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17/Abr/2023

Leite: indústria brasileira quer incentivar consumo

Depois de dois anos seguidos de baixa de vendas de leite longa vida, algo que essa indústria não viu em seu histórico recente no País, as gigantes do ramo se uniram para investir R$ 12 milhões em um movimento para incentivar o consumo da bebida. Com a inflação e a queda do poder de compra das pessoas, as vendas de leite das integrantes da Associação Brasileira da Indústria de Lácteos Longa Vida (ABLV) caíram 5% no ano passado em comparação a 2021, chegando perto de 6,4 bilhões de litros, segundo uma estimativa prévia. O resultado oficial deverá sair em algumas semanas. Em 2021, o volume já havia recuado perto de 3,5%. O cenário atual incentivou as indústrias a trabalharem numa ofensiva de comunicação, algo que não era levado adiante pela ABLV há pelo menos 15 anos. Mas, o efeito do cenário macroeconômico não é o único motivo. O produto tem sofrido ataques nas redes, e a ideia é informar sobre a qualidade nutricional do alimento.

Em época de “creme de leite” feito de arroz, “carne” de laboratório e uma miscelânea de novidades vistas no mundo alimentício, a ideia da indústria é entregar informações sobre a bebida, sem fazer ataques a outros segmentos. A partir deste domingo (16/04) entrou no ar a campanha “A vida pede leite”, que será veiculada em tevês abertas e por assinatura, e contará com um exército de influenciadores (em torno de 60 pessoas) nas redes sociais. Além disso, os milhões inicialmente investidos por Piracanjuba, Lactalis, Jussara, Italac, Alvoar (Betânia e Embaré) e outras marcas que estão sob o guarda-chuva representativo da ABLV, também vão fomentar equipes que visitarão nutricionistas e médicos. O universo dos lácteos longa vida, que além do leite UHT soma achocolatados, creme de leite e leite condensado, é bilionário. Entre os associados e não associados da ABLV move-se R$ 50 bilhões anuais. A ideia é atrair apoiadores para o movimento. É impossível passar todas as informações em um filme de tevê.

O trabalho será distinto, portanto, em cada uma das ações, embora os movimentos tenham objetivo comum de distribuir informação e promover o consumo de leite. Em um dos filmes que serão veiculados em tevês, por exemplo, escuta-se de uma interlocutora animada que “leite é tudo” e que o alimento é uma importante fonte de cálcio e proteínas. Em redes sociais ou para o público médico, a disseminação de informações será mais detalhada. O momento para o início do trabalho é ideal na avaliação da ABLV, já que, mesmo que o cenário econômico não esteja tão favorável, o consumo da bebida se recupera. Uma explicação é o recuo de patamares de preços em comparação aos picos de 2022, quando o leite chegou a puxar a inflação de alimentos. Uma pesquisa recente da Kantar informa que o consumo de leite cresceu 3,2% no primeiro bimestre de 2023, para perto de 1,2 bilhão de litros. A bebida alcança 99% dos lares brasileiros.

A ABVL acredita em recuperação de vendas aos níveis de 2021 neste ano porque os preços dificilmente chegarão aos níveis de 2022. Haverá mais leite disponível no mercado interno, sendo a importação de Argentina e Uruguai uma dessas fontes de fornecimento. O custo do leite em pó dos países vizinhos, aliás, é agora mais competitivo que o do produto nacional, indica boletim da consultoria MilkPoint Ventures. Relatório elaborado pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), com base em dados do governo federal, informou nesta semana que as importações de derivados cresceram perto de 200% entre janeiro e março deste ano, para 65,5 mil toneladas. Afora isso, espera-se que as fazendas brasileiras retomem os volumes produção. Para a ABLV, a produção pode se recuperar dos 5% de queda registrados em 2022, quando o campo entregou 23 bilhões de litros, dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.