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20/Mar/2023

Suíno: PSA na China deve ampliar compras do Brasil

Os casos de peste suína africana (PSA) recentemente descobertos em plantéis na China, somados a um menor número de matrizes, que foram descartadas ao longo do segundo semestre de 2022 por causa do excesso de produção de carne suína, devem limitar a capacidade produtiva no país e reduzir a oferta da proteína neste ano. Com oferta restrita e demanda aquecida, os preços internos devem subir, e para frear esta valorização, a China terá de ampliar suas importações da proteína, inclusive do Brasil. Tanto o Rabobank quanto a Embrapa Suínos e Aves consideram que somente no curtíssimo prazo a oferta interna de carne suína deve crescer na China, proveniente do abate de suínos saudáveis, como medida para evitar a contaminação dos plantéis. Após essa reação, porém, a China vivenciará uma escassez de carne suína por causa do abate de matrizes que ocorreu anteriormente para frear a queda de preços da carne.

Além disso, a PSA tem algumas cepas que também podem reduzir a produtividade. Como forma de prevenir a contaminação, os produtores chineses já estão abatendo suínos "antes do tempo", mesmo recebendo valores mais baixos das indústrias, para não correr o risco de ter plantéis contaminados e de um prejuízo total. Com o aumento momentâneo da oferta, os preços da carne suína até recuaram um pouco em fevereiro no mercado doméstico, mas a tendência, após o escoamento desta carne, é a de que as cotações subam entre o fim deste trimestre e o começo do próximo. Basicamente porque há uma melhora na demanda chinesa por carne suína. A reação no consumo é motivada pelo fim das restrições impostas pelo governo para conter o avanço da Covid-19 na China. Havia uma demanda reprimida que será liberada agora.

Caso a previsão se comprove, a carne suína do Brasil poderá ser demandada para saciar o apetite chinês, estratégia que também será usada para baixar os preços internos da proteína, que é a principal consumida pela população local. O aumento nos preços da carne suína na China pode viabilizar mais as exportações brasileiras. A China vinha recompondo o rebanho suíno e se aproximando do mesmo volume que tinha antes de ver seu plantel dizimado, há 5 anos, justamente por causa da PSA. A Embrapa lembra que em 2018 a China produzia pouco mais de 53 milhões de toneladas de carne suína ao ano e que, em 2022, estava próximo dos mesmos 53 milhões de toneladas. Então, qualquer 1% de redução na produção agora já é muito. E, se demandarem a proteína do Brasil, podem comprar praticamente tudo o que o País exporta. No ano passado, as exportações brasileiras de carne suína in natura e processada recuaram 1,4% em volume, para 1,12 milhão de toneladas, e diminuíram 2,6% em receita, para US$ 2,572 bilhões, em comparação com 2021, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Se a demanda for muito grande, pode ser difícil para China encontrar essa oferta no mercado mundial. Isso certamente vai abrir oportunidades também para as carnes de frango e a bovina. Dados do escritório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em Pequim já indicavam que a PSA poderia limitar a oferta na China. A projeção do USDA, divulgada no início deste mês, previa uma queda de 2% na produção de suínos em 2023, para 700 milhões de cabeças. Em 2022, os baixos preços de suínos forçaram muitos produtores a reduzirem seus estoques de matrizes por causa de dificuldades financeiras. A produção de carne foi revisada e ficará em 55 milhões de toneladas. A demanda por produtos suínos deve se fortalecer em 2023. Na época, o país parecia ter se adaptado a produzir, mesmo com a ocorrência de PSA em plantéis. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.