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28/Fev/2023

Boi: casos de “vaca louca” no Brasil são atípicos

Popularmente conhecida como “doença da vaca louca” esse mal é uma doença degenerativa irreversível do sistema nervoso central que acomete bovinos. Aparentemente é causada pela multiplicação de proteínas chamadas príon. A origem do nome vem da união de duas palavras do inglês: protein (proteína) e infection (infecção). A identificação da doença foi fruto de pesquisas sobre uma enfermidade comum, até a década de 60 do século passado, que afligia a população na Papua Nova Guiné, conhecida como kuru. Os sintomas englobavam desde tremores até a degeneração do sistema nervoso. Nos rituais fúnebres das etnias que habitavam a ilha, o cérebro de pessoas doentes era consumido. A conclusão dos estudos se deu em 1982, com a publicação do médico neurologista estadunidense Stanley Prusiner, que em 1997 recebeu o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina. Além do kuru, a doença de Creutzfeldt-Jakob, a síndrome de Gerstmann-Straussler-Scheinker e a insônia familiar fatal são enfermidades que acometem humanos e que também são causadas por príons.

Estudos divulgados em setembro de 2001, pela Universidade de Edimburgo, Escócia, indicaram que a forma humana das encefalopatias espongiformes crescia 20% ao ano na Grã-Bretanha e cerca de 140 mil pessoas poderiam ter sido afetadas, no período anterior ao estudo. O tema desperta interesse não apenas pela característica singular de seu agente fortuito, mas também pela precaução quanto à transmissão da doença da "vaca louca" para humanos, por meio do consumo da carne de bovinos contaminados. O que não foi o caso das recentes ocorrências no Brasil. Em 2019, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) relatou a ocorrência de um caso de “vaca louca” atípica em Mato Grosso. Este caso ocorre geralmente em bovinos com idade avançada, velhos, que desenvolvem espontaneamente uma proteína “defeituosa” que afeta o sistema nervoso central. Vale ressaltar que a forma atípica não traz riscos de transmissão ao rebanho, tão pouco ao ser humano. O caso confirmado, na época, tratava-se de uma vaca de corte de 17 anos, que foi abatida e incinerada.

Uma vez que o protocolo celebrado entre China e Brasil determina que a exportação deve ser suspensa nesses casos, os embarques foram cancelados. Assim, a cotação da arroba do boi gordo caiu. Em 2021, aconteceu a mesma coisa e a exportação foi suspensa em setembro. O mercado sentiu e, novamente, a cotação caiu. Esses casos não modificaram a classificação brasileira de risco para a doença, que é insignificante. Desde a descoberta da doença, nenhum caso clássico foi registrado no Brasil. O caso clássico está associado à ingestão, por ruminantes, de proteínas de origem animal contaminadas. Situação que ocorreu no Reino Unido em 1980 e em 1990. A Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA) endossou o laudo brasileiro, confirmando que o caso não se tratava de uma zoonose e manteve a condição sanitária de baixo risco de transmissão da doença para consumo da carne bovina. Em junho de 2019, em virtude do auto embargo, a exportação para a China caiu 29,1% em volume. O desempenho foi de 21,3 mil toneladas de carne in natura, frente às 29,9 mil toneladas embarcadas em maio.

O faturamento foi de US$ 104,3 milhões, queda de 27,3%, na mesma comparação. A exportação foi retomada em julho, depois de 13 dias sem exportar. Em 2021, em setembro, outro episódio semelhante foi anunciado, os embarques, no entanto, foram mantidos, o que sustentou o desempenho da exportação durante o mês. Contudo, queda dramática foi observada em outubro (-92,7%) tendo sido embarcadas 8,2 mil toneladas, ante 111,9 mil toneladas em setembro. O cenário piorou em novembro, com o volume em queda livre. A exportação foi de 194,4 toneladas (-97,6% frente outubro), com faturamento de US$ 799,5 mil. Em dezembro, foi anunciada a retomada da exportação para os chineses, que aconteceu plenamente somente em janeiro de 2022. Em janeiro de 2023, o faturamento aumentou 47,1%, em relação a janeiro de 2022, alcançando US$ 483,3 milhões, com volume de 98,8 mil toneladas, aumento de 88,0%. Em 2021, a cotação da arroba do boi gordo, que vinha firme há meses, mudou de rumo. O preço, a prazo e livre de impostos, na praça pecuária de São Paulo, que em 31 de agosto estava em R$ 305,50 por arroba, atingiu R$258,00 por arroba, em 29 de outubro.

Entretanto, em 23 de novembro de 2021, a cotação finalmente encontrou um piso e reagiu, apesar de a China não ter retomado os embarques. A cotação subiu para R$ 310,50 por arroba, preço bruto e livre de impostos. O Mapa anunciou que adotou as providências cabíveis após a confirmação de um caso de EEB em uma pequena fazenda no sudeste do Pará. Foi notificado que o bovino (macho com 9 anos de idade) fora criado em pasto e não consumia ração. A Agência de Defesa Agropecuária do Estado confirmou que o resultado do exame laboratorial deu positivo. Com esse laudo, a exportação para a China foi suspensa temporariamente a partir de 23 de fevereiro. De acordo com o Mapa, após o comunicado feito à OMSA, as amostras foram enviadas para laboratório referência em Alberta, no Canadá. A confirmação de que se trata de um caso atípico é aguardada. A apuração epidemiológica está sendo prioridade e transparente e poderá ser continuada ou encerrada de acordo com o resultado da contraprova. A China é o principal destino da carne bovina in natura brasileira exportada. A retomada da exportação depende da liberação das autoridades chinesas. Fonte: Alcides Torres. Broadcast Agro.