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27/Fev/2023

Boi: setor espera rápida retomada de vendas à China

O Brasil deve conseguir retomar em breve as exportações de carne bovina para a China, o seu principal parceiro comercial, apesar de ainda não se ter uma previsão exata de quando. As exportações devem ser retomadas mais rapidamente do que foram em 2021, quando o embargo durou pouco mais de 100 dias. Caso contrário, a China pagará caro pela proteína mais à frente. No dia 23 de fevereiro, cumprindo protocolo sanitário assinado com a China, o Brasil suspendeu voluntariamente as exportações da proteína bovina para o gigante asiático, após a confirmação, em um bovino do Pará, de um caso de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), conhecida popularmente como "mal da vaca louca". A suspeita é de que se trate de um caso atípico, e não clássico, ou seja, a doença se desenvolveu naturalmente no bovino, em razão da idade avançada (9 anos), e não por fatores externos, como consumo de ração contaminada (aí seria um caso clássico, de maior risco e um desastre para a cadeia produtiva brasileira).

Até então, os casos mais recentes registrados no País foram em 2021, em Minas Gerais e Mato Grosso. Na ocasião, foi diagnosticada a variante atípica da doença, mas a China suspendeu as aquisições de carne bovina do Brasil por cerca de três meses, mesmo após todos os esclarecimentos pelas autoridades brasileiras. Desta forma, até que as questões todas sejam esclarecidas, a interrupção dos embarques deve continuar. Mas, os negócios devem se normalizar de forma rápida, uma vez que a China ainda tem uma forte necessidade de importar carne brasileira, em meio à oferta escassa da proteína no mundo, bem como pelo seu crescimento econômico. Embora a perspectiva seja de paralisação por um curto período, a conjuntura já começa a afetar o setor pecuário. Como consequência do bloqueio voluntário do Brasil, a negociação de boiadas gordas no mercado físico ficou totalmente travada na semana passada, com frigoríficos suspendendo as compras.

Além disso, se a paralisação durar mais, a carne destinada ao mercado externo será "desovada" internamente e, por consequência, o preço da carne pode cair, assim como o do boi gordo. O contraponto do auto embargo é que o consumo interno de carne bovina deve melhorar (pelo barateamento do preço). Mas, de todo modo, o cenário é ruim para a cadeia produtiva. Porém, é apenas uma questão de tempo até que as exportações à China voltem a fluir. O País deve perder pelo menos US$ 500 milhões por mês de suspensão dos embarques à China. Salienta-se que ainda não há nenhum prazo para que as vendas sejam retomadas, o que causa certo pânico. Mas, pelas características da doença no bovino do Pará, se trata de um caso atípico. Porém, o Brasil vai perder mercado enquanto isso. Em média, o País destina a carne de cerca de 520 mil bovinos por mês ao mercado chinês, com faturamento médio de US$ 670 milhões.

A comercialização de bovinos gordos no mercado físico foi praticamente zerada nos últimos dias. Desta forma, a tendência é de queda nos preços da arroba. Importante ressaltar que, diferente do que foi em 2021, quando o pecuarista lidava com elevados custos de produção com bovinos confinados e com a clara necessidade de comercializar os bois gordos e reduzir prejuízos, o cenário agora mudou e os produtores se encontram em uma situação mais confortável. Hoje há mais possibilidades de segurar o boi a pasto. A expectativa é de que as amostras do bovino com EEB enviadas para laboratório da Alberta, no Canadá, credenciado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), sejam brevemente avaliadas e se confirme que se trata de caso atípico da doença. Até lá, o mercado deve operar em meio a muitas incertezas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.