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06/Mar/2023

Lácteos: Vigor está enfrentando desafios no País

A Vigor, controlada pelo grupo mexicano Lala, está mexendo em posições de liderança de sua estrutura. Uma nota distribuída internamente na companhia, informa sobre mudanças nas áreas de marketing, comercial e planejamento estratégico. As mudanças ocorrem após a troca recente de comando e de conversas dos controladores mexicanos com bancos de investimentos para uma possível venda da companhia, cinco anos após a entrada da Lala no negócio. As operações da Vigor no Brasil estão deficitárias e a companhia conversou há dois meses com o Bradesco BBI sobre uma saída do negócio. Os controladores não conseguiram se adaptar ao mercado brasileiro. O grupo Lala quer vender a empresa brasileira desde 2021. A empresa estaria sendo “ofertada” por um banco a potenciais compradores por um quarto do valor pelo qual foi comprada em 2017. O grupo adquiriu o controle da Vigor da holding J&F, da família Batista, por R$ 4,3 bilhões.

Embora ainda não haja um mandato oficial de venda, potenciais interessados já foram sondados. Os controladores têm dito que não querem sair do Brasil, mas o grupo mexicano chegou a bater na porta de líderes do segmento, como a francesa Lactalis. A J&F estaria entre os potenciais interessados no negócio, o que seria uma recompra: a família vendeu Vigor, Eldorado e Alpargatas em 2017, quando o conglomerado passou por forte turbulência. O marco da crise foi o dia 17 de maio daquele ano, quando gravações do presidente Michel Temer feitas pelo empresário Joesley Batista vieram à tona, no episódio que ficou conhecido no mercado como “Joesley Day”. O brasileiro Luis Gennari deixou a presidência da Vigor, que comandava desde 2020. O motivo da saída ainda é desconhecido. No comunicado distribuído internamente sobre a troca de lideranças nas áreas citadas, o executivo Cesar de los Santos, que integra o grupo controlador mexicano, é citado nominalmente como o presidente da empresa.

Para empresários e altos executivos do segmento, a razão para o grupo querer livrar-se do negócio é o retorno insatisfatório. A Vigor não é uma empresa que faça muito sentido economicamente. No último balanço da Vigor disponível, de 2021, a empresa teve receita de R$ 2,6 bilhões, montante 5,3% menor que o de 2020. A companhia teve Ebtida negativo de R$ 1,2 bilhão (no ano anterior, ela havia tido lucro de R$ 46,1 milhões), resultado atribuído à reavaliação de valor de ativos (“impairment”). De um ano a outro, a receita líquida do Lala cresceu 7,4%, para US$ 4 bilhões, e o resultado líquido subiu 18,5%, para US$ 69,6 milhões, de acordo com o Valor Data. Fontes ligadas ao segmento disseram que há “desafios” para a compra de leite cru (matéria-prima) e que seria necessário fazer ajustes nas linhas de produtos para que a companhia seja mais rentável. A Vigor não tem uma garantia de suprimento de leite cru muito boa. Com isso, ela fica mais suscetível a preços do mercado spot negociação de compra e venda de leite entre indústrias.

A Vigor, dissociada da Itambé, é uma empresa pequena, que perdeu portfólio complementar e viu seu custo operacional subir. Na época que foi comprada pelos mexicanos, a Vigor detinha 50% da Itambé, os outros 50% eram da Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR). Vigor e Itambé foram separadas, e esta hoje pertence à Lactalis. Dados da Euromonitor mostram que, apesar de a Vigor ser uma marca “pop”, reconhecida no Brasil, sua participação total no mercado brasileiro de lácteos, incluindo iogurtes, sobremesas e outros itens, praticamente não mudou desde 2017. A fatia da Vigor saiu de 1,7% naquele ano para 1,8% em 2022, enquanto o mercado total de derivados lácteos cresceu perto de 46%, para US$ 23 bilhões no ano passado no País. A companhia conseguiu ganhar espaço investindo na divisão de queijos, mas perdeu participação significativa em refrigerados (como iogurtes e sobremesas). Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.