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08/Mar/2023

Nestlé planejando investimentos no Brasil em 2023

Cachorro, gato, chocolate, biscoito, leite e café. É nessa mistura que a Nestlé está apostando suas fichas para investir R$ 2,5 bilhões neste ano no Brasil, seu terceiro mercado, atrás de Estados Unidos e China. No ano passado, quando faturou R$ 20,9 bilhões no Brasil, havia aplicado R$ 1,3 bilhão. Também neste ano, a maior empresa de alimentos industrializados do mundo tem dois problemas para resolver no País: a crise na Americanas, que lhe deve R$ 260 milhões, e a compra da Garoto, feita há 20 anos e que volta a ser avaliada pelo órgão antitruste. Os recursos neste ano vão para as operações de alimentos para cães e gatos, chocolates, biscoitos, lácteos e cafés. O plano é aumentar a produção para abastecer o mercado interno e exportar. O orçamento inicial desenhado para este ano previa investimentos de R$ 2 bilhões, já incorporando R$ 500 milhões que não foram gastos em 2022 pois algumas obras atrasaram. Mas, agora, o martelo foi batido em R$ 2,5 bilhões.

O Brasil é o maior mercado da América Latina para ração de animais de estimação. São mais de 100 milhões de ‘pets’ no País. Segundo dados da consultoria Statista, o Brasil tinha 140 milhões de animais de estimação em 2019. O plano da Nestlé é aproveitar o rebanho de gado no País para abastecer de insumos a produção de ração para cães e gatos. Nesse segmento, com a marca Purina, a companhia vai aumentar a capacidade instalada da fábrica de Ribeirão Preto (SP), de 180 mil toneladas/ano para 230 mil. Esta unidade da Nestlé já exporta parte de sua produção. Também está sendo construída uma fábrica em Vargeão (SC) para produzir sachês para cães e gatos. Deve ser inaugurada em março de 2024, com ração úmida, e capacidade para 30 mil toneladas por ano. A ração seca deve começar a ser produzida cinco meses depois, em agosto. Na divisão de chocolates e biscoitos, o plano também é ampliar a capacidade de produção.

Mas em chocolates, em particular, a Nestlé tem um problema antigo para resolver no Cade: a compra da Garoto, feita há 20 anos. O negócio permitiu que a Nestlé, que tinha uma fatia de cerca de 30% do mercado brasileiro de chocolates, abocanhasse 55% em 2002, quando fechou o negócio. Dois anos depois, o Cade vetou a operação e a Nestlé levou o caso à Justiça. Agora, volta ao órgão antitruste. Outro problema é a Americanas, que está em recuperação judicial e deve R$ 260 milhões à Nestlé, quase o triplo do débito a ser pago pela varejista à Mondelez, outra grande fabricante de chocolates. Sobre o caso Americanas e o impacto nas relações com o varejo, a Nestlé está assumindo uma postura de maior rigor, de não tomar tanto risco, em especial em um ambiente no qual o custo do dinheiro está caro. O varejo no Brasil é dinâmico e complexo. A Nestlé, assim como outros credores, deve provisionar as perdas com Americanas no balanço deste ano.

No ano passado, a Nestlé faturou R$ 20,9 bilhões no Brasil, um salto e tanto em relação aos R$ 16,28 bilhões de 2021. A receita subiu porque a companhia aumentou preços, mas o volume também cresceu. No mundo, a Nestlé subiu preços e perdeu volume. Ainda há pressão de custos atrelados a matérias-primas, energia e despesas trabalhistas neste ano. Além disso, o cenário é de inflação alta. deve haver uma melhora a partir do segundo semestre deste ano ou em 2024. A solução, então, é ganhar produtividade. Nessa linha, a Nestlé realocou sua operação de serviços administrativos na América Latina. A folha de pagamentos para a região, por exemplo, que era rodada no Brasil, passou a ser feita pela Nestlé do Paraguai. O custo nessa operação caiu 50%. Agora, a Nestlé no Brasil não “exporta” mais esse serviço para suas coligadas na região. Quem faz isso são os funcionários da multinacional no Paraguai. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.