maior parte das empresas apresentaram recuo no número de produtores diretos.

Ao todo, houve um incremento de 2.243 produtores nas empresas participantes em 2022, sendo que somente em relação a Alvoar Lácteos, o incremento registrado foi de 3.111 produtores. Enquanto em relação ao volume de leite captado de terceiros, a maior parte das empresas também apresentou uma variação anual negativa, com somente a Aurora apresentando um significativo aumento nesse volume, que passou de 10,7 milhões de litros em 2021 para 22,6 milhões de litros em 2022, volume ainda baixo levando-se em consideração todo o volume captado pela empresa em 2022. Em relação a produção média dos produtores, 2022 encerrou apresentando um recuo de 3,1% em relação a produção média de 2021, que foi de 450 litros/dia para 436 litros/dia em 2022. Porém, quando comparado o resultado de 2022 com o resultado de 10 anos atrás (2012), houve um importante crescimento de 57,4%, reforçando a tendência de crescimento médio do volume por produtor de leite no mercado.

Em relação a produção média diária por produtor por empresa, a Unium ocupou a primeira colocação, com uma média de 2,86 mil litros por dia por produtor, um avanço de 17,8% em relação ao resultado obtido pela empresa em 2021 (de 2,43 mil litros produzidos por dia por produtor). A Danone, segunda colocada, também apresentou uma importante variação anual de 11,8%, com 1,73 mil litros de leite por dia por produtor em 2022. Duas questões principais vêm das informações obtidas pelo ranking: queda de 17% no volume comprado de Terceiros por estas indústrias (maior importância dada ao leite direto de produtores); apesar do volume captado pelas indústrias do ranking ter caído 2,4%, essa redução é a metade da redução observada em todo o mercado pelo IBGE (-5%). O ranking confirma participação das maiores indústrias captando volume próximo a 35% do mercado formal brasileiro, junto com as outras empresas que não participaram, o grupo congregaria quase 50% do leite formal brasileiro. Assim, as sinalizações transmitidas por estas empresas aos seus produtores tem relação direta com a evolução do setor de produção de leite em todo o País, dada a importância e abrangência do grupo.

Sobre a consolidação em curso no setor industrial, não há problema na consolidação em si (vislumbra uma profissionalização do setor com ou sem ela) e indica que os resultados e consequências dela são bastante dependentes de como funcionará no futuro do mercado a lei de oferta e demanda; se houver demanda, é bastante possível que a consolidação traga maior profissionalização no setor e nas relações produtor indústria (com maiores e melhores critérios de qualidade na precificação do leite e etc.). Se não houver demanda e houver muita importação de leite (como no atual momento), esta relação produtor-indústria tende a uma profissionalização mais lenta. Também sobre a consolidação do setor industrial, a ABS Brasil considera que ela é natural para o setor, tanto entre os produtores quanto nas indústrias. Considera que o melhoramento genético não é uma demanda só do produtor de leite. Volume, sustentabilidade financeira e ambiental, boas práticas e bem-estar animal também são demandas dos laticínios e a empresa apoia a iniciativa da Abraleite para entender os caminhos do setor industrial brasileiro e o atendimento destas suas demandas.

Na avaliação da Abraleite, o ranking espelha a situação vivida no mercado em 2022 de redução na oferta de leite, em decorrência da soma de diversos fatores dentre eles o clima, altos custos de produção nas propriedades leiteiras e das indústrias (ainda efeito da pandemia e guerra no Leste Europeu) e queda no consumo. Esta situação de redução na oferta e consequente queda na captação de leite pelos laticínios, não favorece nenhum dos segmentos do setor lácteo. O aprendizado desta situação é que, como o setor trabalha com fatores que não tem como controlar, produtor e indústrias devem procurar, se possível em conjunto, ganhos de produtividade para que possam enfrentar situações semelhantes no futuro. Espera-se que os fatores de mercado não dificultem a consolidação de atores do setor leiteiro, como indústrias de laticínios e cooperativas, que são um elo de ligação da produção com a comercialização. Fonte: Abraleite. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.