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08/Mar/2023

Gripe Aviária poderá arrefecer a partir de março

A partir dos informes enviados entre 2005 e 2019 (que abrangem 18.620 surtos enfrentados por 76 países, blocos e/ou territórios), a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) efetuou uma decomposição sazonal e de tendência da Influenza Aviária. O resultado obtido mostra que os menores níveis de disseminação são registrados no mês de setembro (início do outono no Hemisfério Norte), aumentam a partir de outubro e atingem o pico em fevereiro (meados do inverno). De acordo com essa sazonalidade, pode-se esperar sensível decréscimo no número de casos da doença. Mas, não necessariamente, pois as curvas obtidas refletem os casos registrados até 2019. Porém, de 2020 para cá, especialmente em 2022, a doença adquiriu características totalmente diferentes, até mesmo inéditas. Nunca anteriormente a mortalidade causada às aves selvagens atingiu o nível observado no ano passado e neste ano.

Até pouco tempo atrás sabia-se que muitas delas (patos, por exemplo) eram quase naturais portadores do vírus, mas em geral de forma assintomática. Isso mudou em 2022, pois, somando-se aos milhões de aves que morreram nas criações avícolas comerciais (pela doença ou submetidas a sacrifício sanitário, na tentativa de evitar maior disseminação do vírus), há também milhões de aves selvagens mortas naturalmente pelo H5N1. Outro fato, também pouco registrado em eventos anteriores, tem sido o crescente número de casos em outros animais, como os mamíferos (pelo menos 17 espécies já foram afetadas), indicando que esse tipo de Influenza deixou de ser apenas “Aviária”: tornou-se “Animal”. A princípio, acreditava-se que a contaminação de outras espécies animais se devia à ingestão de aves infectadas. Mas, esse conceito caiu por terra depois que a doença dizimou, na Espanha, uma criação comercial de martas destinadas ao fabrico de peles e, no Peru, já matou mais de 3.000 leões marinhos.

O vírus mudou, pois esse é princípio básico de todo ser vivo modificar-se/adaptar-se para poder sobreviver. Mas, muito mais que o vírus, quem mudou foi a Natureza, diariamente agredida pela insensibilidade humana. O recrudescimento de males antigos aparentemente controlados, assim como os fenômenos meteorológicos extremos são apenas algumas das consequências dessa agressão. A experiência acumulada pela ciência no desenvolvimento surpreendentemente rápido das vacinas contra a Covid-19 vai permitir que, logo, se disponha também de uma nova vacina contra a Influenza Aviária. Capaz não só de controlar a doença na avicultura comercial, mas também de equacionar as limitações (especialmente as de ordem comercial) que tornam reticente ou impeditivo seu uso mais amplo. Mas, é impossível vacinar as aves selvagens. Por isso, tudo indica que a Influenza Aviária veio para ficar. Enfrentá-la, a despeito de uma vacinação futura, será o desafio contínuo com o qual a avicultura terá que conviver. Fonte: AviSite. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.