ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

04/Abr/2023

Lácteos e as perspectivas para o mercado mundial

No âmbito da atividade anual Price Outlook 2023: estimativa do preço do leite e contexto internacional organizada pelo Instituto Nacional do Leite do Uruguai (Inale) foi dada uma visão geral do que pode ser esperado para o mercado internacional de lácteos no futuro. Nesse sentido, destaca-se a relevância de o Uruguai analisar o que tem acontecido com o preço do leite em pó integral, já que representa 60% da pauta de exportação do país e é o principal produto de um concorrente direto como a Nova Zelândia. Em relação ao que se observa no início de 2023, mantém-se a oferta de leite dos principais exportadores lácteos, embora existam expectativas de crescimento moderado segundo previsões de entidades como o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e o Rabobank. Do lado da demanda, as expectativas se concentram na China, principal player importador de lácteos do mundo.

Com uma oferta de lácteos que cresce pouco ou está relativamente estagnada, o que acontecer com a China será decisivo para ver como evoluirão os preços do leite em pó integral. Um dos elementos onde ainda não há dados é sobre como o consumo tem se comportado após as medidas de relaxamento da política anti-Covid que a China resolveu em fevereiro passado, embora não haja elementos para pensar que a Covid-19 tenha desacelerado o crescimento estrutural do consumo da classe média de produtos alimentícios, como laticínios. Para o primeiro semestre, o Inale não espera mudanças significativas nos preços dos lácteos, embora possam haver altos e baixos em torno dos níveis atuais. A China retomará os níveis mais altos de importação no segundo semestre. Isso deve ter impacto numa recuperação dos valores caso o gigante asiático mantenha os níveis de compra dos últimos anos.

Relatório recente divulgado pela Federação Internacional de Laticínios (IDF) afirma que o consumo total de laticínios globalmente aumentará 24% até 2031, ou um aumento de 1,7% ao ano. O Relatório Global de Tendências de Marketing da IDF avaliou 22 países. Porém, permanece a dúvida sobre de onde exatamente os lácteos virão, já que as coletas e saídas da União Europeia (UE) permaneceram um tanto estáticas nos últimos dois anos, exceto a Irlanda, que avançou com sua produção de leite, com pouco mais de 9 milhões toneladas de leite de vaca coletadas na Ilha Esmeralda em 2021. A Itália também obteve ganhos, de pouco mais de 13 milhões de toneladas em 2021. Tanto a França quanto a Alemanha apresentaram uma pequena queda na produção de leite, e na Holanda, a produção continua caindo. A Polônia estava em alta em 2021, mas não se conhecem os números em 2022, quando começou a guerra na Ucrânia.

Até agora neste ano, a temporada leiteira está vendo uma queda na produção de leite na Áustria, uma queda de 6,6% entre julho de 2022 e janeiro de 2023, enquanto a produção da Nova Zelândia caiu em 2%. O interessante é que o fim das cotas deveria aumentar a produção da maioria dos países da União Europeia, mas mostra que há outras forças em ação além do sistema de cotas. Como visto nos últimos anos, muitas forças fora do controle da indústria exercem pressões na própria indústria. Os Estados Unidos estão produzindo mais e exportando mais, então esse é um país que deverá aumentar a oferta. Olhando para o mercado geral, a Ásia responde por 24% da produção global (outra força que impulsionará o mercado), enquanto a América do Norte responde por 15% e a Europa por 20%. Os países Extra-União Europeia respondem por 10% da produção total. Fonte: Dairy Industries International e Tardaguila. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.