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03/Mar/2023

Marfrig: resultados globais do 4º trimestre de 2022

A Marfrig Global Foods encerrou o quarto trimestre de 2022 com prejuízo líquido de R$ 628 milhões, revertendo lucro líquido de R$ 650 milhões em igual período de 2021. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) foi de R$ 2,2 bilhões, recuo de 52,1% ante o quarto trimestre de 2021. O Ebitda ajustado recuou 46,8%, de R$ 4,181 bilhões para R$ 2,225 bilhões no quarto trimestre de 2022, enquanto a margem do Ebitda ficou em 6% contra 17,5% um ano antes. Já a receita líquida aumentou 56,2% nos últimos três meses do ano, de R$ 23,94 bilhões em 2021 para R$ 37,38 bilhões em 2022. De acordo com a empresa, a dívida líquida subiu 76,4%, de RS 21,92 bilhões para RS 38,68 bilhões no período. A alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado, passou de 1,51 vez no quarto trimestre de 2021 para 2,99 vezes em reais e 2,95 vezes em dólares no quarto trimestre de 2022.

O fluxo de caixa livre da companhia ficou em R$ 936 milhões no período. A Marfrig informou, ainda, que realizou pagamentos de mais de R$ 600 milhões em dividendos a seus acionistas. A operação América do Norte, capitaneada pela National Beef, registrou receita líquida de R$ 16 bilhões (US$ 3 bilhões) no quarto trimestre, recuo de 10,3% em relação a igual período de 2021. O Ebitda ficou em RS 751 milhões (US$ 144 milhões), queda de 81,1% na mesma base comparativa. Além disso, o lucro bruto recuou 69,5% ante o ano anterior, para US$ 244 milhões. Já a margem bruta foi de 8%, 17 pontos percentuais abaixo da registrada no mesmo período de 2021. A National Beef representa, atualmente, 43% da receita líquida total da Marfrig. Nos últimos três meses do ano, o volume total comercializado pela unidade de negócio foi de 559 mil toneladas, aumento de 7,6% na comparação interanual.

Do total, 487 mil toneladas foram destinadas ao mercado interno dos EUA, enquanto 72 mil toneladas foram para exportação. No acumulado de 2022, a receita líquida da Operação América do Norte foi de US$ 11,9 bilhões, uma expansão de 1,7% em relação ao ano anterior. Em razão do maior volume de vendas e maior preço médio de exportações (11,2% a mais do que em 2021), que compensaram o menor preço médio no mercado doméstico. O Ebitda ajustado atingiu US$ 1,3 bilhão e a margem Ebitda ajustada foi de 11,1%. No ano, o volume total de vendas da foi recorde, com 2,1 milhões de toneladas (+2,3% ante 2021). As vendas no mercado doméstico nos Estados Unidos representam 87% do total. Os principais mercados premium internacionais, como Japão e Coreia do Sul, foram destinos de aproximadamente 60% do volume de vendas. Até meados de 2022, o consumo de carne bovina e a oferta ajudaram no desempenho.

No fim do último ano, a demanda pela proteína no mercado doméstico caiu e as margens ficaram levemente mais baixas. A queda se deu em razão da pressão inflacionária. Para 2023, a empresa projeta margens melhores, com desempenho sólido. A Operação América do Sul, que engloba Brasil, Argentina, Uruguai e Chile, teve desempenho melhor no período. A receita líquida da unidade subiu 9,5%, para R$ 6,6 bilhões no quarto trimestre de 2022. O lucro bruto da operação somou R$ 928 milhões nos três últimos meses de 2022, alta de 67,6% na comparação com o quarto trimestre de 2021. O Ebitda alcançou R$ 529 milhões, com margem Ebitda de 8%. A operação representa 18% da receita líquida total da Marfrig, enquanto BRF abocanha 39%. O volume de vendas da foi de 377 mil toneladas, 10,7% maior na comparação anual. No acumulado do ano, a receita líquida da Operação América do Sul bateu novo recorde, chegando a R$ 27,6 bilhões, uma expansão de 22,6% sobre 2021.

O resultado é explicado pelo aumento de 14,2% no preço médio total de vendas e, principalmente, pelo incremento de 23,6% no preço médio, em dólares, das exportações. O Ebitda ajustado da operação alcançou R$ 2,3 bilhões, avanço de 157% em bases anuais. A margem Ebitda ajustada ficou em 8,4%, e o lucro bruto foi de R$ 3,7 bilhões, 93% maior na mesma base comparativa. As exportações representaram 64% da receita total da América do Sul, alta de 6% quando comparados ao desempenho de 2021, sendo que 75% das vendas internacionais tiveram como destino China e Hong Kong. A companhia possui 13 habilitações para a China, sendo 7 delas no Brasil, 2 na Argentina e 4 unidades no Uruguai. A companhia informou que a consolidação da BRF também propiciou o aumento do número e a maior diversificação dos mercados consumidores atendidos.

No atual cenário, os Estados Unidos aparecem como o maior mercado da Marfrig, com uma participação de 42% das receitas líquidas totais. Na sequência, estão o Brasil, com 22%, a China e Hong Kong, com 11%, o Oriente Médio, com 6%, e o Japão e a Europa, cada um com 4%. A aquisição do controle da BRF foi um movimento estratégico importantíssimo, que evidencia o olhar de longo prazo da empresa. O primeiro trimestre de resultados anuais é tradicionalmente mais fraco, e a tendência é de que o 1º trimestre de 2023 da Marfrig em relação às margens não seja melhor do que o 1º trimestre de 2022. Mas, em 2023 a demanda por carne bovina deve ser maior do que no último ciclo. O que deve fazer também com que indústrias operem com margens melhores. O preço da carne de frango no mercado doméstico dos Estados Unidos não têm tido impacto na demanda por carne bovina.

As cotações da proteína vermelha estão elevadas, mesmo após redução no fim do último ano. À frente, os preços não devem subir mais e tendem a ficar estáveis nos atuais patamares. Em relação às condições climáticas dos Estados Unidos, houve mais umidade em áreas produtoras nos últimos meses, após o longo período de seca, e a perspectiva é de que em 2024 o clima seja mais favorável, com a retomada do ciclo pecuário positivo em vista. A BRF e a Marfrig são empresas irmãs que têm capturado oportunidades de mercado juntas. Elas são melhores ficando debaixo do mesmo guarda-chuva, do mesmo controlador. O portfólio de produtos ficou mais completo. Entre as oportunidades da operação em sinergia, estão a melhoria comercial e a logística, que já têm dado bastante resultado. A BRF já teve uma boa recuperação de margens no 4º trimestre de 2022 em razão da melhora operacional da companhia.

Se não fosse a queda significativa no preço dos produtos para exportação, que não foi um problema só da BRF, o resultado seria ainda melhor. A Marfrig está confiante com os avanços da dona das marcas Sadia e Perdigão e destacou que, agora, a companhia está sendo administrada por um conselho que entende muito mais das operações. É uma grande oportunidade e um investimento de longo prazo, tanto para os acionistas da Marfrig, quanto para os da BRF. A Marfrig está preparada para o desafiador ano de 2023 e para a geração de caixa e de valor. Em relação ao pagamento de dividendos, a definição sobre a data e valor, neste ano, serão definidos conforme o desempenho dos negócios. Em relação ao capital de giro da companhia, a projeção é de avanços. Entre as mudanças que vão ajudar o desempenho da empresa estão a adoção de rotas mais curtas, mix de canais e a boa disponibilidade de navios. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.