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30/Mar/2023

Itália contra inovações tecnológicas em proteínas

O governo da Itália aprovou, na terça-feira (29/03), um projeto de lei que proíbe o uso de alimentos e ração animal produzidos em laboratório, com o objetivo de salvaguardar o patrimônio agroalimentar do país. Se a proposta for aprovada pelo parlamento, a indústria italiana não poderá produzir alimentos ou rações “a partir de culturas de células ou tecidos derivados de animais vertebrados”. A violação das regras pode resultar em multas de até 60.000 euros (cerca de R$ 336.000,00). Para o Ministério da Agricultura e Soberania Alimentar da Itália, os produtos de laboratório não garantem qualidade, bem-estar e proteção da cultura e tradição do país. O ministro da Agricultura da Itália, Francesco Lollobrigida, é membro sênior do partido de direita Irmãos da Itália, da primeira-ministra Giorgia Meloni.

A administração nacionalista de Meloni prometeu proteger os alimentos da Itália de inovações tecnológicas vistas como prejudiciais e deu novo nome ao Ministério da Agricultura, agora denominado “Ministério da Agricultura e Soberania Alimentar”. O lobby agrícola Coldiretti, elogiou o movimento contra “alimentos sintéticos”, dizendo que uma proibição é necessária para proteger a produção doméstica dos ataques de empresas multinacionais. O projeto de lei estipula que as fábricas onde ocorrerem violações podem ser fechadas e os produtores podem perder o direito de obter financiamento público por até três anos. A iniciativa irritou as organizações que, em toda a Europa, apoiam o desenvolvimento de produtos agrícolas baseados em células, bem como grupos de direitos dos animais. Para o Good Food Institute Europe, a aprovação de tal lei encerraria o potencial econômico deste campo nascente na Itália, atrasando o progresso científico e os esforços de mitigação do clima.

A rede de empresas de alimentos Cellular Agriculture Europe observou que a Itália está limitando as opções para os consumidores preocupados com o bem-estar animal e o impacto ambiental de suas escolhas alimentares. O grupo antivivissecção LAV chamou o projeto de lei de “uma cruzada ideológica e anticientífica contra o progresso”. Afirma que a carne de laboratório, produzida a partir de células de animais vivos, representa uma boa alternativa à criação e abate intensivos. A proibição da carne à base de células não é a única iniciativa de Meloni para impedir que alimentos não convencionais sejam servidos nas mesas italianas. Na semana passada, ela disse que o governo estava preparando uma série de decretos para introduzir rótulos informativos em produtos contendo ou sendo derivados de insetos, em meio a um debate sobre o uso da farinha de grilo. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.