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18/Abr/2023

Leite: captação nacional registrou queda em 2022

A produção leiteira é uma atividade agropecuária de longo prazo, visto que os investimentos para a instalação ou expansão da produção são altos, e os resultados desses aportes tendem a retornar em ritmo mais gradativo. Em contrapartida, o desinvestimento e/ou a saída da atividade muitas vezes ocorre de forma um pouco mais rápida, seja pela boa liquidez dos rebanhos ou mesmo pela possibilidade de alteração na dieta das vacas em momentos adversos de clima, ou principalmente de custos elevados, como ocorrido nos últimos anos na pecuária leiteira do Brasil. Dados da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE de 2022 mostram retração de 5,05% na captação do leite no País em relação ao volume total de 2021.

O Brasil registra assim o montante de 23,8 bilhões de litros captados em 2022, contra 25,1 bilhões em 2021, configurando o segundo ano consecutivo de redução na quantidade de leite adquirido, além do menor volume dos últimos seis anos. Quando analisado o estado de Minas Gerais, que, além de ser o principal produtor nacional, possui distintas realidades de produção leiteira, observa-se queda de 5,9% na captação, resultado acima do nacional. Em consequência dessa restrição da oferta no campo, o leite UHT em 2022 apresentou preços recordes. O produto atingiu R$ 6,50 por litro no atacado de São Paulo em julho/2022.

No ano, no estado de São Paulo, houve retração de 6,36% na captação. Com a mesma intensidade, o preço pago ao produtor chegou a R$ 3,57 por litro na “Média Brasil” (Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás, São Paulo e Bahia), sendo outro recorde histórico da série do Cepea. Além do clima adverso em algumas regiões, os custos de produção e as margens estreitas da atividade influenciaram a redução na oferta do leite. Os dados do Projeto Campo Futuro mostram significativo aumento de 50% no Custo Operacional Efetivo (COE) no acumulado de janeiro de 2020 a fevereiro de 2023 para a “Média Brasil”.

Em 2022, houve certa estabilidade dos custos mesmo diante do cenário de inflação global, com alta de 2,5%, sendo um panorama mais positivo frente aos anos anteriores. O COE subiu 18,7% em 2021 e 23,4% em 2020. Ressalta--se, entretanto, que os custos e os preços dos insumos continuam historicamente elevados, pressionando, assim, as margens da atividade. E o principal fator que elevou os custos nos últimos anos foi a valorização da dieta total, seja para adquirir as rações concentradas, ou para produzir o volumoso na propriedade. Em 2021, em um espaço de tempo relativamente curto, os produtores se viram diante de uma nova realidade de preços dos insumos, acompanhada por períodos de significativa perda no seu poder de compra.

Nota-se que a relação de troca do leite com o concentrado com 18% de proteína bruta (saca de 40 Kg), para Minas Gerais, especialmente ao longo dos seis últimos trimestres, esteve em patamares historicamente elevados, sendo necessários praticamente 1 litro de leite, ou até mais, para adquirir 1 Kg da ração. Nota-se que, dentro de uma década, essa relação nunca permaneceu por tanto tempo em um patamar tão desfavorável ao produtor como nos últimos anos. Além disso, essa relação só foi mais favorável, ou abaixo da média histórica, para os meses quando o preço do leite foi negociado acima dos R$ 3,00 por litro. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.