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11/Abr/2023

Leite: Região Nordeste elevou a captação em 2022

A captação de leite recuou no Brasil no ano passado, em grande parte por causa da estiagem na Região Sul do País, mas uma área do Agreste da Região Nordeste, que historicamente enfrenta problemas com a falta de chuvas, foi na direção oposta. As fazendas leiteiras de Sergipe, Alagoas e Pernambuco (uma área identificada por pesquisadores como Sealpe) captaram perto de 750 milhões de litros em 2022, um volume quase 15% maior que o do ano anterior. O leite que essa parte do Agreste (faixa entre o Sertão e a Zona da Mata) entregou é quase a metade do volume de todo a Região Nordeste, onde a captação aumentou 4% no ano passado.

De todas as regiões do País, apenas o Nordeste ampliou a captação formal de leite em 2022, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A produção de leite deverá crescer 3% na Região Nordeste neste ano. No País, o avanço deverá ser mais modesto, em torno de 1,2%. As Regiões Sul e Sudeste, com 9 bilhões de litros anuais cada uma, ainda lideram a produção da matéria-prima no País. Mas, no ano passado, os volumes nessas regiões caíram 2,7% e 6,3%, respectivamente, pressionados pelo aumento de custos e pelo clima desfavorável. O avanço da captação de leite no Agreste deve-se a uma série de fatores.

Um dos mais citados é o desenvolvimento da produção da palma forrageira, um cacto que retém água e serve para alimentar o rebanho. Segundo a Universidade Federal Rural de Pernambuco, o cultivo da palma, que começou em meados dos anos 1990, foi determinante para “segurar” os níveis da produção de leite no mais recente (e longo) ciclo de seca na região, entre 2012 e 2018. Embora não resolva 100% da necessidade nutricional dos bovinos, a planta é palatável às vacas leiteiras. Embora a região seja seca, ela recebe um volume de chuvas superior ao de outras área de clima semiárido mundo afora, como Espanha e Chile. São 700 litros por metro quadrado. A questão é a eficiência no uso.

Os custos mais baixos que os de outros polos de produção também são vantagens comparativas: a palma é mais barata que o milho, base da alimentação dos animais em outras partes do País, e o preço da terra também é inferior ao de outras regiões. No Sealpe, especificamente, há agricultores de todos os portes, mas a maior parte é de pequenas fazendas. Outro elemento fundamental para o aumento da captação de leite na Região Nordeste foi a melhoria genética do rebanho, que reúne as raças holandesa e girolando, e a retenção de fêmeas. Os últimos três anos de chuvas ajudaram muito. O clima, no entanto, é instável, o que fez com que laticínios que tentaram se instalar na Região Nordeste vivessem experiências ruins na busca por matéria-prima. Foi o caso da Parmalat no passado.

Já a Alvoar Lácteos, que é o quinto maior laticínio do País, nasceu da fusão entre a cearense Betânia, uma líder na Região Nordeste, e a Embaré (de Minas Gerais). As chuvas ajudaram no avanço recente, mas, historicamente, os aumentos de produção no Nordeste são “voos de galinha”: a produção cresce e a seca dizima. Então, demora mais uns quatro ou cinco anos para ela voltar ao patamar anterior. Para a Alvoar Lácteos, a continuidade do aumento de produção em um ritmo mais estável daqui para a frente ainda é uma incógnita. Porém, apesar dos desafios, a Betânia nunca ficou sem leite e capta 99,9% do volume de matéria-prima na Região Nordeste. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.