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14/Mar/2023

Boi: margens de comercialização da carne bovina

Acompanhar o ciclo de preços pecuários e o rendimento absoluto dos bovinos é essencial para compreender a dinâmica da cotação do boi gordo e comercialização da carne bovina. A cadeia produtiva da carne bovina engloba diversos segmentos, tais como produtores, indústrias de insumos (genética, sanidade, nutrição etc.), frigoríficos, atacadistas e, olhando para a ponta final, o varejista. A margem de comercialização no mercado varejista é maior quando comparada ao mercado atacadista. Lembrando que margem não é lucro, visto que não considera os custos de produção e apenas se comparam os preços de compra e de venda. Acompanhar o ciclo de preços pecuários e o rendimento absoluto dos bovinos, bem como as margens obtidas pelo varejo e o atacado, é essencial para compreender a dinâmica da cotação do boi gordo e comercialização da carne bovina. A Scot Consultoria calcula índices da relação entre o preço pago pelo bovino frente ao valor da venda da carne e coprodutos.

O Equivalente Scot Desossa é um indicador obtido da relação entre o que é pago pela arroba do boi gordo e o preço da venda carne sem osso, couro, sebo, miúdos e derivados. Entre 2010 e 2018, a margem no mercado atacadista esteve acima da média (18%), com queda pontual em 2016. A partir de 2019, com a virada no ciclo de preços pecuários, provocado pela retenção de fêmeas, as margens caíram, atingindo o momento mais crítico em 2020 e 2021, com queda de 11,4% e 10,92%, respectivamente, em relação à média para o período. Com a retenção de fêmeas e, consequentemente, queda na oferta de bovinos, a cotação da arroba do boi gordo subiu. Em 2022, o quadro mudou com a maior oferta de gado (descarte de matrizes). A margem aumentou 60%, ou 4,24 pontos porcentuais frente a 2021. A melhora, apesar de estar abaixo da média, ocorreu devido à queda na cotação da arroba do boi gordo.

Nos últimos 12 anos, a média de preços no mercado varejista, com relação aos preços vigentes no mercado atacadista de carne sem osso, foi de 61,8%. A margem caiu desde 2018 e o pior patamar foi em 2021 (34,9%). Em 2022, a pergunta recorrente foi: o preço do boi caiu, mas o preço da carne não. Por quê? Não caiu, pois, ao que tudo indica, o mercado varejista aproveitou a queda do preço da carne para recuperar a margem perdida nos anos anteriores. No último ano, a demanda por carne bovina aumentou (mercado externo e interno), devido às campanhas eleitorais, queda na taxa de desemprego e pagamento de auxílios à população. Atrelado a esses fatores, não houve repasse da queda da arroba do boi gordo/preços no atacado pelo varejo, com a realização de promoções pontuais para o escoamento da carne bovina, sem fortes impactos nas margens. Assim, a margem do mercado varejista subiu 22,7% na comparação feita ano a ano, aproximando-se, novamente, do nível histórico. Fonte: Alcides Torres. Fonte: Broadcast Agro.