21/Mar/2023
Com os embarques de carne bovina para China paralisados há quase um mês, o setor pecuário brasileiro pode ter algum tipo de prejuízo caso a suspensão perdure por um longo período. As razões que levaram ao auto embargo do Brasil, que passou a valer em 23 de fevereiro, após a confirmação de um caso atípico de “mal da vaca louca”, no Pará, já foram esclarecidas e agora a decisão sobre a retomada das exportações depende apenas da China. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) diz que os frigoríficos atuam para evitar prejuízos e, para isso, optam por estocar a carne que não vão exportar. Eles têm capacidade para fazer isso. No entanto, a partir do momento que a suspensão se prolonga, é possível que o setor comece a registrar pressão de margens, como a queda nos preços do boi gordo, diminuição dos abates e a possibilidade de redirecionamento da produção para o mercado interno. Mas, não toda.
Na balança comercial, dados preliminares da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), mostram que a exportação da proteína continua com bons volumes embarcados. As duas primeiras semanas de março totalizaram embarque médio diário de 8,4 mil toneladas, reflexo da carne certificada pré-embargo. Os impactos do embargo devem aparecer entre fim de março e início de abril. A flutuação de preços continuará mínima, enquanto o setor passa por um período de alta oferta de fêmeas para abate e na ausência do mercado chinês. As exportações de proteína vermelha representam pouco mais de 3,2% da balança total do Brasil ao ano. Observa-se um crescimento na participação, mas ainda não é tão expressivo quanto outros itens, como soja e minério, que o Brasil exporta para China.
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP) aponta que os dados parciais do mês ainda não mostram a ausência da China, uma vez que foram embarcados os contratos realizados previamente. Isso é natural. Vale lembrar que outros mercados estão comprando também. É possível que o País sinta os efeitos do auto embargo nos números fechados de março, abril, caso a suspensão perdure. Segundo a CNA, a expectativa é de que a China volte a comprar a carne brasileira de forma mais rápida do que o último episódio em 2021, quando o Brasil teve dois registros de caso atípico de “vaca louca”, e a ausência durou pouco mais de 100 dias. A demanda chinesa pela proteína continua forte e a projeção é de aumento das compras neste ano.
Em meio ao contexto de preços mais baixos, não é esperado que a China segure o embargo de forma tão forte. O Brasil é grande fornecedor de carne bovina para China e os preços da proteína brasileira estão mais baratos do que a de outros players exportadores, como Austrália e Estados Unidos. No segundo semestre de 2022, a China começou a pressionar os preços, e em janeiro/2023 estava pagando menos do que US$ 5,00 por Kg. Esse pode ser um fator que leve autoridades chinesas a buscar a solução. A ida de Lula à China, na próxima semana, favorece o cenário. A solução deve ser mais rápida do que foi em 2021. O mundo todo está com custo em alta, inflação. A visita do presidente ajuda a negociar, rever acordos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.