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01/Mar/2023

“Carne” de frango em laboratório cultivada no País

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) isolaram células-tronco do tecido muscular do frango e as reproduziram em laboratório, gerando, em apenas duas semanas, um pequeno pedaço de carne muscular. Foram isoladas as chamadas ‘células satélites’, que nada mais são do que células-tronco presentes em todo músculo. O potencial dessas células foi explorado por meio do cultivo, oferecendo a elas os nutrientes necessários para sua proliferação. Todo o processo de “produção” da carne ocorre sem alteração genética das células. Os músculos se proliferam por meio de regeneração. O método desenvolvido baseia-se nessa lógica, ou seja, usando a capacidade natural das células musculares para gerar um novo tecido.

Como a produção de carne de frango ainda está em âmbito laboratorial, caso o estudo evolua para o cultivo de carne em larga escala para consumo, o processo terá que ser feito em biorreatores industriais. A participação dos pesquisadores do Cefet foi essencial para o estudo, porque desenvolveram o biomaterial que possibilita a proliferação das células musculares. Trata-se de um biomaterial cujo uso é inédito e que faz com que as células se reproduzam quando colocadas sobre ele. Sem o biomaterial desenvolvido no Cefet, as células musculares não crescem a ponto de formar carne em condições de cultura. Há alguns grupos que estão fazendo pesquisas parecidas ao redor do mundo para o cultivo de carne bovina, mas o estudo brasileiro está pesquisando a carne de frango. Apesar de considerada segura para a alimentação humana, a carne cultivada pelo grupo do ICB ainda deve demorar para estar disponível no mercado, visto que o consumo desse tipo de produto ainda não é regulamentado no Brasil.

Além do consumo, a tecnologia desenvolvida na UFMG pode ter outras aplicações, como a geração de tecido humano para enxertia e o uso para o teste de fármacos em animais. No primeiro caso, são necessárias amostras do tecido muscular do paciente que receberá o enxerto. A pesquisa de cultivo de carne de frango em laboratório é integralmente financiada pelo The Good Food Institute, organização internacional sem fins lucrativos que oferece apoio financeiro a estudos destinados à inovação do setor de proteínas alternativas. O investimento é da ordem de US$ 250 mil. A primeira carne feita em laboratório foi produzida na Inglaterra, em 2010, e custou cerca de US$ 330 mil. Esse tipo de estudo costuma ser caro, mas pode gerar vários tipos de benefícios para a sociedade. Fonte: Itatiaia. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.